De creme à injeção: por que se fala tanto em estímulo do colágeno da pele?
No creme da farmácia, no suplemento da propaganda e até no xampu, o colágeno não é tendência, mas seu uso nos cosméticos vai e vem. Hoje, temos uma série de cosméticos e tratamentos em consultórios que compartilham do mesmo objetivo: estimular essa substância na pele. Mas por que fazê-lo?
"O colágeno é um componente estrutural importante em vertebrados. Corresponde a 30% ou mais do total de proteínas. Na pele, a derme tem a maior concentração de colágeno, especialmente do colágeno tipo I, responsável pelas propriedades estruturais, estéticas e mecânicas", explica a dermatologista Lilia Guadanhim, especialista representante da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e médica da Unidade de Cosmiatria da Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Ele é produzido por nossas células e tem diversas funções: é responsável pela formação de órgãos e tecidos, está presente nos ossos e tendões. Também é totalmente ligado aos efeitos da passagem do tempo na pele, uma vez que a produção começa a cair a partir dos 25 anos — efeito potencializado por fatores do estilo de vida, como exposição solar, poluição e tabagismo. O resultado é falta de tônus, flacidez e perda de elasticidade.
É um caminho sem volta?
"Não conseguimos devolver o colágeno para a pele. O uso regular de filtro solar reduz sua degradação e, por isso, proteger a pele do sol é sempre o primeiro tratamento. Além disso, cremes com ácido retinoico, ácido glicólico e vitamina C, por exemplo, estimulam a produção natural de colágeno e melhoram a textura da pele", diz Lilia.
Ela destaca, entretanto, que apesar dos muitos produtos no mercado com colágeno na fórmula, não há comprovação pois ele não conseguiria penetrar nas camadas mais profundas da pele em razão do tipo de molécula. Então, se você usa algum e sente alguma diferença, ela é momentânea - o creme dá um viço, um up na pele, mas não repõe.
Ajudinha extra
Os tratamentos de pele feitos pelos dermatologistas causam uma reação inflamatória, que o médico controla, para estimular a regeneração a partir da produção de colágeno. Geralmente, é indicado um combo: o uso de aparelhos com os bioestimuladores de colágeno injetáveis.
"A substância que agride a pele é a hidroxiapatita de cálcio, e o colágeno aparece na cicatrização. Indico a partir dos 35 anos", fala Bárbara Carneiro, dermatologista, de São Paulo. Mais potente, mas custando o triplo do preço (a ampola do Radiesse sai por cerca de 1.100 reais), o Sculptra usa o ácido polilático como o tal agressor e ainda há possibilidade do uso do Ultraformer, um ultrassom, que precisa ser aplicado três vezes ao ano, sendo cerca de três mil reais a cada vez. Os três tratamentos podem ser usados tanto no rosto, como no corpo.
Beleza para beber
O foco na alimentação pode desacelerar a perda de colágeno para que não seja sentida de maneira tão brusca pelo organismo. "Alimentos que contêm fibras de colágeno, como carnes e gelatina são boas opções. Além disso, indico boas fontes alimentares de vitamina C, pois ela também é essencial para a síntese adequada de fibras de colágeno", diz Marcella Garcez, médica nutróloga, pesquisadora em suplementos alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo.
Os suplementos, tanto em pó, como em cápsulas, são bem fáceis de achar, mas será que funcionam? Segundo a médica, sim. "São absorvidos e metabolizados de acordo com vários estudos publicados na última década. Uma pessoa adulta deve ingerir entre 2,5g a 15 gramas de colágeno suplementar por médio ou longo prazo", fala.
Segundo ela, uma quantidade média de 10g ao dia, geralmente é suficiente para chegar a todos os tecidos alvo. Aqui, vale um alerta, pois como só há duas patentes liberadas, melhor consultar um médico para saber se a tal formulação vai fazer o efeito desejado.
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