Ela assumiu o sex shop da avó e hoje vende 2,8 milhões de produtos por ano
Quando Stephanie Seitz, 26, era adolescente, evitava comentar na escola sobre os negócios da avó. "Eu sentia vergonha, preferia nem falar que a minha família tinha uma empresa de cosméticos sensuais", afirma a administradora. "Que besteira a minha, né? Se fosse hoje, eu contaria com muito orgulho."
Dez anos depois de encarar as piadas dos colegas na escola, é Stephanie quem está à frente da INTT Cosméticos, empresa criada em 2007 pela avó, Teresa Seitz, 80, que comercializa óleos, lubrificantes, vibradores e outros sex toys no Brasil e no exterior.
A ideia surgiu depois que Teresa conheceu o mercado erótico na Alemanha e se interessou pela naturalidade com que os clientes entravam e saíam dos sex shops e pela qualidade dos itens vendidos por lá. "Ela percebeu que aqui os produtos eróticos tinham nomes vulgares, embalagens mais apelativas e havia menos preocupação com higiene e contaminação", conta a neta.
Como já trabalhava com a produção de embalagens, até então para shampoos e sabonetes, Teresa entrou no mercado erótico com uma proposta: qualidade no sabor e no cheiro dos produtos, além de recipientes práticos, econômicos e elegantes. A aposta deu certo.
"A primeira linha foi de óleos para massagem. Os clientes gostaram tanto, que passaram a usar também para o sexo oral", diz Stephanie.
Em 2020, a INTT vendeu 2,8 milhões de produtos e cresceu 35% em relação ao ano anterior.
A passagem do bastão
Sthephanie entrou no negócio há seis anos, quando estudava administração em São Paulo. "Eu fiz alguns estágios e não me sentia completa. Então perguntei para a minha avó: posso trabalhar com você? Eu gostava de marketing e achava que podia ajudar administrando as redes sociais da marca", conta.
Começou então a investir em postagens que relacionavam os produtos eróticos à saúde sexual, ao autoconhecimento e ao bem-estar. Além disso, viu que muitos concorrentes focavam apenas o público heterossexual, excluindo clientes com outras orientações sexuais. "Não tem como fechar os olhos para todo esse público", diz.
Em pouco tempo, ela extrapolou o marketing e passou a acompanhar também o dia a dia em outras áreas da INTT. Aprendeu sobre vendas, logística, financeiro, o contato com os clientes e sugeriu mudanças em alguns processos da empresa.
"Antes, a gente trabalhava com um leque menor de transportadoras, então decidimos refazer todo o processo de logística. Hoje, nossos pedidos chegam em cinco dias para o distribuidor mais longe, que fica no Amazonas", conta.
A INTT não tem venda direta para o varejo, mas criou uma rede de distribuidores exclusivos, presentes em quase todos os Estados do país, para agilizar a entrega para os lojistas a ganhar capilaridade.
Com o desempenho positivo da neta, a avó decidiu há quatro anos passar o bastão e se afastou da direção da empresa. Além da responsabilidade, ao assumir o novo posto Stephanie teve enfrentar a desconfiança do mercado.
Muita gente dizia que eu era muito nova, que não estava preparada. Então, eu tive que mostrar capacidade, que tinha aprendido muito com a minha avó. Estava morrendo de medo por dentro, mas, quando ia falar com cliente, com distribuidor, precisava passar confiança.
Vibradores e lubrificante de jambu
Há três anos, a companhia decidiu arriscar e entrar no mercado de sex toys, que não era a sua especialidade, já que nessa época seus produtos estavam focados apenas em cosméticos eróticos.
"Foi um momento bem desafiador, porque o investimento era alto, não entendíamos de importação e não sabíamos se os clientes iam gostar. Além disso, erramos muito na parte financeira e burocrática, perdemos dinheiro", conta Stephanie.
Com o tempo, diz a CEO, ela aprendeu com os erros e os vibradores ganharam o gosto dos clientes. Hoje, eles são produzidos no exterior, importados e chegam no Brasil com o nome da INTT.
Mais ou menos no mesmo período, a empresa resolveu investir também na venda para o mercado externo. Para tanto, a INTT comprou 20% de uma fábrica em Portugal e passou a produzir na Europa, com a finalidade de facilitar e baratear a exportação dos seus produtos.
"Seguimos o mesmo padrão dos cosméticos desenvolvidos aqui. Nossos clientes lá fora têm um grande interesse em componentes do Brasil, como o jambu, que usamos para fazer um lubrificante, e é um sucesso", conta Stephanie.
Hoje, além da Europa, a empresa vende para o Chile e o Paraguai, e acaba de fechar contrato com a Rússia e a Colômbia. O único produto exclusivo para o mercado europeu são os lubrificantes à base de cannabis, proibidos de ser comercializados no Brasil.
Segundo a CEO, o objetivo agora é trabalhar no lançamento de novos produtos e continuar avançando no mercado externo; tudo isso acompanhado de perto pelos conselhos e a ajuda da avó Teresa. "Ela já não participa do dia a dia da empresa, mas sempre me dá dicas, porque tem boas ideias e é uma pessoa muito antenada", diz a neta.
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