84% das meninas de 13 anos mudam o corpo com filtro em fotos, diz pesquisa
Depois de pegar o celular e se posicionar para focar no melhor ângulo, é hora do clique. A selfie está feita, mas, neste momento, começa um longo ritual de edições para levá-la ao patamar mais próximo da perfeição. Um ajuste no rosto aqui, um retoque no corpo ali. Minutos depois, caso seja alcançado, então o registro é postado. Entretanto, ao mínimo incômodo, ele jamais chegará ao feed das redes sociais. O processo descrito faz parte da vida de 84% das meninas brasileiras de 13 anos, revelou uma pesquisa inédita da marca Dove, cedida a Universa com exclusividade. Segundo o material, esta é a porcentagem de garotas que já usou algum tipo de filtro para modificar o corpo antes de clicar em "publicar".
A pesquisa ouviu mais de 500 meninas em cada um dos três países investigados: Brasil, Estados Unidos e Inglaterra. Em todos eles, os dados são alarmantes. A construção da autoestima não só está sofrendo pressão do universo dos filtros de distorção de imagem, como também ligada aos likes nas redes sociais.
89% das garotas afirmam publicar conteúdo para ter algum tipo de validação e uma em cada seis já deixou de ir à escola após receber comentários negativos on-line
Além disso, 78% delas tentam mudar ou ocultar pelo menos uma parte ou característica de seu corpo que não gostam antes de postar uma foto. Outros 35% dizem se sentir "menos bonitas" ao verem postagens de influenciadoras e celebridades nas redes sociais.
Falta de conexão com o mundo real
"Quando usava um filtro, me sentia feliz. Logo em seguida, ao me olhar no espelho, pensava: 'poxa, eu não sou assim'. E ficava triste na sequência", contou uma estudante de 12 anos, ouvida pela pesquisa, em um evento da marca fechado para a imprensa.
O processo foi apelidado pelos pesquisadores de "autodistorção digital": as meninas chegam a determinado resultado e, depois, se decepcionam ao notarem que não poderão alcançar a mesma aparência na vida real. E este é um golpe na autoconfiança.
Além disso, o estudo ainda aponta que, quanto maior o tempo usado na edição das imagens, pior é a autoestima da jovem em questão — 60% das que passam de 10 a 30 minutos editando as imagens dizem ter baixa autoestima. Elas ainda são mais propensas a desenvolver baixa autoestima corporal (50%) em comparação com aquelas que não mexem nos cliques (9%).
"Temos um impacto na pressão para as meninas atingirem algo perfeito, que não pode ser alcançado na vida real", Fernanda Gama, gerente de Dove no Brasil.
Caminho para a solução
"Lembro-me de ouvir que eu deveria mudar a cor da minha pele, mexer no meu cabelo, no meu corpo. É por isso que precisamos de representatividade. É muito importante se enxergar em alguém que você acha bonito", argumentou a cantora Lizzo, cantora e compositora norte-americana, durante outra mesa do evento.
Entre os mecanismos de defesa apontados por especialistas e pelas próprias entrevistadas está a representatividade. Segundo 70% das brasileiras ouvidas, a preocupação com a aparência seria menor, caso se sentissem representadas no meio digital. Outro ponto importante mencionado se relaciona com a cultura do elogio. Cerca de 75% delas gostariam que o mundo se concentrasse mais em quem elas são, em vez de em sua aparência.
O diálogo entre gerações também se mostrou um antídoto. Outra parte da pesquisa, desta vez focada em mulheres adultas, concluiu que 69% das mulheres adultas gostariam de ter sabido como construir autoestima quando eram mais jovens. Enquanto isso, 36% das adolescentes afirmam que os pais não entendem a intensidade do sofrimento causado pela pressão estética que vem das redes sociais.
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