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Sargentos da PM formam trisal com administradora: 'Priorizamos a verdade'

O trisal do Acre: Erisson e Alda conheceram Darlene pelas redes sociais - Arquivo pessoal
O trisal do Acre: Erisson e Alda conheceram Darlene pelas redes sociais Imagem: Arquivo pessoal

Caio Santana

De Universa, em São Paulo

16/06/2021 20h55Atualizada em 17/06/2021 14h18

Um casal de Brasiléia, no interior do Acre, viu o relacionamento entre os dois se transformar em 2018, depois de um simples "adicionar" nas redes sociais. A amizade virtual entre Alda Radine e a administradora Darlene Oliveira acabou em um interesse romântico da sargento da Polícia Militar, que já era casada com um colega de corporação, Erisson Nery. A situação deu início ao que hoje é um poliamor, com as duas mulheres formando um "trisal" com o homem.

Os dois sargentos e a administradora já se relacionam há cerca de um ano, moram juntos e deram detalhes do começo da relação a Universa.

Alda e Erisson cresceram em Rio Branco, capital acreana, e se conheceram já na infância. Com os caminhos cruzados também durante a adolescência, os dois começaram um relacionamento e se casaram em 2001, tendo dois filhos, de 17 e 13 anos.

"De Rio Branco viemos para a fronteira cursar medicina [na Bolívia], mas acabamos parando no terceiro ano da faculdade. Aqui conheci a Darlene através das redes sociais", conta a sargento Alda, que na biografia do seu Instagram se descreve como bissexual.

A terceira ponta do trisal, Darlene Oliveira nasceu em Itaituba, no Pará, mas se mudou para o Acre em 2018. Segundo Alda, foi ela quem deu o "primeiro passo" na relação.

"Ela começou a me seguir no Instagram e eu comecei a segui-la também", detalha a sargento. "Com um tempo que ela me seguia comecei a criar interesse nela e mostrei [a Darlene] para o Nery e disse que 'eu ficaria com essa mulher'", confessou.

Mas segundo a sargento, por algum tempo tudo ficou apenas na amizade. Na época, a administradora estava em outro relacionamento.

O tempo passou, e Darlene terminou seu antigo namoro. Foi quando finalmente o casal de sargentos decidiu tomar a iniciativa de marcar um encontro com a administradora.

"[Nesse momento] Foi a primeira vez que nos encontramos. Ela contou a história dela, eu contei a minha. Disse que não gostava de mentiras, que não mentia, que tudo que fazia eu contava. A partir daí começamos a sair juntos para todos os lugares", detalha Alda.

"Nós três começamos a ficar cada vez mais próximos um do outro, a desenvolver muito carinho, muito afeto. Foi assim que nós nos apegamos tanto ao ponto de morar juntos. Os três", explica a militar.

Transparência

Quando Alda falou para Erisson do seu interesse em Darlene, ela fez questão de ressaltar o quão transparente estava sendo a respeito dos seus sentimentos.

"Eu e o Nery sempre tivemos muito diálogo. Um diálogo muito aberto: ele sabe do que eu gosto, eu sei do que ele gosta. Eu sei exatamente quem ele é e ele sabe exatamente quem eu sou. Uma coisa que nós priorizamos no nosso relacionamento é a verdade", afirma.

Alda destaca que adota o mesmo comportamento em sua relação com Darlene.

"Graças a Deus ela também gosta disso, ela gosta de ser quem ela é, [...] de dizer como se sente em relação às coisas. A verdade é primordial para nós", ressalta ela, acrescentando que o relacionamento só começou em 2020.

Reação nas redes sociais

Hoje, o trisal já possui mais de 45 mil seguidores em um perfil criado há apenas 1 mês no Instagram para compartilhar a rotina da relação poliamorosa.

Individualmente, a sargento Alda Radine possui 38 mil seguidores, o sargento Erisson Nery 35 mil e a administradora Darlene Oliveira quase 16 mil seguidores.

Contudo, em meio aos diversos comentários de carinho e apoio que eles recebem, há ainda quem não concorde com o estilo de vida do trisal.

"As pessoas encaram com estranheza, nos condenam ao inferno. Já fui chamada até de Belzebu", lamenta Alda.

"[Dizem] Que isso é safadeza, que isso é tudo menos amor, menos um relacionamento sério. [...] Mas nós procuramos não nos contaminarmos com essas energias negativas. [...] Nós procuramos transformar isso em coisa boa em nós, em mais força para gente continuar junto e provar que é o contrário do que elas dizem", continuou.

Apesar de receberem esses tipos de comentários e reações, a militar afirma que não acredita que eles estejam "criando" um estilo de vida.

"Foi algo que aconteceu conosco naturalmente. A gente não está levantando uma bandeira ou gritando como um grito de liberdade a monogamia, não. Não é nada disso", frisou.

"Nós três nos relacionamos um com o outro. [...] É uma coisa saudável entre nós. Quem quiser fazer isso deve fazer. Quem não quiser, não faz".

Alda diz também que não se coloca como exemplo a ser seguido, mas nem por isso tem qualquer pudor de viver esse amor múltiplo.

"Não me coloco como um exemplo a ser seguido. Foi algo que aconteceu na vida, nós não temos vergonha disso, nós nos orgulhamos do que nós sentimos e de quem nós somos. Por isso nós resolvemos expor [esse relacionamento]", conclui.