Chimamanda deu aula: 8 frases potentes de sua entrevista no "Roda Viva"
Se você já ouviu ou leu a frase "Todos devemos ser feministas" (ou, em inglês, "We should all be feminists") na capa de um livro, nas redes sociais ou até mesmo em um trechinho da música "Flawless" de Beyoncé, saiba que a máxima é uma das mais conhecidas da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, a entrevistada do programa "Roda Viva", da TV Cultura, na noite de segunda-feira (14).
Autora de livros como "Meio Sol Amarelo", "Hibisco Roxo", "Americanah" e o "Sejamos todos feministas", palestrante e feminista, Chimamanda esteve no centro da roda para falar sobre sua produção literária, justiça e equidade de gêneros e como mulheres são feministas "na prática" em busca das mesmas oportunidades que os homens têm, já que fomos criados em sociedades machistas e patriarcais.
Deu aula! E Universa separou as frases e exemplos mais marcantes ditas pela escritora na entrevista, para que a gente aprenda ainda mais sobre feminismo e sua forma de pensar o mundo e a vida de meninas e mulheres.
Chimamanda e as lições sobre feminismo
Não quero que me digam o que pensar
"Fico muito feliz por ter sucesso, por ter gente que lê meu trabalho e me leva a sério, mas o que agora acompanha isso é que vivemos em um mundo de redes sociais e tantas expectativas. E como falo de uma coisa que mexe muito comigo, que é o feminismo, para muitas pessoas, eu me tornei só uma feminista.
E elas esperam que eu tome posição não só sobre feminismo, mas que essas posições se alinhem com o que elas acham que é a ideia atual de feminismo, seja qual for. E eu sou muito independente. Tenho ideias muito independentes. Quero crescer e aprender. Mas quero fazer a jornada sozinha, não quero que me digam o que pensar."
Feminismo não busca divisão e, sim, justiça
"Qualquer um que entenda o que é o feminismo sabe que ele não busca divisão e, sim justiça. Ninguém que conhece a história do mundo pode dizer que as mulheres não foram excluídas. As mulheres foram excluídas porque eram mulheres."
Feminismo é dar direitos a um grupo que não tem
"Quando falo sobre feminismo, acho que também é importante deixar claro que a questão não é tirar direitos de qualquer grupo, e sim dar direitos a um grupo que não tem.
Aqui na Nigéria, por exemplo, eu saí com meu marido mais cedo e nós passamos por sete pessoas. As sete disseram 'Bom dia, senhor' para ele, e nenhuma delas me deu bom dia. Os homens não notam essas pequenas coisas, mas quando você as mostra, eles começam a perceber."
Se quisermos justiça, precisamos abraçar o feminismo
"Não começo palestras com raiva, mesmo se estiver sentindo. A raiva aliena as pessoas e, quando estou tentando convencer alguém, guardo a raiva no bolso por um tempo e tento me ater aos fatos e às histórias.
Porque a verdade é que o feminismo é necessário para o mundo. Se quisermos justiça no mundo, todos precisamos abraçar o feminismo.
A função do feminismo é chegar ao ponto de não precisarmos mais dele, chegar ao ponto em que as mulheres possam ser seres humanos completos. Isso parece tão óbvio, mas em toda parte do mundo não acontece."
Sou feminista desde que comecei a entender o mundo
"Sou feminista desde que comecei a entender o mundo. Não precisei ler nenhum livro, só observei e me dei conta de que o mundo não dá a mesma dignidade às mulheres que ele dá aos homens."
Não acho justo esperar que toda feminista seja ativista
"Quanto ao ativismo, não acho justo esperar que toda mulher feminista seja ativista, fazer algum tipo de trabalho para promover a causa do feminismo.
Algumas mulheres não podem se dar ao luxo de serem ativistas, e não apenas em termos materiais. Para algumas, o ativismo é emocional e mentalmente difícil.
Mas ainda assim são feministas. A feirante da minha cidade ancestral que largou o marido que abusava dela, conseguiu alugar um salãozinho e começou a trançar cabelos, que está criando seus dois filhos e duas filhas de forma igual, ensinando as tarefas domésticas, fazendo os meninos e as meninas estudarem, acho que ela é feminista."
Feminismo ocidental foi o mais documentado, mas não o único
"Uma das coisas que me vejo discutindo é essa ideia de que feminismo é um conceito ocidental. O feminismo ocidental foi o mais documentado, mas isso não significa que ele seja o único feminismo que existe.
Gosto de dizer que minha bisavó, a avó do meu pai, foi feminista. Porque ela vivia num mundo que era muito dominado por homens, a colônia de Igbo, na década de 1890, e o marido dela morreu jovem e ela ficou sozinha com o filho.
E a família do marido queria tirar todas as posses dela, porque agora ela era uma viúva, sem um homem para 'protegê-la'. E ela lutou contra isso. Era conhecida na cidade como encrenqueira. O que é um elogio maravilhoso para mim, porque sempre que uma mulher luta pelos seus direitos vira encrenqueira."
Decidi que minha filha seria ativa, para pensar o corpo como algo capaz de fazer coisas
"Quanto tive minha filha, que tem cinco anos agora, meu marido e eu fizemos escolhas muito conscientes sobre como iríamos criá-la. Eu decidi que ela iria ser muito ativa fisicamente, porque acho que é preciso começar cedo a tentar lidar com as horríveis mensagens negativas que meninas recebem sobre seus corpos.
Pensei que se pudesse educá-la a pensar no seu corpo como algo capaz de fazer coisas, correr, subir em árvores, talvez ela pensasse menos em como seu corpo não preenche os ideais de beleza que o mundo determina. Criamos em um ambiente que ela não veja a mãe cozinhando só porque é a mãe. Ela vê o pai e a mãe cozinhando."
Veja a entrevista completa (áudio em inglês e legendas em português):
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