Menos flor, mais prazer: eles preferem presentear a namorada com vibradores
O Dia dos Namorados é no próximo sábado (12) e alguns homens serão amantes à moda antiga, do tipo que ainda mandam flores. Mas há também os amantes à moda das mulheres dos novos tempos. E alguns deles escolheram presentear suas parceiras com vibradores, sugadores de clitóris, dildos e outros brinquedinhos sexuais.
É o caso de Leonardo Formigon, 30 anos. Ele namora Catharina Goulart, 30, há três anos e resolveu inovar neste 12 de junho. "Estava com medo de ser clichê, então pensei em dar algo diferente do convencional. Foi assim que cheguei ao sugador de clitóris".
Leonardo conta que gastou cerca de R$ 400 com o presente. "Quando comecei a pesquisar, encontrei sex toys de até R$ 800. Escolhi o sugador porque ele é capaz de fazer coisas que nós, humanos, não somos capazes. Vi vários modelos e escolhi o mais bacana e discreto. Pelo custo-benefício não acho que paguei caro, foi um valor justo. E sei que ela vai adorar", conta.
Universa conversou com outros homens que, assim como Leonardo, também quebraram tabus e romperam com alguns estigmas para presentear as namoradas com sex toys.
Deixa ela gozar
A estudante de engenharia Marcela Flamino, 25, não esconde a felicidade que sentiu ao descobrir o que o parceiro Daniel Gonzalez, 23, está planejando dar para ela de Dia dos Namorados: uma visita a um sex shop para escolher um brinquedo sexual juntos. "Eu não pedi por esse pressente, mas achei a ideia sensacional. Não passou pela minha cabeça pedir algo parecido. Foi uma surpresa boa, estou curiosa", conta.
É a primeira vez que o casal, que está junto há 1 ano e sete meses, irá a uma loja do gênero. "Vai ser uma experiência só nossa. Vamos procurar um modelo, conhecer as opções, pesquisar a área. Eu nunca tive um sex toy, mas sempre tive vontade", diz Marcela. "Conversamos bastante sobre sexo. Tem coisas que um curte e outro não. Um vibrador vai somar ao nosso relacionamento", completou.
Diferentemente de Daniel e Leonardo, nem todos os homens encaram acessórios sexuais com tanta naturalidade. Para muitos, a presença de um dildo ou um vibrador na vida de uma parceira pode soar até como um adversário.
Daniel diz que já pensou desse jeito, mas com o tempo, se desconstruiu. "O corpo da mulher é diferente, o nosso jeito de alcançar orgasmo é diferente. Sem contar que é sempre bom tentar algo novo. Às vezes só a penetração não basta. Se um cara está muito preocupado que um vibrador vai tomar o lugar dele, isso é pura insegurança".
Achava que seria legal de experimentar coisas novas, sou aberto a tentar sensações diferentes —não muito radicais— que podem acrescentar algo ao relacionamento
O que atrapalha o prazer feminino
Uma pesquisa feita pela Indiana University mostrou que há uma lacuna entre a taxa de homens e mulheres que alcançam o orgasmo durante a relação sexual - cerca de 91% para 39% do público feminino. Essa lacuna de prazer tem até nome científico, "pleasure gap".
A sexóloga Andréia Paro explica que muito dessa falta de acesso ao prazer feminino está relacionada ao tipo de sexo a que estamos acostumados, principalmente em relações heterossexuais. "É comum que o homem só se importe com o próprio prazer. Fomos ensinados a pensar assim. Além disso, também tem aquele homem que enxerga o sexo de uma maneira 'genitalizada': ele está focado em fazer o ato rapidamente, só quer penetrar, quer gozar, chegar logo ao próprio prazer, sem pensar nas outras possibilidades, sexo oral, masturbação, toque."
