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Britânica escreveu diário em código revelando abusos de marido que a matou

Jovem escreveu detalhes de sua relação com o marido em diário - Reprodução/Instagram
Jovem escreveu detalhes de sua relação com o marido em diário Imagem: Reprodução/Instagram

Colaboração para Universa, em São Paulo

23/06/2021 13h12

Caroline Crouch, de anos 20, a britânica que foi encontrada morta em uma cidade próxima a Atenas (Grécia), no dia 11 de maio, e teve o assassinado revelado pelo seu smartwatch, deixou um diário com anotações esclarecedoras sobre o curso que tomava seu relacionamento com o piloto de helicóptero Babis Anagnostopoulos.

Manuscritos datados em dezembro de 2019 mostram que a relação conjugal já não era tão saudável: "Lutei novamente com Babi [Anagnostopoulos]. Desta vez foi sério. Eu xinguei ele e ele arrombou a minha porta. Tudo o que eu queria era que ele me perguntasse como eu estava quando acordei, pois estava fraca e cansada", escreveu.

Estou pensando em ir embora, acho que vou para a casa da minha irmã. Não sei se posso continuar com Babi. Eu o amo muito, mas não posso deixa-lo, embora esse relacionamento me machuque"

De acordo com Vassilis Pilotis, procurador da suprema corte, a publicação do diário não apenas ofende a memória da vítima como também pode atrapalhar a apuração do caso e, por isso, as anotações que foram feitas em código não foram reveladas a público até o momento.

As páginas seguintes ainda detalham mais da relação do casal: "Eu gritei com ele e disse que não quero nosso bebê (Crouch estava grávida). Não estou bem, mas sei que jamais faria mal ao meu bebê. Meu amor pela minha filha é mais forte que tudo no mundo", confessou.

Já em 3 de julho de 2020, a vítima chega a dizer que se sentia "envergonhada" com o efeito que seus hormônios a causavam e diz que não gostaria de deixar o marido por causa da filha.

"Minha filha Lydia está com um mês de vida, também é o dia que disse ao Babi que quero ir embora. Me sinto péssima. Mas também não quero que minha filha cresça sem os pais", discorreu.

O caso

No início de maio Anagnostopoulos informou à polícia que criminosos o teriam amarrado, sufocado e matado sua esposa, matado o cachorro e ainda roubado cerca de 15 mil euros (por volta de R$ 90 mil). Além disso, teriam roubado os cartões de memória das câmeras de segurança.

Até a descoberta do assassino, o governo do país chegou a declarar uma recompensa de 300 mil euros (cerca de R$ 1,8 milhão) para informações sobre os falsos assaltantes.

Registros do smartwatch utilizado por Crouch, porém, contradiziam os relatos de seu marido. Segundo o Guardian, primeiro indício da mentira foi que o relógio da jovem havia registrado o horário em que os batimentos cardíacos dela pararam. A informação registrada estava diferente do horário informado pelo marido em depoimento à polícia.

Além disso, o celular do piloto foi rastreado e analisado para verificar como foi a movimentação dele no dia do crime.

No mesmo momento em que ele havia relatado estar amarrado, o marcador de passos de um aplicativo de atividade física mostrou que Anagnostopoulosse se movimentou por toda a residência.

Os investigadores observaram também que os cartões de memória das câmeras foram retirados à 1h20 do horário local, diferentemente das 4h30, quando, segundo o marido, os bandidos teriam invadido sua residência.

Durante uma cerimônia em homenagem à Crouch, no último dia 17 de junho, Anagnostopoulos acabou sendo levado para prestar depoimento. Isso porque além dos dados revelados pelo dispositivo, a britânica deixou também um diário, que apesar de retido pelas autoridades, teve algumas páginas vazadas nas redes sociais, segundo o Times.

Não tolere violência, saiba procurar ajuda

No Brasil, o Ligue 190 é o número de emergência indicado para quem estiver presenciando uma situação de agressão. A Polícia Militar poderá agir imediatamente e levar o agressor a uma delegacia.

Também é possível pedir ajuda e se informar pelo número 180, do governo federal, criado para mulheres que estão passando por situações de violência. A Central de Atendimento à Mulher funciona em todo o país e também no exterior, 24 horas por dia. A ligação é gratuita.

O Ligue 180 recebe denúncias, dá orientação de especialistas e encaminhamento para serviços de proteção e auxílio psicológico. Também é possível acionar esse serviço pelo Whatsapp. Nesse caso, acesse o (61) 99656-5008.