Como Bruna Marquezine: por que desconfiamos de relacionamento sem sofrência
Por mais que o "felizes para sempre" esteja presente no nosso imaginário, para algumas pessoas viver um "amor tranquilo", sem sobressaltos ou conflitos, é sinônimo de tédio. Em entrevista para a revista "Elle", Bruna Marquezine, 25, que está namorado o empresário Enzo Celulari, 24, filho de Cláudia Raia e Edson Celulari, revelou que tinha essa percepção nos relacionamentos amorosos — e que precisou se empenhar, fazendo terapia, para enfrentá-la.
"Foram muitas sessões de terapia para me acostumar com a paz de ter um relacionamento tranquilo. Às vezes, eu confundia isso com quase um tédio. Ficava em um estado de alerta. E aí? O que tá por vir? Não tem alguma coisa errada? Não está faltando um sentimento?", disse a atriz para a publicação.
O sentimento de que "alguma coisa negativa vai acontecer", dizem as psicólogas especialistas em relacionamento e casais ouvidas por Universa, e a dificuldade de se ter uma parceria pacífica podem estar associados a emoções mais profundas. Insegurança, dificuldade de confiar no outro e até a percepção de que não merece ter um relacionamento saudável podem fazer parte desse pacote.
Por que, então, é tão difícil superar esses obstáculos e quais são as ciladas que impedem a construção de um "amor tranquilo"?
Como identificar um relacionamento "tranquilo"
Para a "Elle", Bruna Marquezine comentou que sempre gostou de viver com "intensidade" os relacionamentos amorosos. Um deles, com o jogador de futebol Neymar Jr., se tornou bastante público: ao longo dos anos, os famosos ficaram conhecidos pelo namoro "iô-iô".
Agora ao lado de Enzo Celulari, a atriz afirmou que tem um amor que "desconstrói a ideia de que tem que ser pelo conflito". "É muito potente viver dentro de um relacionamento de respeito, de admiração, de tranquilidade. Sua declaração gerou identificação em algumas mulheres no Twitter:
Para a psicóloga e terapeuta sexual Arlete Girello Gavranic, o receio de se entregar a uma relação tranquila — que Marquezine classifica como de respeito e admiração — não vem do nada. Ele pode estar ligado a relacionamentos passados em que as experiências se baseavam em incertezas.
A pessoa desenvolve, então, um padrão de comportamento. Se era ligado ao ciúme, fica se perguntando se o outro está traindo, quer saber por que não ligou ou respondeu à mensagem. Vejo que mulheres e homens têm essa reação principalmente se já foram traídos ou viveram perto de pessoas que sofreram com traição.
O desgaste, inclusive com términos frequentes, desperta a dificuldade de confiar em um parceiro seguinte. É nesse momento que, de acordo com a especialista, cabe avaliar o quão tóxicas, violentas ou manipuladoras foram as relações anteriores a ponto de minar a autoconfiança de se abrir para um novo amor saudável.
"De fato, algumas pessoas gostam da briga, inclusive porque se acostumaram com o prazer de fazer as pazes. Então, tudo vira um drama, uma novela mexicana", pontua. "Mas, é só vermos mais de perto para entender o sofrimento da pessoa, que só consegue ver as questões negativas no outro relacionamento. Por isso é tão importante o equilíbrio emocional."
"É preciso repensar a lógica de que amar é sofrer"
A psicóloga especialista em estratégias da família Elisangela Pereira de Lacerda, que também atende casais no consultório, analisa que, assim como Bruna Marquezine foi à terapia para entender a conduta que tomava ao se relacionar amorosamente, é preciso que as pessoas que "não conseguem ter um amor tranquilo" reflitam sobre o que é saudável para si.
Para ela, um dos pressupostos é que os envolvidos consigam entender as discordâncias com respeito, sem palavras agressivas ou rupturas impulsivas. "Se a pessoa não consegue perceber isso, é capaz que fique presa naquela vivência, inclusive achando que não merece ter momentos felizes".
Repensar a lógica do "amar é sofrer", diz a psicóloga, pode ajudar neste processo de reconstrução e descoberta das possibilidades de amar com leveza.
As novelas, as músicas de sofrência normalizam isso. Mas, nem tudo que é normal é saudável. Por isso, é importante que a pessoa se pergunte se está feliz vivendo sempre em uma trincheira de emoções. 'Será que estou conseguindo crescer, trabalhar, ter boas relações vivendo uma semana bem e três ruins com o parceiro? Por que não buscar a calmaria?'.
Terapia ajuda a mapear emoções
A psicóloga Arlete Girello Gavranic comenta que, por mais que a pessoa consiga fazer autoanálise sobre como lidar com a vida amorosa, psicólogos podem ajudar nesta descoberta.
"Ali, a pessoa pode elencar os pensamentos que tem, se é focado nesse medo da traição, se valoriza mais os outros do que a si mesma. Como tem algumas que deixam de acreditar que o amor pode ser uma coisa gostosa, de troca, parceria, pode afetar outras relações. Por isso, é importante deixar claro que o relacionamento afetivo deve vir para agregar prazer e envolver excitação, não tensão."
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