Influencer grávida sofre gordofobia: 'Atacam até quando estamos sensíveis"
Com cerca de 5 meses de gravidez de gêmeos, a influenciadora Camila Monteiro dividiu com os seguidores no Instagram neste domingo (1) mensagens gordofóbicas que vem recebendo sobre seu corpo.
Ela, que é ativista de body positive e sempre compartilhou nas redes sua luta contra a obesidade mórbida, diz em conversa com Universa que só não se abala mais porque está focada na saúde dos filhos. "A cada exame é uma insegurança quanto ao que está acontecendo aqui dentro. A cada mexidinha a gente comemora", afirma a influencer que sofreu uma perda gestacional em decorrência de uma gravidez ectópica no começo do ano. "O ataque ao meu corpo fica muito em segundo plano. Claro que às vezes machuca, mas hoje sou muito mais consciente do meu corpo. Sei que ele é maravilhoso, porque está gerando duas vidas. O corpo da mulher é um milagre", afirma Camila.
Pressão estética na gravidez e no pós-parto
Entre as mensagens de ódio recebidas, muitas mulheres compararam a barriga de Camila a de pessoas gordas e ofenderam a influencer. Para ela, atacar o corpo alheio é reflexo da insegurança que se sente sobre o próprio corpo:
"Quem critica se questiona, às vezes inconscientemente, por que uma mulher totalmente fora do padrão se sente bem e ela não. Acho que a pessoa se sente injustiçada e não entende que está projetando a sua insegurança em cima dos outros."
Um exemplo dessa insegurança, na avaliação de Camila, é a quantidade de mulheres que também criticaram o corpo pós-parto da youtuber Virgínia Fonseca, nora do sertanejo Leonardo e mãe de Maria Alice, de 2 meses.
Semana passada, Virgínia, que é casada com o cantor Zé Felipe, compartilhou uma foto em que a barriga parecia sarada, e virou um dos assuntos mais comentados na internet. Muitos seguidores, inclusive famosas, acharam um desserviço Virgínia mostrar um corpo assim tão pouco tempo após dar à luz, e apontaram que essa atitude poderia fazer outras mães se sentirem mal por não conseguirem o mesmo feito.
Camila pondera: "Virgínia sempre frisou que aquela é a vivência dela, e não vejo aquilo como desserviço. Se ela tivesse dito para as pessoas que elas têm que emagrecer, a história seria diferente. Por isso é importante fortalecer a nossa autoestima, para quando a gente lidar com um corpo magro dito dentro do padrão, a gente não se sinta mal nem pressionada."
E é para trabalhar a autoestima de outras mulheres que Camila sempre compartilha nas redes como é a sua relação com o corpo. Desta vez, ela escolheu mostrar os ataques que recebeu para dar um choque de realidade nos seguidores.
"Meu trabalho é falar sobre o corpo e a autoestima, e quis aqui alertar a pressão que as mulheres sentem, principalmente na gravidez. Não há uma pausa nos ataques, nem quando a mulher está mais sensível. As pessoas não têm noção, senso de empatia. Quis mostrar o quanto a sociedade é cruel."
"Sinto um misto de impotência com revolta ao ler essas mensagens, porque elas vêm de mulheres na sua maioria. Elas deveriam ser mais unidas, principalmente porque as maiores críticas são em relação ao nosso corpo."
Camila também recebeu mensagens ofensivas após perda gestacional
Em janeiro deste ano, Camila teve uma gravidez tubária, quando a criança é gerada na trompa, e precisou passar por um procedimento e tirar o bebê. Embora tenha recebido muito apoio num momento tão difícil, ela conta que, nem nessa fase, deixou de ouvir comentários que nenhuma mãe em luto deveria conhecer:
"Tive muito mais apoio de mulheres que viveram essa dor, mas ouvi de outras frases como 'supera', 'nem nasceu, então por que está triste?' e 'é só engravidar de novo', como se fosse simples. A gente não substitui o amor de um filho por outro. Tanto que sempre falo para as pessoas que tenho três filhos, independentemente de ter nascido ou não."
Por causa de problemas na única trompa que lhe restou após o aborto, Camila passou por uma FIV (Fertilização in Vitro), afirma que o procedimento bem cansativo e doloroso, e que só não abalou ainda mais o seu psicológico porque ela teve apoio irrestrito do companheiro, Carlos Henrique Parra Rebolo.
A maioria desiste do tratamento por desgaste emocional, porque às vezes afeta o casal, e ter uma pessoa ali ao nosso lado é muito significativo
"Passei meses tomando hormônio, fazendo exames invasivos, sendo furada praticamente toda semana. É ainda uma jornada muito difícil, e pretendemos ter mais filhos. Acho que não teria conseguido sem o apoio do meu marido. Nos momentos que tinha de insegurança e dúvidas, ele estava ali, sempre falando palavras de amor e carinho."
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