Professor é demitido após afirmar que 'mulher tem culpa' em feminicídios
Um professor de biologia foi demitido em Teresina (PI) após ser flagrado em sala de aula afirmando que em "90% dos casos de feminicídios a mulher tem culpa". A declaração causou polêmica e gerou revolta na capital piauiense. A direção da escola particular divulgou nota, pedindo desculpas e repudiando a postura do docente.
O vídeo mostra o professor ministrando aula sobre a evolução dos seres, destacando os trabalhos de Gregor Mendel, quando fez a seguinte afirmação: "Desculpa vocês, mulheres. Não é preconceito, não, mas 90% dos casos de feminicídios a mulher tem culpa".
O feminicídio é o homicídio praticado contra a mulher simplesmente pelo fato da vítima ser do sexo feminino. O crime foi tipificado em 2015. Em 2020, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o país teve 3.913 homicídios de mulheres, dos quais 1.350 foram registrados como feminicídios, 34,5% do total.
Na gravação, o professor segue com um conselho aos estudantes do ensino médio: "Caramba, quando vocês estiverem namorando, observe o parceiro, observe a parceira. Estão namorando pelo menos um mês, dois meses. 'Ah! professor, mas ninguém conhece o ser humano?', dá para conhecer um pouquinho", afirmou o professor.
Em comunicado na rede social, a direção do colégio CPI disse que foi surpreendida com a postura do professor e repudiou suas declarações. "Por não concordar de forma alguma com este ponto de vista e repudiar completamente este tipo de conduta, que depõe frontalmente contra nossos valores éticos e profissionais, a direção da escola vem a público comunicar que, diante do fato, proceder com o imediato afastamento do colaborador do seu quadro de funcionários".
A escola refirmou ainda seu compromisso de combate aos crimes de ódio e contra a misoginia. "Pedimos desculpas ao nosso público, reiteramos o nosso compromisso de continuar disponibilizando uma educação de qualidade, de resultados e comprometida com os valores morais", diz o comunicado da escola.
O professor em questão não teve o nome revelado. O UOL buscou o docente para comentar o caso, mas foi informado pelo supervisor da escola CPI, Edson Barros, que teve contato com a família, que, no momento, ele preferiu se isolar no município de José de Freitas (PI), a 48 km de Teresina, por estar abalado com a repercussão de suas declarações.
"Fomos informados pela sua esposa que o professor está recolhido, sem condições de falar com ninguém, chorando e depressivo, após esse ato impensado dele, uma falha gritante e inoportuna", resumiu. O espaço segue aberto para esclarecimentos, caso o profissional de ensino deseje se manisfestar e será atualizado tão logo a resposta seja recebida.
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