Como Natuza Nery, relembre 5 apresentadoras que rebateram o machismo na TV
Na última sexta-feira (28), a jornalista da GloboNews Natuza Nery foi interrompida diversas vezes pelo senador Marcos Rogério (DEM-RO) durante entrevista ao "Estúdio i". Depois de não conseguir concluir sua fala pelo menos três vezes, Natuza disse ao parlamentar: "O senhor vai me deixar concluir ou vai fazer comigo o que faz com as senadoras mulheres na CPI? Eu vou concluir, aí o senhor rebate do jeito que o senhor quiser."
Ao reagir à prática conhecida como manterrupting — quando homens interrompem o que mulheres estão falando — a jornalista citou os episódios de machismo que as senadoras têm sofrido durante a CPI da Covid, que acontece desde o início de maio no Senado.
Essa não é a primeira vez que uma jornalista se vê obrigada a dar um chega para lá no machismo ao vivo na televisão. Nos últimos anos, elas tiveram que, literalmente, brigar pelo espaço de fala e rebater falas violentas — Gabriela Prioli e Fátima Bernardes estão inclusas na lista.
Leia nosso guia com dicas para ter um debate sem machismo e relembre episódios em que jornalistas se recusaram a ser silenciadas:
"Não consigo atingir o meu objetivo se for constrangida"
Em 2020, Gabriela Prioli participava do programa "O Grande Debate", na CNN, quando teve sua fala interrompida algumas vezes pelo apresentador Reinaldo Gottino e pelo outro debatedor, Tomé Abduch, enquanto discutiam decisões do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Na hora, Prioli pediu: "Você pode me dar licença que eu estou falando?"
Dias depois do ocorrido, ela escreveu, nas redes sociais: "O meu compromisso é com um debate racional, prospectivo, informativo e respeitoso. Não consigo atingir o meu objetivo, se for constrangida, e não posso seguir participando do debate sem que a convicção sobre a gravidade do constrangimento não seja só minha, mas de todos os envolvidos, na frente e atrás das câmeras."
"Nós sabemos quando é paquera e quando é assédio"
Fátima Bernardes não deixa falas machistas passarem ilesas em seu programa, "Encontro". Em 2018, por exemplo, quando Martinho da Vila minimizou o problema do assédio sexual no transporte público, ela rebateu de forma didática.
"O cara que é solteiro tem problema para quando conseguir chegar numa mulher. 'Meu Deus, o que não é assédio?", questionou o cantor. Fátima respondeu: "Engraçado que essa é uma questão masculina, mas não é uma questão feminina. A gente sabe quando é a paquera e quando é o assédio. Muitos homens ainda pensam em qual seria essa diferença. Para as mulheres, é muito mais tranquilo. É quando ela não se sente invadida de alguma maneira. Quando aquilo é algo que a faça sentir enaltecida, não ameaçada".
"Eu queria trabalhar no esporte, mas sou mulher e negra"
A âncora do jornal M1, de Minas Gerais, disse em novembro, em participação no Globo Esporte, que queria ser jornalista esportiva, mas que por ser mulher e negra, não conseguiu realizar esse sonho: "Eu queria trabalhar no esporte. Mas eu sou mulher. Eu sou mulher e negra."
Emocionada, ela continuou: "Por ser mulher eu já sofria preconceito. E como negra, a minha imagem não era a esperada para estar naquele meio. Então hoje, estar aqui nesse dia tão simbólico, é muito importante para falar que nós podemos ocupar todos os lugares sim."
"Já está claro que as profissões não têm gênero"
A jornalista Antonella Valderrey viu sua credibilidade ser questionada por um colega comentarista esportivo do canal DirecTV, que disse que não poderia "conceber discutir futebol com uma mulher".
Diante a afirmação machista, ela respondeu, ao vivo: "Pensei que este fosse um programa sobre atualidades e que os debates fossem deste século e não do século passado. Já está claro que as profissões não têm gênero."
"Essa geração de mulheres não apoia o assédio"
No ano passado, a jornalista canadense Kori Sideaway foi ao Twitter rebater um espectador que reclamou do tamanho do seu decote, dizendo, por e-mail: "Muito decote pode quebrar a história de uma notícia".
Ela repudiou a postura dele e o acusou de tentar reduzir mulheres à forma que elas se vestem: "Ao sem nome que tentou reduzir mulheres a uma roupa ou parte do corpo: essa geração de mulheres não apoio o assédio", declarou, no Twitter.
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