Mau hálito, ficha na polícia: elas contam quais foram seus piores dates
Marcelle se viu obrigada a beijar um cara com mau hálito, Cristiane descobriu que o crush tinha ficha criminal. Como ninguém está livre de passar um encontro amoroso desagradável, cerca de 80 mil pessoas preferiram dividir essas experiências para rir e ser consoladas em um grupo no Facebook chamado "Date Ruim", no qual mulheres e homens contam suas experiências ao longo da vida amorosa.
A reportagem de Universa passou mais dias lendo as histórias de pessoas que postaram seus dates e convidou quatro mulheres para expor alguns deles aqui.
"Quem vê os olhos verdes, não vê bafo"
"O date aconteceu no auge do Tinder. Estava me descobrindo depois de namorar sete anos e comecei a conversar com uns sujeitos. Me deparei com a foto de um olho. Sou louca por olhos e mãos, então, nem preciso dizer que aqueles belos olhos verdes me chamaram atenção. Nem me importei com as outras fotos — aliás, não tinha. Era apenas a do olho mesmo. Demos match.
Ficamos conversando um pouco e marcamos de sair depois de algum tempo. Quando abri a porta do carro, a primeira surpresa: ele realmente tinha olhos bonitos. Mas só. Era um rapaz bem esquisito. Só que isso nem era o pior. Logo que entrei, senti um cheiro ruim no carro e até pensei que era meu. Mas as janelas estavam abertas. Ele fechou quando parou o veículo e o cheiro ficou ainda pior.
A conversa não era das melhores. Quando eu falava algo, ele dizia que não gostava e por aí vai. Estava quase dormindo (mesmo tentando buscar algo de bom naquela alma). Até que chegou na rua do prédio em que eu morava e fui me despedir. Ele se aproximou de mim e perguntou se eu não ia dar um beijo de obrigada. Foi nessa hora que passei mal.
A boca dele parecia uma tumba e axila era como as glândulas anais de um gambá. Não sei se era possível, mas achei que o IML do Rio tinha mudado de endereço e se situava entre aquela arcada dentária.
Me esquivei, disse que não tinha escovado meus dentes e que não seria um bom beijo. Só que olha pra quem eu fui dizer que não escovei os dentes. Ele tinha travado as portas e meu desespero bateu.
Depois de inúmeras tentativas, dei um beijo, consegui sair e fui para minha casa tomar banho de arruda e espada de São Jorge. Dei aquele block e me senti livre. De manhã, eu acordei com o bom dia dele e surtei. Era de outro número e ele agindo como se nada tivesse acontecido. Foram dois meses nisso, até eu ser assaltada e perder de vez o meu número e ele nunca mais me achar"
Marcelle Baptista, 29 anos, do Rio Grande do Sul
"Quem é Patrícia?"
"Estava na casa dos meus pais e recebi uma notificação do aplicativo. Eu não sou a que corre para ver mensagem na hora. Eu fui ver só à noite e a gente começou uma conversa agradável. Depois trocamos os números e a conversa fluiu para o WhatsApp. No dia seguinte, já tinha uma mensagem dele falando que estava meio para baixo e deu um bom dia. Até aí achei ok, as pessoas ficam meio tristes mesmo.
Começamos a falar de música e ele falou que gostava de punk rock e eu falei que preferia outros estilos musicais. Do nada, ele começou a falar de uma Patrícia, dizendo como se eu a conhecesse e a sensação que eu tinha é que ele estava bem doido.
Ele começou a contar a história por cima e perguntei o que tinha acontecido e, do nada, ele pediu uma foto minha. Eu falei não. A conversa estava muito desconexa e eu pensei que ele tinha usado até alguma substância.
Não parava de falar da Patrícia e quando perguntei 'vocês estão juntos?', ele soltou: 'Até hoje'. Depois, para consertar, disse 'até o ano passado'. Eu bloqueei e nunca mais quis saber dessa conversa."
Gisele Fraga, 48 anos, Rio de Janeiro
"Era golpe e cilada (literalmente)"
"Eu conheci ele pelo aplicativo e a gente começou a conversar pelo WhatsApp. Tínhamos vários assuntos em comum. Era fim do ano e ele até me convidou para passar o ano novo com ele e, na época, recusei. Depois voltei atrás, falei que queria ir e ele me 'desconvidou'.
Quando ele voltou, a gente marcou um date e fui encontrá-lo. Ele era um cara bem bonito e apresentável. Começamos a nos relacionar e ele me disse que era advogado. O sexo era bom e o homem se mostrava bem atencioso e até levei ele para o meu apartamento.
No início, eu não nem reparei, mas ele vivia com o nariz entupido e mexendo sempre. E aí quando combinávamos de sair, ele sumia por uns dois ou três dias. Comecei a achar estranho isso. Como tinha o nome dele, eu fui procurar no site da OAB, ele não estava inscrito lá e vi que tinha vários processos no nome dele.
Pensei que poderia ser justamente porque ele era advogado, mas entrei no site do JUSBrasil e comecei a ler algumas coisas. Descobri que ele tinha sido preso na década de 90 e vi que ele era realmente advogado. Mas quando você recebe uma pena maior que quatro anos, você perde a carteira da ordem.
Foi aí que liguei as coisas. E o pior: ele foi condenado a 14 anos por um crime de sequestro. Depois, eu e minha amiga fomos achando mais coisas e tinha crimes por tráfico e criação de centrais telefônicas. Depois disso, nunca mais o vi e me afastei. No mesmo ano, um mês depois, ele foi preso e está na cadeia até hoje.
Eu aprendi e vi que não sabemos quem é a pessoa de verdade. Hoje, sempre peço rede social, pego nome completo e pesquiso tudo." Cristiane Gastão, 44 anos, São Paulo
"Comida para família inteira"
"Eu comecei a sair com um homem que não era muito bonito, mas que era bem atencioso comigo. Acho que minha família me achava velha e quis me empurrar para cima dele.
Ele começou a ir sempre lá em casa e comer diariamente. Era todas as refeições: café da manhã, almoço e jantar. Uma compra que durava um mês passou a durar 15 dias. Ele ainda trazia a família inteira para comer também. E eu não estava acostumada com isso.
Eu sou fumante e comecei a esconder as caixas de cigarros. E quando ia procurar não achava e tinha sumido. As coisas da minha filha, comecei a esconder também, porque acaba tudo muito rápido.
Eu sentei com ele, conversei e pedi para ele conversar com a família dele. E quando decidi dar um fim nisso tudo, invadiram minha casa e roubaram um botijão de gás e um esmalte. Tinham tudo para roubar e levaram só isso.
Por mais que não tenho provas que tenha sido ele, só ele e a família sabiam como abrir o portão e como entrar em casa. Hoje, eu brinco, mas na hora eu fiquei bem brava." Adriana*, Rio de Janeiro
*Nome trocado a pedido da fonte
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