"Dá para ser mãe e fazer sexo selvagem", diz atriz de Sex/Life, da Netflix
Existe vida sexual após a maternidade? A nova série da Netflix "Sex/Life" quer debater o assunto. A produção, que estreia nessa sexta-feira (25), conta a história de Billie (Sarah Shahi), uma mulher na faixa dos 30 anos, mãe de duas crianças, profissional renomada e esposa de um homem lindo, rico e romântico. Billie, porém, não está feliz.
Ela sente falta de quem era no passado, uma jovem com a vida sexual ativa, aventureira e destemida, que não passava o dia trancada em casa cuidando dos filhos. "Aonde aquela Billie foi parar?" se questiona a protagonista em uma das cenas iniciais da série, baseada no livro "Sex/Life, 44 capítulos sobre 4 homens". "Você pode ser uma boa mãe e querer fazer sexo selvagem", diz a atriz Sarah Shahi na coletiva de imprensa do lançamento da série que Universa participou. "Você não precisa se envergonhar de querer transar, nem de ir atrás do seu prazer".
Mãe e esposa, mas também uma mulher com desejos
Sarah, de 41 anos, assim como a personagem que interpreta, também é mãe. "Me identifiquei muito com Billie porque de vez em quando eu também me olho no espelho e penso: 'Para onde aquela outra garota foi?'", comenta. "No momento em que a mulher vira mãe e esposa, a sociedade tenta delimitar o que ela pode ser e sentir, como se não pudéssemos mais querer as mesmas coisas que gostávamos no passado".
Na série, para fugir do tédio, a protagonista começa a escrever um diário com histórias e aventuras sexuais que viveu com o ex-namorado Brad (Adam Demos) e a produção muda de tom quando o marido de Billie, Cooper (Mike Vogel), encontra os relatos da mulher.
Com o ego ferido, Cooper tenta reacender a chama do casamento. Fica obcecado pela figura de sua mulher do passado e obcecado também pela figura de Brad, de quem tenta se aproximar. O drama está montado: de um lado o marido ciumento, do outro, uma mulher frustrada com o sexo no casamento e em dúvida se prefere ser a garota de antes ou a mãe do presente. Assim como nós, ela não quer abrir mão de nenhuma das duas.
Cenas quentes com foco no prazer feminino
"Sex/Life" não economiza nas cenas de sexo. E, ainda bem, não se vê imagens de sexo violento, selvagem, com a câmera focada no corpo e nas partes íntimas da personagem principal que serve de "caminho" para o prazer dos companheiros; pelo contrário, o foco é no prazer de Billie. A personagem usa vibrador, recebe sexo oral e é masturbada pelos parceiros.
Há cenas de penetração também, mas não é representada como o ponto alto do sexo. Muito culpa da produtora Stacy Rukeyser responsável por produzir as filmagens da série: "O grande diferencial da série é que as cenas de sexo não são feitas a partir da perspectiva - e dos desejos - masculinos. Buscamos mostrar e explorar o sexo que nós, mulheres, queremos fazer, o que nós fantasiamos a respeito, o que nós conversamos. É revolucionário dizer que nós queremos transar mais, de um jeito melhor".
Sexualidade é um aspecto da mulher que merece ser não só reconhecido, mas também celebrado. É ok ser uma mulher mais velha, com filhos, que também gosta de sexo - Stacy Rukeyser
O diretor Miles Dale concorda: "Várias histórias que exploram o tema são contadas através de uma perspectiva masculina e a sexualidade e prazer feminino são fetichizados. Em 'Sex/Life' não fizemos cenas focadas no corpo de Billie, mas sim de Billie olhando para o corpo do marido, dos parceiros, etc".
A química entre o casal Brad e Billie é de tirar o fôlego e não existe só na frente das câmeras. Os atores são namorados na vida real. Para Sarah Shahi, porém, isso não facilitou o processo de gravar as cenas sensuais. "Gravar cenas de sexo é sempre um desafio, porque você está fingindo intimidade, em um cenário fechado, com 25 olhos te assistindo", explica a atriz.
Sexo não é só sexo. E, às vezes, ele é sem graça
Mike Vogel, que vive Cooper, conta que, para ele, o que mais o surpreendeu no enredo foi a maneira como a história tira a visão "performática" do sexo. "A internet e as redes sociais criaram essa imagem de sexo e intimidade como uma experiência deliciosa e espetacular, que nunca é desagradável e sempre os dois gozam. Algumas vezes é assim, se você tiver sorte. Outras vezes não", reflete o ator.
Logo nos primeiros episódios, a série desconstrói o tabu de que "sexo é só sexo". Billie está frustrada com o companheiro na cama, sim, mas não é só isso: ela está insatisfeita com a monotonia da vida de casada, com o fato de ter abandonado a carreira para cuidar dos filhos e pelo marido não procurar novas formas de satisfazê-la. Isso tudo se reflete na cama.
Na visão de um homem, eu quero ter essas discussões, quero debater sobre sexualidade feminina. Muitas vezes só nos preocupamos com nosso próprio prazer e ficamos preguiçosos, acho que explorar a criatividade ajuda a criar ambientes mais sensuais - Mike Vogel
Adam Demos, que interpreta Brad, concorda com o colega. "O grande segredo para o sexo ser uma experiência legal para ambos é não ser egoísta. Homens querem prazer, mulheres também. Não é um caminho de uma direção só. O grande mérito da série é trazer a perspectiva feminina sobre sexo para debate. É hora de conversar sobre o assunto".
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