'Nasci sem os braços e consegui realizar o sonho de me tornar bailarina'
"Tenho 17 anos, nasci sem os dois braços e sou bailarina. Minha vida, embora existam pessoas que me olham com dó, é repleta de felicidade e amor. Moro em Santa Rita do Sapucaí (MG), e realizo meu sonho todos os dias, quando frequento minha escola de dança.
Acho que as pessoas podem me olhar e imaginar que sou uma pessoa triste, mas elas se enganam. Minha condição me incomodou mais na minha infância. Foi o período no qual mais sofri bullying e preconceitos.
Por ser muito nova, me deixava triste ver minha família passando por situações delicadas, olhares estranhos, discriminação... Mas aprendi com a orientação e o amor da minha família que sempre acontecerão situações inconvenientes e que caberia a mim ter a cabeça boa para não ser atingida por aquilo.
Aprendi a lidar com essas situações, a enfrentar e isso nunca foi motivo para me impedir de sair e de brincar com meus colegas de colégio e vizinhos. Sempre lidei com isso de uma forma muito positiva. E pensei que tinha que enfrentar.
Gosto muito de dançar. Tenho esse sentimento desde cedo. Em todo lugar que eu vou a música me encanta, os passos de dança me instigam. Desde pequena, o instinto da dança já estava em mim. E quando fui participar de uma aula de dança específica, me apaixonei. Foi amor a primeira vista. E eu não quis parar. Fiz uma aula experimental e estou até hoje.
O apoio da minha família foi meu combustível para chegar até aqui. Eles sempre sonharam comigo, acreditaram e torceram por mim. Me incentivaram bastante. Se não fosse por eles, por todo esse apoio, eu não teria me dedicado tanto. Foi essencial para o meu crescimento na dança.
A academia onde estou me recebeu de braços abertos desde a minha primeira aula. Acolheram muito bem a minha família. Nunca passei por situações de preconceito, discriminação, bullying na escola de dança.
Pelo contrário, sempre me trataram com muito respeito, muito amor e igualdade. Sempre me senti amada. Então, falo que tenho minha família balé. A gente tem um laço muito lindo.
As minhas professoras foram minha maior inspiração. Eu olhava para elas e queria ser igual. Dançar igual, dar aula igual. Elas me inspiram muito até hoje. Com a orientação delas, pude desenvolver meu talento. Minhas rotinas são separadas por modalidades, divididas ao longo da semana. Faço aulas todos os dias da semana: de balé, sapateado, jazz...
Eu respiro a dança. Tenho um dia a dia corrido por causa disso e da rotina escolar. Estou no ensino médio e o colégio e os treinos exigem mais de mim. Mais dedicação, atenção e tempo. Mas quando tenho um tempo livre gosto de curtir com minha família, amigos e gosto de maquiar.
"Ainda tenho sonhos pela frente"
Planejo participar do festival de dança de Joinville (SC) e levar minha dança e minha arte para o mundo. Me imagino usando esse dom para possibilitar alegria às pessoas.
Sou tão bem resolvida com meu corpo que isso me permite ter ainda muitos sonhos pela frente. Minha maior dificuldade era entender meu potencial. Mas com toda orientação, apoio e incentivo que tive, percebi que quando gente realmente quer, a gente consegue.
Eu tinha muita insegurança sobre a minha primeira aula de sapatilha de ponta. E era uma coisa que eu sempre quis. O momento mais sonhado por uma bailarina. Mas eu tinha muito medo que esse dia chegasse.
E esse dia chegou e foi mágico. E eu pude ver naquele momento que se eu quisesse, eu conseguiria. Conseguiria superar qualquer obstáculo que a dança possa colocar no meu caminho.
Hoje consigo fazer o solo na sapatilha de ponta. Isso foi uma conquista para mim. Meu sonho é minha conquista. Minha vida e minha família, também. Por isso, gosto muito de falar para as pessoas que têm sonhos, seja em qualquer área, que lutem por eles, busquem por eles. Se dediquem. Vocês podem tudo, menos desistir."
* Vitória Bueno, 17, é estudante do ensino médio e bailarina e vive em Santa Rita do Sapucaí (MG)
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