MPRJ vai à Justiça contra escola por omissão em denúncias de assédio sexual
O MPRJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) entrou com uma ação civil pública contra o Colégio Santo Inácio, um dos mais tradicionais do Rio de Janeiro, por suposta omissão diante das acusações de assédio sexual contra dois professores do ensino médio. Segundo o MPRJ, o colégio não prestou acolhimento e nem tomou as providências necessárias.
A ação, ajuizada na segunda-feira (14), pede o afastamento da diretora acadêmica, Ana Maria Bastos Loureiro, e do coordenador de Ensino Médio, Marcos Vinicius Borges da Silva Machado, e a condenação deles ao pagamento de indenização por danos materiais e morais, além de multas.
Na ação, o MPRJ também pede à Justiça que determine que a escola contrate uma empresa ou profissional com comprovada experiência na escuta de vítimas de violência e uma psicóloga. Além disso, requer que providencie um local adequado para recebimento de denúncias como essas.
De acordo com o MPRJ, além do assédio sexual cometido por meio de "palavras, conversas indesejáveis, piadas de cunho sexual, contato físico sem consentimento e convites impertinentes", foram identificadas violações à igualdade de gênero, praticadas, de forma reiterada, há anos.
Procurado por Universa, o Colégio Santo Inácio informou que "os relatos referentes a episódios ocorridos em 2018 geraram melhorias e avanços" e que está respondendo todas as questões que envolvem a esfera legal (veja a íntegra abaixo).
Relatos de assédios
Relatos de ex-alunas da instituição foram publicados no Twitter, de forma anônima, e revelados pela revista Veja Rio, em junho do ano passado. Após a reportagem, o colégio afastou os docentes e encaminhou as denúncias à delegacia.
Algumas denunciantes enviaram as queixas também à Companhia de Jesus, responsável pela rede de educação jesuíta. É a mesma ordem religiosa do Papa Francisco, que tem sido proativo no combate à pedofilia dentro da Igreja Católica.
"Esse professor sempre fez piadas de duplo sentido, sobre corpo feminino. Machista. Tínhamos aula com ele desde os 14 e já recebíamos o aviso de que era para ficar longe dele. Ele nunca me tocou, como fez com outras meninas. Mas fui uma das pessoas que o denunciou à coordenação. A resposta foi de que a coordenação estava ciente e que era a última chance dele. A gente, nova, trouxa, acreditou. Dois anos depois, ele continuou fazendo as mesmas coisas. O colégio sempre soube, mas abafaram o caso. Isso é tão grave quanto o assédio. Deixaram um predador 'educar' meninas vulneráveis", contou uma aluna ao UOL. Ela diz ter denunciado os casos de assédio sexual à coordenação do 3º ano do ensino médio, em 2016.
Outro lado
Veja abaixo a nota na íntegra enviada pelo Colégio Santo Inácio
Os relatos referentes a episódios ocorridos em 2018 geraram melhorias e avanços no Colégio Santo Inácio. Uma série de iniciativas foi adotada para fortalecer e aprimorar a cultura institucional do cuidado, além do lançamento da Política de Proteção às Crianças e Adolescentes - documento que define as condutas aceitáveis e recomendadas no espaço escolar para garantir a segurança de todos e as relações saudáveis e adequadas. Investimos em medidas institucionais que ampliem e assegurem processos seguros e confiáveis para toda nossa comunidade educativa.
Paralelamente, estamos respondendo todas as questões que envolvem a esfera legal. Assim continuaremos enquanto persistirem as demandas e tudo for esclarecido.
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