"Sou desenvolvedora e criei uma rede social só para mulheres se ajudarem"
"Nascida e criada na periferia, desde mais nova, eu era muito inquieta e curiosa. Por isso, meus pais sempre me incentivaram a estudar e meu interesse pela tecnologia surgiu a partir dessa vontade de querer saber das coisas. Quando eu tinha quinze anos, meu pai, que era motorista de ônibus, comprou nosso primeiro computador e fez um curso de manutenção de computadores para poder atuar como técnico também.
Ele me ensinou o que aprendeu e eu comecei a trabalhar junto com ele ajudando a fazer as manutenções. Aos poucos, fui me interessando por esse universo, mas percebi que o que eu queria não era exatamente mexer com as peças e a parte física das máquinas e, sim, lidar com programas e softwares.
Aos 17 anos, entrei na faculdade pelo Fies para cursar Ciência da Computação e, desde então, sou apaixonada pela tecnologia. Nessa área, ser mulher ainda é um grande desafio. Passamos por situações de preconceito, de descrédito, somos cobradas duas vezes mais.
Muitas vezes, já me senti subestimada e, por isso mesmo, fui me desafiando a aumentar o meu nível de conhecimento e de técnicas. Estudo muito, luto para que minha capacidade não seja questionada e tento ser uma referência profissional. Sobretudo, para inspirar outras mulheres.
Criei uma rede social para mostrar que mulher pode ser o que quiser
Buscando crescer na minha área e ajudar outras mulheres a crescerem também, decidi criar uma plataforma de rede social só para elas. Era uma forma de aplacar minhas inquietudes e entregar valor para a sociedade. Assim, em abril deste ano, nasceu a Audaciosa.
A plataforma funciona de forma gratuita e podem participar mulheres cis e trans. Para postar algo, é necessário criar um cadastro e fazer login. Lá, há um controle de privacidade onde cada uma pode escolher se deseja compartilhar suas publicações de modo público ou privado.
Escolhi o nome "Audaciosa" porque sempre gostei dessa palavra e me considero uma mulher com tal característica. Apesar dos meus medos e inseguranças ao longo da vida, sempre arrisquei, fui em frente e não tenho medo de tentar. Com a escolha desse nome, quero despertar isso em outras mulheres. A audácia de correr atrás dos seus objetivos, de acreditar em si mesmas, de ser o que quiserem.
Espero que essa comunidade online funcione como um trampolim para as mulheres. A ideia é que elas possam trocar experiências, se unirem, se verem como parceiras e crescerem juntas como pessoas, profissionais, empreendedoras.
Que seja um espaço para aparecerem, mostrarem seus talentos, promoverem seus produtos e serviços, compartilharem dicas, vagas, cursos e construírem relacionamentos. Assim, teremos oportunidades de negócios, mas também formaremos uma grande rede de apoio.
É uma rede social para mulheres feita por mulheres
Para materializar essa ideia de apoio mútuo, inclusive, toco o projeto da rede social junto com minha irmã, Emilly Kamile, que tem 19 anos. Ela atualmente cursa a faculdade de Análise de Sistemas e também é desenvolvedora. Assim como meu pai me influenciou a gostar de tecnologia, eu a incentivei a seguir nessa área. Hoje, ela é minha sócia e trabalha comigo nessa iniciativa.
Além disso, convidei um time de embaixadoras para conhecer e promover a plataforma. Odja Vieira, Shirleide da Silva, Simone Amorim, Rafaela Odara, Dandara Veríssimo, Tathiane Nascimento, Geysa Priscila, Beatriz Morais e Anny Gabrielly não são famosas, mas são mulheres que conheço, admiro e com histórias de vida que inspiram e refletem audácia, como pede o nome da plataforma.
Elas vão produzir conteúdo para atrair mulheres para a nossa rede. Hoje, em apenas menos de um mês de existência, já temos quase 200 mulheres juntas na plataforma, buscando mostrar suas capacidades, contagiar e encorajar umas às outras. Os nossos próximos passos são desenvolver um aplicativo e disponibilizar dentro da plataforma uma loja virtual.
Com tudo isso, espero que a rede possa ajudar a questionar uma ideia muito enraizada na sociedade de que nós mulheres somos concorrentes e devemos competir entre a gente. Sabe aquela coisa de uma sobe e puxa a outra? É assim que vejo o potencial da plataforma. Com mulheres se ajudando entre si, como uma vela que acende a outra e as duas permanecem acesas."
Elaine Manoelle é desenvolvedora de software, tem 28 anos e mora em Recife - Pernambuco.
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