Psicóloga denuncia ataques racistas contra filhas de 2 e 9 anos na internet
A psicóloga Roberta Massot, 36, queria apenas compartilhar nas redes sociais o desejo das filhas de voltar para a escola. Mas ela foi bombardeada por mensagens racistas sobre a aparência das meninas.
A autora das mensagens enviadas no dia 2 de agosto se identifica como pedagoga. A Polícia Civil do Rio abriu uma investigação de injúrias raciais cometidas na internet contra as duas crianças, de 2 e 9 anos.
A suposta pedagoga, identificada como "Érica", afirmou em resposta a um post no Facebook que a menina de 2 anos tinha a raiz do cabelo dura. A mãe das crianças tentou explicar que o cabelo da filha era apenas crespo. Em resposta, a "Érica" escreveu: "Leve suas filhas ao salão e aproveita e tira as melecas delas (...) Suas filhas são feias, melequentas e tem raiz de cabelo ruim e tá acabado".
Roberta expôs o caso na internet e no último dia 5 fez um boletim de ocorrência. O caso foi registrado como "injúria por preconceito". A Universa, a mãe disse que ficou em estado de choque ao ler as mensagens.
Foi a primeira vez que passei por isso com as minhas filhas. Você olha tudo e não acredita. Essa foi a sensação. Depois fiquei com muita raiva e revoltada. A ficha foi caindo, fui tomada por uma tristeza e dor muito grandes até que pensei: 'com as minhas filhas não!' e resolvi denunciar após ler e reler aquilo tudo. Pensei: 'não posso deixar por isso mesmo
Roberta Massot, psicóloga
A suposta pedagoga não era uma desconhecida. Ela e a psicóloga se conheciam de uma igreja que ambas frequentavam em São Gonçalo, cidade da região metropolitana do Rio. Apesar de conectadas nas redes sociais, as duas não são próximas.
Roberta afirma que, no convívio na igreja, ela nunca percebeu nenhum comportamento racista por parte dela.
Procurada pela reportagem, a Polícia Civil do Rio disse que as investigações sobre o caso estão em andamento e que a suspeita será chamada para prestar depoimento.
Mãe pretende levar caso à justiça
Ao tomar conhecimento do caso pelas redes sociais, a advogada Michelle Vargas ofereceu assistência jurídica a Roberta. As duas aguardam o fim das investigações. A mulher poderá responder por injúria por preconceito na esfera criminal, mas a advogada prepara uma ação de danos morais contra a mulher.
"Na esfera penal não tenho mais o que fazer. Vamos aguardar, mas, na esfera civil, vamos preparar uma ação de indenização por danos morais. A injúria racial atinge a honra e cabe indenização", explicou a advogada.
A advogada, que também é negra, conta que em 2011, também foi alvo de injúria racial no local onde trabalhava. Até hoje, ela aguarda o resultado final do processo.
"Eu contactei a Roberta, pois me senti no lugar dela. Passei por uma situação parecida há 10 anos, quando um estagiário, na época, resolveu me atacar. Ele me chamou de 'macaca', de suja e de nojenta".
Universa entrou em contato por telefone com autora das mensagens, que não atendeu.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.