Fátima errou e se desculpou: entenda diferença entre travesti e transexual
A apresentadora Fátima Bernardes dedicou alguns minutos de seu programa "Encontro" de sexta-feira (2) para se desculpar por um erro cometido na véspera, ao explicar erroneamente a diferença entre os termos travesti e transexual. Na ocasião, ela e o psiquiatra Jairo Bouer, disseram que travesti é "uma manifestação artística" — a afirmação não procede e, por isso, foi rebatida por pessoas do movimento LGBTQIA+ na internet.
Fátima disse que, após receber críticas, ficou "feliz em poder aprender um pouco mais". Também tem dúvidas? Universa te ajuda.
Em abril, conversamos com a vereadora Érika Hilton (PSOL-SP) e com a professora de voguing Lázara dos Anjos, que se identificam como travestis, para entender a importância do termo. Na prática, nada difere uma mulher trans de uma travesti, mas, elas explicam, a palavra tem peso político e é uma forma de resistência à violência.
"Quando uma travesti é assassinada, agredida ou sai no noticiário policial acusada de roubo, por exemplo, é sempre travesti. Quando está fora de um contexto violento, seja atuando numa novela ou em cima de um palco — ou, ainda mais raro, em um cargo alto numa empresa — é chamada de mulher trans", diz Lázara. Érika completa:
Ao me apresentar como travesti, especialmente no Parlamento, quero demarcar a luta histórica que as travestis travaram durante muito tempo. A palavra traz consigo resistência, luta e ação, é um marcador social da nossa trajetória.
Não confunda:
Ao dizer que travesti é uma manifestação artística, Fátima Bernardes confundiu travestis com drag queens.
Há, ainda, quem cometa o erro de usar o termo "travesti" para diferenciar uma mulher trans que não passou por uma cirurgia de readequação sexual — mas, segundo Lázara dos Anjos, essa é uma afirmação preconceituosa e essa distinção não se aplica: "É uma questão de identificação. Algumas vão usar travesti, outras mulheres, trans. A diferença está em como as pessoas cisgênero nos enxergam."
Ela conta que, em determinados ambientes, quando se apresenta como travesti, o comportamento das pessoas muda.
Quando eu estou em algum lugar com pessoas cisgênero, seja uma festa ou em evento de trabalho, alguém se refere a mim como mulher trans e eu digo que sim, que sou travesti, rola um choque. O olhar muda porque essas pessoas não esperam uma travesti que fala bem, é educada, não é violenta.
Lázara explica que, para ela, se dizer travesti "é uma forma de mostrar que podemos ser exatamente o contrário do que as pessoas esperam", ou seja, mostrar que, como travesti, não está restrita a uma realidade de violência.
Na dúvida, pergunte:
Na dúvida, pergunte de forma respeitosa como a pessoa prefere ser chamada — ela vai te responder o nome dela e, de quebra, você sabe o gênero com o qual ela se identifica. E atenção: desrespeitar o nome e o gênero com o qual a pessoa se identifica é uma atitude transfóbica.
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