Elas criaram marca de bem-estar que vai faturar R$ 20 milhões em 2021
Se tem algo que não falta às empreendedoras Nathalia Simões e Nicole Vendramini, fundadoras da Holistix, marca e plataforma dedicadas ao bem-estar, é o olhar atento às demandas e necessidades dos consumidores, bem como a certeza de que propósito é essencial para o sucesso de uma empresa.
A marca começou em 2019 na Espanha, onde a dupla morava, e em 2020 chegou ao Brasil. "Estávamos num coworking conversando sobre os planos do negócio e, entre um papo e outro, falamos: precisamos mudar para o Brasil", lembra Nathalia. Segundo ela, ainda não tinha ninguém se apropriando por completo desse universo por aqui.
"De um lado, víamos as farmacêuticas muito fortes; por outro, a indústria de alimentação saudável, mas saúde e bem-estar vai bem além disso", completa.
Nicole veio no final de 2019 e Nathalia, em março de 2020 — bem no começo da pandemia. "As coisas começaram a fechar na Europa e meu marido me aconselhou a adiantar meu vôo do final para o começo de março. Estava achando um exagero, mas não conseguia falar com nenhuma companhia aérea. Vim sozinha, com barrigão de grávida, minha filha de dois anos, uma gata e oito malas", lembra Nathalia.
Havia a confirmação de um investimento para a empresa, o que as incentivou a mover o negócio, mas o dinheiro não tinha caído na conta ainda. Com a pandemia, a dupla viu muitos investimentos cancelados e o medo bateu.
No fim, tudo deu certo e a percepção que tinham do potencial da empresa no Brasil estava mesmo correta. A Holistix cresceu 30% ao mês em 2020 e a perspectiva de faturamento para este ano é de 20 milhões de reais.
Muito além de "vender"
Para crescer e atingir as metas estipuladas, a empresa tem um propósito muito claro: incentivar bons hábitos que sejam possíveis de se cumprir. Para isso, a produção de conteúdo é parte essencial do plano de negócios.
"Acho que, diferentemente, de marcas grandes, em que o conteúdo é o marketing, para a gente ele é a base de tudo. Nossos produtos não funcionam sem um conteúdo bem feito, senão as pessoas não sabem como usá-los", explica Nicole.
Além das postagens informativas no Instagram (que já soma 172 mil seguidores), todos os produtos que estão no site são acompanhados de uma descrição detalhada, com modo de uso, benefícios, materiais que os compõem e respostas para as principais dúvidas dos consumidores.
A nossa lógica de comunicação e venda é ensinar. Nas redes sociais, usamos exemplos reais para incentivar que cada um escolha seus próprios caminhos, pois não existe só um jeito de ser saudável
Antes de comercializar qualquer produto, como o raspador de língua, o golden milk e escova corporal para uso à seco - itens até então pouco conhecidos pelos brasileiros - elas entenderam a fundo seus benefícios com especialistas na área, como médicos.
Ponto de partida: como tudo começou
Nathália atuava em fundos de investimento, analisando a saúde financeira das empresas, e Nicole, que é formada em marketing, já havia passado por grandes companhias, como Nestlé e Unilever. Dentro das corporações, ela percebeu que existia uma demanda que a indústria não conseguia atender: a de bem-estar.
"Chegou um momento em que senti que faltava um pouco de coerência entre o que eu fazia e acreditava. Já não consumia os produtos que vendia e não estava mais de acordo com o que via no mercado", diz Nicole. Assim, iniciou os estudos sobre saúde e ayurveda e, em paralelo, começou a pensar em como juntar sua experiência na indústria e a falta de conteúdo sobre esse tema no Brasil.
Criou, então, um blog para falar do assunto. E foi aí que seu destino se cruzou com o de Nathalia. Elas se conheceram por uma conexão pessoal e perceberam que estavam no mesmo momento de transição de carreira. Nicole tinha a ideia da marca e Nathalia um plano de negócios bem estruturado. Foi a combinação perfeita.
Mas para estruturar o negócio e chegar onde queriam, sabiam que precisavam de dinheiro. Investiram, então, todas as suas economias na contratação de dois profissionais para cuidar das redes sociais.
Decidiram partir para o chamado o FFF (Family, Friends, Fools), aporte feito por amigos, familiares ou conhecidos próximos, muito comum no início de uma startup. Conseguiram 85 mil dólares e conduziram o negócio para os próximos estágios.
De lá para cá, outros investimentos vieram. Em 2020 e 2021, a dupla conseguiu um aporte no total de 8 milhões de reais da Anjos do Brasil, entidade de fomento ao investimento-anjo que apoia o empreendedorismo de inovação.
Nicole e Nathalia contam que o networking foi muito importante, já que ainda é muito mais difícil para as mulheres conseguirem confiança. Durante o processo de captação de investimentos, são questionadas se possuem mesmo o conhecimento técnico da área, se são ou pretendem ser mães.
"Lembro-me de uma reunião muito desconfortável, em que a pessoa começou a fazer planos sobre a nossa vida, com perguntas do tipo: 'quando vocês vão ter filhos'", lembra Nicole.
Sem reuniões pela manhã
Parte do sucesso da Holistix, elas argumentam, está nas decisões alinhadas com o que acreditam. "Antes de fazer qualquer coisa pensamos: o que é o certo a ser feito, não o que dá para ser feito. Esse virou nosso jeito de trabalhar", diz Nicole.
Outro ponto importante é realmente se conectar com as pessoas, identificando necessidades e jeitos diferentes de solucioná-las.
"Estamos muito integradas entre o que falamos e o que fazemos internamente. Atualmente, nosso time tem 24 pessoas. Não temos reuniões pelas manhãs, por exemplo, pois acreditamos que as pessoas precisam de tempo para se concentrar e não podem ficar no Zoom o dia inteiro. Temos uma cultura, porém empática. As nossas metas são ambiciosas, mas não esquecemos do fator humano", completa Nathalia.
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