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Mulheres protagonizam um mundo em evolução


Aula de Malala é destaque de curso gratuito que UOL EdTech lança este mês

A ativista Malala Yousafzai - Rovena Rosa
A ativista Malala Yousafzai Imagem: Rovena Rosa

De Universa

19/08/2021 04h00

Aos 17 anos, depois de ser atingida pelo Taleban com um tiro na cabeça por defender o direito de meninas irem à escola no Paquistão, país em que nasceu, Malala Yousafzai se tornou a mais jovem vencedora do Prêmio Nobel da Paz. Desde que se recuperou do ataque, ocorrido em 2012, a ativista segue trabalhando em defesa do acesso igualitário às escolas e do ensino de qualidade para meninos e meninas em todo o mundo.

Se você deseja mudar o estado das coisas, as pessoas que você está desafiando querem que você fique cansado, que desista cedo demais. É muito importante ser resiliente, ser consciente e não desistir cedo demais

Essa fala da jovem ativista é um dos ensinamentos que ela mesma dará no curso "Certificação em Liderança, Capacidade de Aprender e Resiliência", resultado de uma parceria entre UOL EdTech e PUC-RS, que será transmitido de forma gratuita nos próximos dias 23 e 25 de agosto.

Esse é o maior curso da jovem ativista já lançado no Brasil — em duas aulas, Malala falará sobre sua trajetória em defesa do acesso à educação para meninas e mulheres, e ensinará como a essa é uma poderosa ferramenta de transformação pessoal e profissional.

De Swat à Universidade de Oxford

O nome de Malala Yousafzai ganhou os jornais do mundo todo pela primeira vez em 2012, quando ela tinha apenas 15 anos. O motivo? Em 9 de outubro, assim que entrou em uma van escolar, ela levou três tiros do Taleban como forma de reprimir sua atuação em defesa da educação de qualidade para meninas.

Àquela altura, apesar da pouca idade, Malala já havia dado entrevistas sobre o controle do grupo armado e em defesa dos direitos à educação. Os pais dela coordenavam algumas escolas na região de Swat, no nordeste do Paquistão, onde o Taleban impedia o acesso de meninas à educação — o mesmo Taleban que, na última na última segunda-feira (16), tomou o governo do Afeganistão e voltou a ameaçar mulheres que querem frequentar as escolas do país.

A ONU lançou uma petição em nome de Malala exigindo que, até o final de 2015, todas as crianças do mundo estivessem matriculadas, o que impulsionou a retificação da primeira lei de direito à educação no Paquistão.

Mesmo assim, o Fundo Malala estima que mais de 70% das mulheres paquistanesas não frequentam escolas, já que, por lá, meninas são criadas exclusivamente para casar cedo e se dedicarem à criação dos filhos e às tarefas domésticas.

"O impacto da educação é enorme, principalmente se você vive em uma sociedade patriarcal, onde você sente a misoginia, onde oportunidades são limitadas a você apenas pelo seu gênero", destaca Malala, em trecho da aula ministrada com exclusividade para alunos brasileiros.

Depois de se recuperar dos ferimentos, Malala foi capa da revista Time considerada uma das 100 pessoas mais influentes do mundo, discursou na sede da ONU em Nova York, foi nomeada para os prêmios Sakharov, em 2013, e World Children's Prize, em 2014, e vencedora do Nobel da Paz, em 2014 — ela é a pessoa mais jovem da história a receber a condecoração.

No ano passado, já em meio à pandemia do coronavírus, a ativista, então com 22 anos, comemorou sua formatura em Filosofia, Política e Economia, na Universidade de Oxford, uma das mais prestigiadas do mundo.

Atuação de Malala chega ao Brasil

"Educação é muito mais do que apenas ler e escrever para as mulheres e meninas, porque é sobre o empoderamento, é sobre a libertação."

Quando você tem educação, você está em uma posição muito melhor para saber os seus direitos, para saber sobre o fato de você compreender a si mesmo, de decidir se casar depois, no seu tempo, e essa deveria ser uma decisão sua e de mais ninguém.

Embora a fala de Malala, parte do curso "Certificação em Liderança, Capacidade de Aprender e Resiliência", se refira à realidade dos casamentos forçados no Paquistão, também se aplica à realidade das meninas e mulheres brasileiras, já que o casamento infantil ainda é uma realidade por aqui.

Segundo a pesquisa "Estatísticas de Gênero: Indicadores Sociais das Mulheres no Brasil", feita pelo IBGE, o Brasil registrou quase 22 mil casamentos com noivas menores de 17 anos — o número está em queda, mas ainda é alarmante, especialmente nas regiões Norte e Nordeste do país.

Além disso, dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram que, no Brasil, a maioria das vítimas de violência doméstica tem baixa escolaridade e moram nas periferias, em contexto de vulnerabilidade social.

Para tentar inverter essa realidade — e justamente por meio da educação, como defende a ativista — chegou ao Brasil no ano passado o Fundo Malala, fundado pela ativista pelo pai para defender o direito de meninas à educação segura e de qualidade em todo o mundo. Entre outras ações, a organização apoia um projeto da ONG Anaí, que atua na formação de jovens indígenas de 13 a 19 anos, que vivem na Bahia.

"Certificação em Liderança, Capacidade de Aprender e Resiliência"

Leandro Karnal - Divulgação  - Divulgação
O historiador Leandro Karnal também vai ministrar aulas no curso
Imagem: Divulgação

Os alunos inscritos no curso de "Certificação em Liderança, Capacidade de Aprender e Resiliência" poderão ouvir da própria Malala relatos sobre sua trajetória em defesa da educação igualitária e suas percepções sobre os impactos dos estudos.

A ativista falará, também, sobre como a educação pode ser uma ferramenta para o nosso desenvolvimento pessoal e profissional.

Para completar o curso e receber o certificado, os alunos devem optar entre uma videoaula com o historiador Leandro Karnal ou com o empresário Flávio Augusto, fundador da rede de aprendizado de idiomas Wise Up.

O curso é gratuito e aberto a todos os interessados. Para participar, basta se inscrever até 22 de agosto.

A transmissão acontece nos dias 23 e 25 de agosto, pela internet.