Ela ressalta um número interessante, o de que 80% das mulheres não chegam ao clímax apenas com penetração e que, por isso, é importante explorar outros estímulos na cama. "Muitos acham que a parceira tem que servir ao homem na cama. É o que chamamos de cultura falocêntrica, que valoriza o poder do homem na transa, afinal de contas, se sou eu que tenho ereção, sou eu que penetro e eu que domino."
Dar um vibrador de presente mostra que o parceiro está aberto a ter novas experiências, não vê o acessório como um competidor —muitos se esquecem de que o vibrador é só um brinquedo que vai proporcionar sensações diferentes que seriam impossíveis de ser reproduzidas com a mão, com o pênis, com o dedo. Experiências distintas, mas complementares. Um sex toy não reproduz o cheiro, o toque, o gosto, o beijo
O estudante de farmácia Adriano Dehn, 19, compartilha com Universa que foi graças à insistência da namorada Bianca Sena que ele mudou de ideia sobre o uso de vibradores no sexo. "No começo, eu era muito fechado com o uso de brinquedos na relação, eu não gostava, ficava irritado, com ciúmes, ficava bravo —já até discutimos por causa disso. O tempo e o interesse no assunto me fizeram mudar de ideia. Ela nunca desistiu da ideia, conversava sobre. Tem muito homem com medo de que a mulher o troque por um sex toy, inconscientemente ele pensa assim."
Vamos conversar sobre o assunto?
Adriano e Bianca namoram há 1 anos e 9 meses. Este será o segundo 12 de junho que o casal passa junto. O estudante conta que pagou R$ 150 em um bullet próprio para o estímulo do clitóris —o modelo foi escolhido por ele, que antes conversou com a parceira sobre o assunto, para entender o que ela mais gostaria de ganhar. "Prezei pela qualidade do material, para saber se ele ia machucar ou não, a potência do aparelho. Acho que o que eu gastei foi uma quantia ideal para satisfazer o nosso desejo."
"Nosso desejo", disse Adriano. Ao ser questionado sobre os homens que têm medo de serem trocados por um vibrador, dispara: "Eles precisam começar a não pensar só no próprio prazer, mas também no prazer da companheira. Quanto mais você puder somar, acrescentar ao sexo, melhor será. Não precisa ter medo, testa. A única coisa que pode acontecer é você não gostar. E eu tenho certeza que as meninas ficariam surpresas com os namorados tocando no assunto, porque a maioria delas gosta".
Na visão do analista de pessoas Leonardo Formigon, conversar sobre o assunto é importante. "Acho que, por causa da masculinidade tóxica, homens não se importam com a qualidade do sexo, mas sim com a quantidade. Fazem por fazer. Eles também não conversam sobre o assunto com as companheiras. Ficam com medo, né, vai que a mulher diz que não sente prazer... Isso afeta o ego".
O que importa não é só o transar, mas ter e dar prazer. Sexo é muito melhor quando as duas partes se conectam
Ele ressalta a importância de falar sobre o assunto não só com a companheira, mas também com amigos e conhecidos. "Quando decidi presentear minha namorada com o sugador, perguntei para alguns colegas se eles já tinham feito o mesmo. Recebi dois tipos de comentários: os que disseram sentir medo e os que disseram não entender do assunto. Fiquei até surpreso com essa segunda resposta porque veio de um grupo de homens desconstruídos que não conhece nada sobre o universo dos sex toys. Já quanto aos que disseram estar com medo, tentei ter uma conversa com eles, explicar que é normal 'achar estranho'."
"Eu entendo o medo e não posso dizer que nunca pensei dessa forma. Não vou ser hipócrita. O assunto sexo sempre foi apresentado para o homem como uma fórmula, o que, como e onde fazer", reflete Leonardo, que manda uma mensagem para os que ainda não se abriram a este universo: "Temos que lembrar que nada substitui o ser humano. Usar um vibrador pode ser útil até para você mesmo, porque se sentirá mais confiante depois de transar com uma companheira que dá conta de gozar sozinha".
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