Mulher repreendida por usar biquíni no DF vai à Justiça por danos morais
Patrícia Nogueira, que foi repreendida por um segurança em Brasília ao usar a parte de cima do biquíni enquanto pedalava de bicicleta, entrou hoje na Justiça pedindo condenação por danos morais contra a empresa Emsa Empresa Sul Americana de Montagens, responsável por administrar o Pontão do Lago Sul, na orla do Lago Paranoá.
Foi lá que a servidora pública foi abordada por um segurança que afirmou que ela não poderia usar a roupa de banho, por mais que o espaço, que é público, não possua regras específicas proibindo o traje. Além disso, no mesmo momento, um homem passava sem camisa pelo local, o que, segundo o mesmo segurança, não seria um problema.
Uma audiência de conciliação foi marcada para o dia 6 de julho pela Justiça do DF. Procurada pelo UOL, a administração do Pontão do Lago Sul, por meio de assessoria, disse que "não foi notificada até o momento".
A ação
Patrícia Nogueira faz três pedidos na ação indenizatória por danos morais: retratação formal da empresa sobre o ocorrido, reformulação das práticas internas do Pontão do Lago Sul, e a doação de R$ 3 mil em cestas básicas para uma Organização Não Governamental (ONG) que apoie mulheres vítimas de violência no DF.
Quase uma semana após o episódio, Patrícia disse ao UOL que não foi fácil fazer a denúncia e comentou a repercussão que o caso vem tendo.
"Para mim não foi fácil [passar por isso] pela exposição que tive e pelos comentários que me desqualificam, deturpam minha intenção naquele momento e deturpam minha postura", declarou ela, afirmando que foi respeitosa com o segurança durante a gravação do vídeo.
A servidora pública espera que a empresa reflita sobre o tratamento que às mulheres possam estar recebendo no espaço administrado e faz um chamado para a reflexão sobre o machismo estrutural.
"O machismo está tão disseminado nas nossas vidas e instituições que, por vezes, não percebemos a sua presença", afirmou.
Ela também deseja que, caso consiga a indenização, ela possa ajudar "alguma mãe de família, alguma mulher que sofre de violência doméstica", através de uma ONG que será escolhida para concretizar o apoio.
Relembre o caso
O episódio ganhou repercussão no último fim de semana, quando Patrícia denunciou na mídia e disponibilizou vídeo do momento em que foi abordada por um vigilante do estabelecimento por supostamente estar infringindo uma regra do local ao usar a parte de cima do biquíni com shorts enquanto pedalava de bicicleta.
Na gravação, Patrícia questiona o porquê das mulheres não poderem usar biquíni ao se exercitarem, enquanto homens se exercitam sem camisa normalmente.
Em outro momento, o vigilante afirma que no espaço não pode usar traje de banho, mas homem "ficar sem camisa não tem problema, não".
Patrícia chegou a afirmar para diferentes veículos de comunicação que se sentiu constrangida ao ser abordada.
A empresa se pronunciou sobre o caso. "O Pontão esclarece que não compactua com tal situação e repudia toda e qualquer tipo de discriminação, seja ela de que natureza for", disse em nota encaminhada para a imprensa e obtida pelo UOL hoje.
A empresa também afirmou que "não foram repassadas tais regras ao chefe da vigilância" e informou que o vigilante e a empresa terceirizada foram notificados sobre o fato.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.