Fofoca edifica? Para esses casais, falar da vida alheia melhora a relação
Era para ser uma declaração de amor, mas o casal Mariana Uhlmann e Felipe Simas virou meme depois de um post em que a influencer conta que levou uma bronca do ator por "fofocar". Um dia, conversando sobre a vida alheia com o parcerio, ela foi interrompida e questionada: "Isso que você vai me contar vai edificar a minha vida? Edificou a sua? Da nossa família?"
A publicação em que Mariana revelou a história já tem quase 70 mil likes no Instagram. No Twitter, o post virou motivo de piada e tem muito casal indignado com a postura de Simas. Se a intenção era impedir que fofocas fizessem parte do relacionamento dos dois, parece que o tiro saiu pela culatra: agora a vida dos dois virou fofoca.
Para a psicóloga Gabriela Menezes, falar sobre a vida alheia é importante para a edificação do relacionamento de um casal. "Na verdade, não só a fofoca, mas a conversa em si é importante. Vivemos em um momento que precisamos falar sobre outras coisas, e alívio cômico é uma boa saída para manter a saúde mental em dia. O que é a fofoca? É uma conversa sobre alguém, sobre algo que aconteceu", explica.
Universa conversou com casais que fofocam entre si e, ao contrário de Filipe e Mariana, não têm pudor em assumir que falam da vida alheia.
"Apenas gostamos de nos manter bem informados"
"Eu e o Rubens estamos juntos há 10 meses. Ele, assim como eu, tem fama de ser fofoqueiro. Nos conhecemos já sabendo disso. Como não moramos perto, passamos o dia conversando pelo WhatsApp e compartilhando notícias um com o outro. Claro que também gostamos de conversar bastante sobre a vida.
Como a gente conhece o ciclo de amizades um do outro, no meio do dia, sempre tem um: 'Você não sabe o que aconteceu com a fulana...'. Aí mandamos prints de conversa, stories, etc. Com a pandemia, não estamos fazendo nada, a nossa vida é passar tempo na internet, ler sobre famosos, repercutir assuntos. Às vezes divergimos de algumas coisas e, quase sempre isso vira discussão, mas nunca tivemos uma briga séria por fofoca.
Esses momentos fortalecem o companheirismo e a amizade do casal
Não temos vergonha de assumir que gostamos de fofoca. Na verdade eu digo que a gente gosta de se manter bem informado. Se um amigo conta algum segredo e pede para que não compartilhemos com o parceiro, aí mantemos só para nós. Na verdade, minhas amigas sabem que eu conto tudo para ele, então já falam o que eu posso ou não comentar.
Acho que fofoca edifica o relacionamento sim. Por exemplo, se estamos conversando de um fato que aconteceu, um dá a própria opinião sobre o assunto, se gostou ou não, se discorda ou concorda, e assim a gente acaba se conhecendo melhor. Vamos construindo nossa história a partir disso."
Ana Mendes, 26, estagiária, e Rubens de Carvalho, 27, assistente de compras
"Nosso namoro já começou com uma fofoca"
"Estamos juntas há 11 anos. De lá para cá, muita fofoca já passou. Inclusive, quando começamos a namorar, inventaram uma história de que estávamos juntas por interesse; diziam que, como a Sandra é mais velha, eu só queria ficar com ela por dinheiro.
Eu gosto de dizer que somos 'comentaristas' do cotidiano alheio. A gente faz fofoca entre a gente, não é que saímos por aí espalhando coisas e fazendo intrigas. Moramos em uma rua movimentada de Santo André, onde todo mundo passa, nosso maior passatempo é ficar observando as pessoas do lado de fora. A Breja, cachorra da família, também faz a mesma coisa. Aqui em casa até o bicho de estimação é fofoqueiro.
Agora, com as redes sociais, passamos muito tempo espiando a vida alheia. Gostamos de pegar 'as mentiras' dos outros. Gente que posta foto de comida que não comeu, lugar que nunca visitou. Nosso hobby mais recente tem sido acompanhar as fotos de pessoas que estão viajando para se vacinar. Nunca vi tanta gente indo para o México. Esse tipo de coisa nos faz rir e é um elo entre o casal, uma atividade nossa. Às vezes inventamos histórias vida alheia por pura diversão, não importa se é verdade ou não, só pela piada.
Apesar de as pessoas associarem a fofoca a algo negativo, nem sempre é. Nem sempre uma fofoca é para o mal do outro, para falar mal de terceiros. É um entretenimento. Como estamos isoladas desde o começo da pandemia, passamos o final de semana em casa, conversando, bebendo cerveja e trocando ideia uma com a outra. Se não fofocarmos, o que mais temos para fazer? Em um momento como esse é importante dar risada"
Crica Campos, 30, artesã têxtil, e Sandra Campello, 50, jornalista
"Meu namorado é mais fofoqueiro do que eu"
"Eu e meu namorado adoramos fofocar. Estamos há quase 2 anos juntos. Assim como a maioria dos casais, estamos sempre conversando, seja sobre a vida de pessoas famosas ou de conhecidos que fazem parte do nosso convívio. De vez em quando temos algumas opiniões que divergem, mas nunca tivemos uma briga feia por isso.
João é mais fofoqueiro. Ele sempre está acompanhando canais de notícias, páginas do Instagram de famosos. Várias vezes em que fui contar uma novidade, ele já sabia. Nossos amigos sabem que a gente gosta de fofocar, apesar de sermos quietinhos. O João, inclusive, é uma pessoa introspectiva e tímida, mas quando é para falar sobre alguma polêmica, ele está sempre pronto.
Nosso assunto favorito é comentar o relacionamento de pessoas não brancas que namoram brancos, a famosa 'palmitagem'. Essa é uma fofoca que sempre rende discussão entre nós dois: cada um tem uma opinião, nunca mudamos, porém continuamos falando sobre.
A fofoca fortalece nosso namoro, porque é óbvio que discutimos assuntos sérios, mas comentar da vida alheia é descontração. Algo íntimo que dá mais confiança no parceiro.
Thaís Guimarães, 24, analista de processos, e João Henrique, 24, formado em administração
Nem todo mundo se edifica na fofoca
Vale lembrar que, tal como Felipe Simas, nem todo mundo é fã de "manter-se informado sobre a vida alheia". Se esse for o seu caso ou o caso do seu parceiro, a psicóloga Gabriela Menezes lembra: "É preciso respeitar a vontade do outro. Assim como tem gente que gosta, tem quem não liga ou simplesmente acredita que ouvir algo sobre outra pessoa, seja desnecessário".
Para os fofoqueiros de plantão, Gabriela orienta: "Conversar nunca faz mal, pelo contrário. Relacionamentos tendem a ser melhores se existir conversas que podem conter fofocas. Basta não prejudicar a terceiros".
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