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'Achei que ia ser estuprada': vítimas de médico do RS relatam abusos à TV

Klaus Wietzke Brodbeck, cirurgião plástico acusado de, até então, ter cometido abusos sexuais contra 86 vítimas - Reprodução/TV Globo
Klaus Wietzke Brodbeck, cirurgião plástico acusado de, até então, ter cometido abusos sexuais contra 86 vítimas Imagem: Reprodução/TV Globo

De Universa, em São Paulo

18/07/2021 22h37Atualizada em 18/07/2021 23h31

"Achei que ia ser estuprada", "ele colocou a mão na minha bunda": os relatos foram feitos ao "Fantástico", da TV Globo, por ex-pacientes do cirurgião plástico Klaus Wietzke Brodbeck, preso na sexta-feira (16), em Gramado (RS), acusado de, até então, ter cometido abusos sexuais contra 86 vítimas.

Brodbeck é investigado por abuso sexual e crime contra a dignidade sexual das mulheres. Na terça-feira (13), a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher de Porto Alegre cumpriu dois mandados de busca e apreensão em endereços associados ao médico. A operação teve início com denúncia anterior de 12 mulheres e, depois que o caso veio à tona, outras vítimas foram à polícia.

"Ele passou a mão aqui na minha bexiga, basicamente ali embaixo. Foi quando eu falei: 'Não, eu não tenho interesse'. E ele assim: 'Dá uma empinada para mim', 'se inclina'", contou ao "Fantástico" Pamela Suellen, influenciadora digital. "Comecei a ficar muito nervosa e perceber o problema, sabe?"

Eu saí do consultório dele, fechei a porta, mandei uma mensagem: 'Achei que ia ser estuprada'. Se ele fez isso comigo acordada, o que ele não faz com as meninas que estão dormindo?
Pamela Suellen, influenciadora digital

Uma outra vítima, que preferiu não se identificar, disse à reportagem ter feito uma cirurgia com Brodbeck em 2016.

"Quando eu acordei, estava em uma sala de recuperação. Nisso, eu fui ao banheiro e notei que tinha uma secreção", lembrou, acrescentando que decidiu ir à delegacia logo depois para denunciar o ocorrido. "O delegado já me disse que ele já tinha outros tipos de ocorrência desse gênero, e que provavelmente ele tinha feito uma coisa, mesmo."

A secreção, como viria a descobrir, era sêmen.

Já a empresária Jéssica Legramanti, que também conversou com o "Fantástico", relatou ter sido abusada pelo médico aos 14 anos, quando o procurou para fazer uma cirurgia no nariz. Na ocasião, contou, Brodbeck passou a mão na sua bunda, dizendo ter uma "técnica" para levantá-la.

"Ele me abusou antes de entrar na sala de cirurgia. Ele colocou a mão na minha bunda, alisou. Ele dizia que tinha uma técnica de levantar bumbum... Ele botou minha mão na virilha dele. Eu tinha 14 anos, ele sabia muito bem o que estava fazendo. A gente pensa que é só com a gente, né?", afirmou, fazendo referência as outras dezenas de vítimas.

Defesa

Na sexta-feira (16), dia da prisão de Klaus Brodbeck, o advogado Gustavo Nagelstein, que defende o médico, divulgou uma carta aberta rebatendo quatro das acusações de abuso sexual.

"Infelizmente, apenas um lado da história tornou se público, ferindo a dignidade pessoal e prejudicando a imagem profissional do Dr. Klaus Brodbeck, um dos maiores especialistas em procedimentos estéticos do país, com mais de 30 anos de trabalho honesto. Importante mencionar e agradecer os diversos pacientes que têm se manifestado (...) e se colocado à disposição do médico que, certamente trará a verdade", afirmou.

Como procurar ajuda

Mulheres que passaram ou estejam passando por situação de violência, seja física, psicológica ou sexual, podem ligar para o número 180, a Central de Atendimento à Mulher. Funciona em todo o país e no exterior, 24 horas por dia. A ligação é gratuita.

O serviço recebe denúncias, dá orientação de especialistas e faz encaminhamento para serviços de proteção e auxílio psicológico. O contato também pode ser feito pelo Whatsapp no número (61) 99656-5008.

Também é possível realizar denúncias de violência contra a mulher pelo aplicativo Direitos Humanos Brasil e na página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH), do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH).

Mulheres vítimas de estupro podem buscar os hospitais de referência em atendimento para violência sexual, para tomar medicação de prevenção de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente.