"Perigoso e negativo para ela", diz tradutora do vídeo de assédio no Egito
A repercussão do vídeo em que o médico brasileiro Victor Sorrentino assedia uma vendedora no Egito contou com a ajuda de uma jovem paranaense de 24 anos. Patrícia Oliveira, que mora no Cairo há três anos, traduziu a cena constrangedora para o árabe e o inglês, o que facilitou com a difusão do caso no país árabe, onde os comentários de cunho sexual, como os que ele fez à funcionária, são considerados crime.
"No Egito, é muito vergonhoso para uma mulher que um vídeo com esse conteúdo se torne popular, porque eles prezam muito pela honra. Tanto é que o crime que o médico está sendo acusado é o crime de honra. O fato de o vídeo ter viralizado com o rosto dela é perigoso, porque pode causar consequências negativas na moral dela e da família", comenta Patrícia.
Patrícia explica que não foi a única responsável por fazer o vídeo viralizar, e que outras mulheres também traduziram o conteúdo. "Na verdade, os responsáveis por denunciarem o vídeo foram Antonio Isuperio e Fabio Iorio, dois ativistas brasileiros". Ela conta que o vídeo primeiro ganhou repercussão fora do Egito. "Alguns amigos egípcios começaram a ver que tinha algo rolando, algo que envolvia o país deles. Foi quando pediram para eu fazer a tradução do português para o árabe", explica.
Fiz a tradução sem esperar que o vídeo tomasse a proporção que tomou. Se soubesse antes, traduziria do mesmo jeito. Não fiquei com medo.
Após a versão traduzida ser compartilhada nas redes sociais no Egito, a situação de Victor ficou ainda mais complicada. O médico — que tem 1 milhão de seguidores no Instagram — foi acusado de cometer um crime de honra e agora está detido no país. Patrícia comenta que o influencer, ao tentar se desculpar pela infração com a vítima, cometeu outro crime: "Depois que ele gravou o vídeo assediando a mulher, ele voltou na loja para fazer outro vídeo pedindo desculpas e piorou a situação, porque nesse novo vídeo ele tenta tocar na mão da vítima. Ao fazer isso, ele mostrou novamente não ter conhecimento da cultura local. Tocar uma mulher muçulmana, não sendo casado com ela, é considerado crime de assédio também".
Situações de assédio são comuns no Egito
Para Patrícia, a situação das mulheres no Egito é crítica. "Sofremos assédios diariamente", conta a ativista. Foi para tentar ajudar e apoiar outras mulheres que Patrícia decidiu criar o perfil "Vida no Egito", que, até o momento da publicação desta matéria, tem 6 mil seguidores.
"Infelizmente o assédio é muito recorrente no Egito. Todos os dias recebo relatos de assédio no blog. Muitas não sabem os meios para formalizar a denúncia e são raros os casos que vão adiante."
Patrícia lembra que a atendente assediada por Victor fala português fluentemente e compreendeu os comentários de cunho sexuais ditos pelo médico. A ativista discorda dos ataques que a família de Victor está recebendo, mas revela sentir medo de que o influencer "se torne o rosto de campanhas anti-sharia e anti-Egito". Ao encerrar a entrevista para Universa, ela faz um pedido: "Antes de mais nada, gostaria que o Victor indenizasse a vítima por danos morais. Muito se fala sobre ele, mas estão esquecendo dela".
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