Vendedora assediada mostra 'sala da sarrada': 'Onde vivi meu pior dia'
A ex-vendedora de uma loja da Tim que denunciou dois funcionários por assédio sexual e acabou demitida mostrou como era o que eles apelidavam de "sala da sarrada", onde teriam sido cometidos os crimes. O cômodo, pequeno, tem uma pequena geladeira e microondas, além de uma mesa de trabalho.
Os dois homens, um deles o gerente, tornaram-se réus pelos crimes de estupro e coação contra uma ex-colega de trabalho. Ambos foram demitidos após a Justiça do Rio de Janeiro aceitar a denúncia do Ministério Público e respondem em liberdade. O caso corre em segredo de justiça e, portanto, os envolvidos não serão identificados na matéria.
O caso aconteceu no dia 15 de abril em uma unidade do Norte Shopping, na zona norte da capital fluminense. À época ela foi demitida por justa causa após abrir um procedimento interno contra eles.
"A TIM esclarece que qualquer decisão tomada com relação a seus colaboradores é sempre feita de forma imparcial e baseada em fatos apurados e documentados", disse a empresa em nota.
A vítima enviou para a reportagem uma foto do local onde relatou ter sofrido aos abusos. "Onde vivi o pior dia da minha vida", escreveu ela nas redes sociais - abalada, ela não tem dado entrevistas.
Um dos acusados, considerado pela polícia como o "principal investigado" chegou a intitular o espaço - que combina uma cozinha pequena da loja com uma estação de trabalho - como "sala da sarrada".
Procurada, a empresa de telefonia negou que a demissão tenha relação com o ocorrido. "A demissão da ex-colaboradora se deve a eventos pregressos vinculados à relação de trabalho e totalmente alheios aos fatos relatados".
Uma amiga da ex-funcionária da loja, que pediu para não ter o nome divulgado, afirmou que ela tem passado por problemas de saúde após o incidente.
"Ela está muito abalada psicologicamente. Eles [TIM] querem fazer um acordo extrajudicial para que ela não mencione mais o nome da loja. Até agora está desempregada, a base de remédios", disse a amiga.
No dia 5, o Ministério Publico entregou a denúncia ao Tribunal de Justiça. O juiz Marcos Augusto Ramos Peixoto, da 37ª Vara Criminal do Rio, aceitou a denúncia na semana passada pelos crimes de estupro e coação no curso do processo. Segundo o TJRJ, o caso está sob sigilo para preservar a vítima.
Na delegacia, a Polícia Civil informou que os dois, agora, ex-funcionários tentaram desqualificar a vítima e negaram os fatos narrados por ela. Apesar disso, no Inquérito Policial, o delegado Deoclécio Francisco de Assis destacou que: "não há dúvidas que os fatos imputados aos indiciados ocorreram".
A violência sexual contra a mulher no Brasil
No primeiro semestre de 2020, foram registrados 141 casos de estupro por dia no Brasil. Em todo ano de 2019, o número foi de 181 registros a cada dia, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em 58% de todos os casos, a vítima tinha até 13 anos de idade, o que também caracteriza estupro de vulnerável, um outro tipo de violência sexual.
Como denunciar violência sexual
Vítimas de violência sexual não precisam registrar boletim de ocorrência para receber atendimento médico e psicológico no sistema público de saúde, mas o exame de corpo de delito só pode ser realizado com o boletim de ocorrência em mãos. O exame pode apontar provas que auxiliem na acusação durante um processo judicial, e podem ser feitos a qualquer tempo depois do crime. Mas por se tratar de provas que podem desaparecer, caso seja feito, recomenda-se que seja o mais próximo possível da data do crime.
Em casos flagrantes de violência sexual, o 190, da Polícia Militar, é o melhor número para ligar e denunciar a agressão. Policiais militares em patrulhamento também podem ser acionados. O Ligue 180 também recebe denúncias, mas não casos em flagrante, de violência doméstica, além de orientar e encaminhar o melhor serviço de acolhimento na cidade da vítima. O serviço também pode ser acionado pelo WhatsApp (61) 99656-5008.
Legalmente, vítimas de estupro podem buscar qualquer hospital com atendimento de ginecologia e obstetrícia para tomar medicação de prevenção de infecção sexualmente transmissível, ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente. Na prática, nem todos os hospitais fazem o atendimento. Para aborto, confira neste site as unidades que realmente auxiliam as vítimas de estupro.
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