"Sou virgem aos 47 anos e me descobri assexual"
"Tenho 47 anos, sou influenciadora digital e dou aula de danças folclóricas. E sou virgem. Sempre achei que se fizesse sexo seria após o casamento, mas há pouco tempo descobri que sou assexual e tenho aversão a sexo.
A minha orientação sexual é assexual. Sempre achei que relacionamento íntimo é somente após casamento. Sexo é apenas um tijolo que a sociedade coloca nas telhas das cabeças das pessoas como obrigações.
Nunca fiz sexo e provavelmente nunca faça, tenho aversão; quando penso nisso, tenho nojo do órgão sexual masculino. Não sinto falta alguma.
Eu tive dois amores, um na adolescência e outro na vida adulta, ambos ficaram nos sonhos. O primeiro conheci na adolescência, em 1986, quando eu tinha 12 anos. Me apaixonei pelo irmão de uma amiga, e ele nunca soube.
Na metade de 1988, a minha família foi transferida para uma cidadezinha do interior do Paraná, que tinha apenas 5.000 habitantes. Lá, foi difícil me adaptar, pois as pessoas eram fechadas e muito preconceituosas.
As minhas colegas de sala costumavam me excluir dos grupos, adoravam me dizer que eu não me casaria.
Na época, eu pesava 80 quilos, sofri muito bullying e era ofendida na rua por estar fora dos padrões de beleza exigidos pela sociedade. Não conseguia arranjar paqueras e nem namorados, o que aumentava mais a desconfiança das pessoas sobre a minha sexualidade.
Não conseguia esquecer o meu amor da adolescência. Mandava cartas para ele, mas nunca recebi respostas. Até que algum tempo depois descobri que, em Curitiba (PR), tinha um programa que lia cartas de amor no rádio. Assim passei a escrever poemas dedicados à minha paixão adolescente. O locutor que lia meus textos era excelente, tinha um programa de rádio chamado 'Love Songs'.
'Ele lembrava muito o cantor Kurt Cobain'
Em 2002, fui convidada para frequentar um grupo de poetas da vida real. Na primeira vez que entrei lá, avistei um moço muito bonito que parecia aqueles roqueiros de Seatle dos anos 90. Inclusive ele lembrava muito o cantor Kurt Cobain. Essa foi a minha segunda paixão. Pensei: 'Um homem destes nunca vai querer nada comigo'.
Até que um dia, nestes encontros literários, conversamos sobre cursos gratuitos e falei que fazia aulas em um local aberto para a comunidade, no centro de Curitiba, e escrevi o endereço para ele. Na semana seguinte, ele passou a frequentar o local todos os dias. Deste jeito, passou a me tratar como namorada e, realmente, pensei que estávamos namorando. Até que, no final, deu indiretas de que tudo aquilo era uma brincadeira. Então se era tudo um jogo, com certeza, não fui correspondida. Ele nunca soube que eu tinha interesse nele.
Algum tempo depois, em 2004, ele foi embora para a sua cidade natal. Depois um amigo, pelo qual eu não era apaixonada, insistiu em namorar comigo e eu aceitei. Porém, o namoro acabou porque eu não tinha interesse nele, ficava pensando na minha segunda paixão. Assim, após isso resolvi não namorar mais ninguém.
Aprendi que, estar solteira e fazer o bem, e essa é a minha missão. Pois seria impossível me dedicar a certas atividades construtivas se eu fosse correspondida. Meu segundo amor, que chamarei pelas inicias. A. F, nunca se casou e nem eu."
*Luciana do Rocio Mallon, 47, é influenciadora digital e professora de danças folclóricas e vive em São Paulo (SP)
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