Irmão de réu afirma que Manvailer "errou, mas não matou" Tatiane Spitzner
O quarto dia de julgamento de Luís Felipe Manvailer avançou com o depoimento de mais quatro testemunhas durante toda a sexta-feira (7). O aumento no ritmo dos trabalhos, por enquanto, não deve alterar a previsão de conclusão do júri somente no domingo (9).
O irmão do réu, André Manvailer, foi a última testemunha a ser ouvida presencialmente. Ele falou como era a rotina do irmão com a família e a convivência com Tatiane Spitzner. André negou que soubesse de alguma violência vinda de Luís Felipe e garantiu que se soubesse iria intervir.
Ele trouxe ao plenário a frase já dita pela defesa do réu de que Manvailer "errou, mas não matou". André considera o episódio como uma tragédia, que destruiu as duas famílias. Para ele, Tatiane foi fazer uma chantagem que não deu certo.
O depoimento mais esperado do dia foi de Antonio Marcos Machado, que mora em frente ao prédio do casal. No dia do crime, o vizinho estava sozinho em casa e foi para o lado de fora da residência para fumar. Ele relatou que ouviu algumas vozes e viu uma moça com uma perna e o peito para fora da sacada. Antonio pensou que se tratava de uma encenação durante uma briga de casal e não achou que tinha risco de Tatiane cair ou ser jogada.
Quando entrou em casa, aproximadamente oito minutos depois, ouviu um barulho, que considerou ser a queda de Tatiane e viu Manvailer sair correndo em direção ao corpo. Em seguida, o vizinho ligou para os bombeiros para solicitar ajuda. Ele relata que chegou a pedir que o acusado não mexesse no corpo e que apenas lembra que Manvailer falou alguma frase como a palavra "fez".
Em depoimento logo após o crime, Antonio havia dito que o biólogo teria perguntando "O que que você fez?" olhando para o corpo. Mas durante o julgamento de hoje ele mudou a versão e contou que não recordava da fala.
Para o advogado da família de Tatiane, Gustavo Scandelari, o vizinho reforçou o que outras testemunhas já falaram. "Ele deu detalhes a mais e contou que ela mesmo colocou uma perna para fora da sacada e depois voltou para dentro do apartamento antes de morrer. A testemunha falou que Manvailer fez sinal de arrependimento, o que é compatível com outros depoimentos", avalia.
Já um dos advogados do réu, Adriano Bretas, afirma que o depoimento contribuiu para a tese de que foi um acidente. "Foi um depoimento firme, de uma pessoa isenta. A defesa vem de forma humilde esclarecer a verdade e amadurecer a tese de que se tratou de uma estratégia da vítima, que resultou em um acidente", diz.
Outros depoimentos do dia
Mais cedo, uma das primeiras pessoas a chegar no local da morte se retratou e mudou a versão do caso. O investigador da Polícia Civil Leandro Dobrychtop disse que Tatiane pode não ter sido vítima de feminicídio, já que não foi possível concluir a causa da morte. Esta é a segunda testemunha que põe em dúvida a forma como Tatiane Spitzner morreu. Na quarta-feira (5), o médico legista que fez a necropsia do corpo da vítima falou que ela provavelmente caiu viva. As versões contrapõem o que vem afirmando o Ministério Público do Paraná, desde a denúncia de Manvailer. Os promotores sustentam que o marido asfixiou Tatiane até a morte, antes de jogar o corpo do 4º andar do apartamento em que moravam.
O policial militar Newton Albach também foi ouvido nesta tarde de sexta-feira e reforçou que não constatou feminicídio durante o atendimento realizado.
Desde o início do júri, na última terça-feira (04), onze pessoas já falaram perante os jurados. Os próximos passos são a exibição de vídeos de duas testemunhas que não puderam comparecer no julgamento e também os depoimentos de dois assistentes técnicos. As demais testemunhas previstas foram dispensadas pela defesa.
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