Fios frágeis e quebradiços: já ouviu falar em intemperismo capilar?
O nome é estranho e foi emprestado, acredite, da geologia. Intemperismo é o processo de desgaste das rochas causado por fatores ambientais. Já desconfiou do que se trata quando estamos falando de cabelo?
"Intemperismo capilar engloba tudo o que é agressão externa aos fios — radiação ultravioleta, poluição, tabagismo, química — incluindo o que gera danos na formação do cabelo", conta a dermatologista Fernanda Porphirio, da Clínica Vanité. Fontes de calor — e isso inclui ferramentas térmicas, banho quente ou até mesmo o sol —, por exemplo, causam danos aos cabelos.
"Fricção, ou seja, o puxar causado por algumas ferramentas, os movimentos intensos durante a lavagem e até a tensão dos prendedores não ficam de fora da lista de danos que acabam desgastando os fios", diz Andrea Frange, dermatologista com especialização em Tricologia pelo Hospital do Servidor Público Municipal (SP).
Há ainda o estresse químico, como as colorações e descolorações... "Tudo isso gera um estresse oxidativo na raiz e no fio, que vai perdendo a função de barreira da cutícula e gerando uma microinflamação daquele folículo. Aí, você vai ter os danos tanto da haste, quanto dentro da raiz do cabelo alterando a melanogênese e a queratogênese", explica Fernanda.
Danos mecânicos e térmicos
Fio mais fino, opaco, ressecado e propenso à quebra? "O dano mecânico pode quebrar ou causar fissuras nos fios. Já uma fonte térmica pode também levar a quebra por tração ou ainda ressecar a haste. Já um dano químico pode favorecer a quebra, deixar o cabelo mais elástico, opaco, e contribuir para que o fio perca densidade", explica Andrea.
A junção desses possíveis danos só faz com que o cabelo fique mais sensibilizado e acumule degradações de diferentes naturezas. O estresse oxidativo, por exemplo, inflama o folículo e isso altera a estrutura da haste do cabelo e até a pigmentação. "Isso explica porque aumentam as chances de ter cabelo branco, por exemplo", fala Fernanda.
Já a radiação ultravioleta degrada a melanina do cabelo, o que leva à fragilidade, ao ressecamento e à alteração de coloração. "Outro efeito é o fotoenvelhecimento da fibra capilar e opacidade, além de estimular a perda de proteínas pela haste", enumera Andrea.
E finalmente, secador e chapinha também podem causar danos à estrutura interna dos fios, o córtex. "O calor desnatura (muda a forma) a queratina, a proteína responsável pelas propriedades mecânicas, como elasticidade e resistência dos fios de cabelo, deixando o fio mais frágil", diz a dermatologista Valéria Campos.
Danos químicos
As partes mais internas do fio são compostas por enxofre. Para que haja fixação do pigmento ou a retirada do mesmo (no caso da descoloração) é preciso atingir essas camadas mais profundas. "O que acontece é que o fio fica mais elástico e vai precisar da reposição de substâncias que foram degradadas nessa busca pela modificação do tom", diz Andrea.
Diversas pontes que têm ligação com a estruturação e formato do fio são rompidas durante uso de técnicas de alisamento. "No geral, os alisamentos aliam modificação química e térmica da fibra capilar. Ou seja, usam esses dois recursos para conseguir mexer/moldar de forma mais permanente a estrutura do cabelo", avisa a tricologista. Quando o cabelo sofre danos por descoloração/tinturas ou alisamentos, é ainda mais importante haver reposição de proteínas e aminoácidos, mesmo no tratamento em casa.
Trate com carinho
O acúmulo de substâncias ou até de oleosidade pode deixar os fios mais rígidos e propensos a traumas. Mas a lavagem em excesso não ajuda a evitar o desgaste dos fios. "A retirada da gordura e consequentemente da hidratação prejudica a cutícula do cabelo", alerta Andrea. O xampu é desenvolvido para a limpeza do couro cabeludo. O que escorre com o enxágue já é suficiente para fazer a limpeza necessária do comprimento dos fios. "O que mais pode levar a traumas na hora da lavagem é a ficção desnecessária e de forma errada feita no comprimento do cabelo", continua.
Escolha de acordo com o seu tipo de cabelo e massageie com delicadeza. "O principal ativo desse produto são os agentes de limpeza, que vão se ligar às sujidades, fazendo com que elas sejam eliminadas com a água do enxágue", fala Fernanda. Xampus mais suaves não agridem tanto quanto aqueles que têm alto poder de limpeza. "E depois, é importante aplicar condicionador, que sela a cutícula de novo, equilibrando o pH, deixando uma sensação mais maleável."
Busque por ativos como: pantenol, glicerol e aloe vera. Se o cabelo estiver precisando de nutrição ou de restauração, escolha lipídios, ceramidas e óleos vegetais de coco, argan, oliva, manteiga de Karité, cacau e cupuaçu.
"Pantenol é praticamente uma unanimidade. Tem função hidratante, melhora a textura capilar, evita pontas duplas, revitaliza os fios danificados e fracos, dá brilho, maciez e força aos fios. Já as ceramidas são um lipídio que faz com que a água e outros nutrientes permaneçam dentro dos fios", explica a dermatologista Valéria Campos. Aposte em proteínas, colágeno, aminoácidos, elastina e queratina se o objetivo for reconstrução. "A queratina protege e dá resistência, mantém a vitalidade e a hidratação dos cabelos e garante ao fio um aspecto mais brilhante e sedoso", acrescenta ela.
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