O que é sexualidade positiva? Conhecimento é a chave para saúde e prazer
"Considero que a sexualidade está ligada à energia vital. A nossa vontade de levantar da cama de manhã, por exemplo. Além disso, ela é antes uma descoberta individual do prazer relacionado ao corpo todo, do que prazer em uma relação com outra pessoa", afirma Sheylli Caleffi, adepta da sexualidade positiva.
Para os adeptos da sexualidade positiva, há diversos fatores, que não estão só no âmbito sexual. "A forma como lidamos com a sexualidade na sociedade é extremamente confusa. Muita gente acredita que é apenas sexo, quando na verdade é o capítulo anterior a isso. Quando falamos de sexualidade positiva é sobre resgatar um elo perdido de uma relação vital com a nossa individualidade, nosso corpo e nossos desejos", explica Mariana Stock, que é psicanalista e fundadora da Prazerela, espaço no qual existem cursos de sexualidade positiva, entre outros.
Há muitos tabus, paradigmas e crenças limitantes a respeito da sexualidade, principalmente para as mulheres, o que impacta diretamente a relação que temos com o nosso corpo. E isso se inicia lá na infância: "Muitas vezes as crianças são abordadas com frases como 'tira a mão daí', 'isso é feio'. Claro que não é por mal, mas pode resultar em um adulto que associe se olhar e se tocar a algo negativo", exemplifica Gabriela Mendes, ginecologista e obstetra focada em tratamento humanizado.
A educação sexual que nos acompanhe desde o princípio da nossa existência é a base da sexualidade positiva. É por meio do conhecimento, conversas e diálogos que é possível reaprender aquilo que conhecemos até hoje, trazendo um importante fator à tona: a descoberta de habitar um corpo que é sensorial, erógeno e repleto de possibilidades de prazer.
Saúde em dia
É muito importante que a mulher conheça seu corpo, e falar de sexualidade envolve questões psíquicas, ambientais, culturais e hábitos que a mulher construiu ao longo de toda vida. "Quando uma paciente vem com queixas sexuais, quase sempre é uma consulta que ela sai com mais perguntas do que respostas. É um momento que ela vai se descobrir e buscar uma abordagem multidisciplinar", comenta Gabriela Mendes.
Em relação ao prazer, conhecimento também é palavra-chave. "O entendimento desses aspectos [tipos de estímulos e quais são seus limites] nos tira de um lugar passivo, no qual deixamos tudo na mão do outro. Quando vivenciamos esse capítulo da sexualidade, a gente tem muito mais repertório na nossa individualidade para ir para uma relação sexual de maneira mais saudável e gostosa", explica Mariana Stock.
Além disso, a mulher que sabe atingir seu prazer sozinha, costuma ter uma boa capacidade de conexão com suas sensações e conhece bem sua anatomia e regiões mais prazerosas. O que, cá entre nós, costuma ser um ponto essencial para chegar lá!
"Conhecendo a potência da nossa sexualidade e derrubando mitos e tabus, compreendemos o que ela pode trazer pra nossa vida inclusive em termos de felicidade —e quando digo isso me refiro a hormônios de felicidade liberados quando exercitamos nossa sexualidade de forma livre— seja dançando, criando ou mesmo transando!", finaliza Sheylli Caleffi, que também é ativista pela erradicação da violência sexual.
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