Após críticas a Willow Smith, adeptas do poliamor defendem: "Não é só sexo"
"Em vez de chamar de adultério, estão chamando de poliamor". "Não, traição é traição". "É uma desculpa para quem não quer se comprometer". "Promiscuidade". Depois que a cantora e atriz Willow Smith revelou no programa Red Table Talk que vive uma jornada poliamorosa, pipocaram comentários como esses nas redes sociais da atração, que é apresentada por ela, a mãe, Jada Pinkett Smith, e a avó, Adrienne Banfield-Norris.
"Com o poliamor, sinto que a base principal é ter a liberdade para criar uma forma de relacionamento que funciona para você, e não apenas entrar numa relação monogâmica porque todos dizem que é a coisa certa a se fazer", explicou a atriz durante a conversa, transmitida pelo Facebook.
Willow não voltou à página do Instagram para responder as mensagens deixadas pelos seguidores mas, para Universa, três mulheres poliamorosas rebatem os estereótipos e tabus, principalmente os de que "quem é poliamoroso transa com todo mundo", que cercam a possibilidade de ter dois ou mais relacionamentos ao mesmo tempo. Abaixo, trecho de Red Table Talk com legenda em inglês:
Poliamor: mulheres falam sobre experiência de relacionamento
O poliamor é uma forma de se relacionar, afetiva e sexualmente, com dois ou mais parceiros ao mesmo tempo, com o consentimento de todos os envolvidos. Não é orientação sexual ou identidade de gênero, mas representa um conceito oposto à monogamia, e isso pode levantar muitos julgamentos sobre as escolhas de alguém.
É o que analisa a trancista Agatha Mikaely da Silva, de Brasília, que está em um relacionamento com o marido, Neemias Silva Damasceno, há três anos. Agatha tem uma namorada que, por sua vez, é casada com outro parceiro. O casal Agatha e Neemias mantém um perfil no Instagram, o @casalpolly, para falar sobre o tema e ajudar os seguidores a terem "um relacionamento fora dos padrões".
"Fora da minha família, tem gente que acha que é putaria. Mas não me importo com a opinião dos outros, não, senão ficaria louca", explica, em entrevista para Universa, destacando que enfrenta preconceitos não só por essa vivência amorosa. "Sou mulher, negra, bissexual e poliamorosa. São muitos estereótipos que podem colocar em mim."
Ela conta que desde que começou a se relacionar amorosamente, nunca foi monogâmica. E desmistifica a ideia de que ter mais de um parceiro é sexo 24 horas por dia. "As pessoas são diferentes, e sempre vai ter alguém que tem esse lado e alguém que quer mais o afeto. No meu caso, que sou bissexual, as mulheres acabam querendo dividir mais o dia, conversar, mandar mensagem o dia todo".
Willow, inclusive, disse que é a única poliamorosa no grupo de amigos, no entanto, a que transa menos. Para a empreendedora de loja virtual Natasha Fernandes pensar o contrário também é uma forma de preconceito e de desconhecimento sobre a vida de quem não é monogâmico. "Poliamor é um relacionamento como qualquer outro. E, pensa comigo: se às vezes já é difícil duas pessoas sentirem vontade de transar ao mesmo tempo, imagina a conexão acontecer entre três?".
Natasha, que é de Fortaleza, está há quase quatro anos com dois parceiros: Yuri Rabelo e Demetro Gomes. O trio tem um perfil, o @3eponto, para dividir informações sobre a forma com que se relacionam. Ela conta que a formação do trisal aconteceu antes mesmo de eles saberem que existia o termo "poliamoroso" para explicá-la.
"Geralmente, a gente fica preso ao tabu que a sociedade impõe na monogamia, de que é possível ter apenas um amor. Mas, para nós, foi bem natural: eu e Demétro fomos o casal inicial, e me senti à vontade para falar com ele sobre o Yuri. Eles, aliás, já tinham namorado".
"Não é só sobre beijar três bocas ou mais"
Para Natasha, reduzir a experiência poliamorosa a sexo é desconhecer como funciona o tipo de relacionamento. "É muito além do sexo, do que beijar três bocas ou mais. Temos uma relação de afeto. Mas se for uma opção [de ser só sexo], a pessoa pode fazer o que quiser. Poliamor é isso, uma liberdade relacionada propriamente ao amor e aos sentimentos e que tem regras entre os parceiros."
Tipos de relacionamento poliamoroso
Como qualquer relação, em hipótese, a chave para se manter o poliamor é o diálogo. É com ele, inclusive, que se definem as regras entre os parceiros, se discute os obstáculos, como o ciúme que pode surgir no início da relação, e o formato do relacionamento.
"Para mim, poliamor é a liberdade de se permitir amar mais uma pessoa", comenta Sanny Rodrigues, que forma um trisal ao lado do marido Diego e da esposa Karina, e já deu relato sobre o tema para a seção Minha História, de Universa. "E é claro que pode haver traição. Porque existem relacionamentos poliamorosos abertos e fechados, como o meu. Há ainda o trisal em triângulo, onde todos se relacionam, em V, em que uma pessoa se relaciona com as duas ou mais, e o poliamoroso livre".
Coisa para jovem ou modinha, como alguns dos comentários direcionados a Willow diziam? Sanny defende que não. "Nossa geração está se sentindo mais livre para falar, mas temos seguidores no Instagram (o @amordetrisal) com 40, 60 anos. Inclusive, participam do Tinder de trisal que fazemos por lá".
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