Intimista, sem pista de dança: festas de casamento voltam em novos formatos
De acordo com uma pesquisa feita pelo site Casamentos.com.br, 1 em cada 3 casais precisou adiar a data da celebração de casamento por conta da pandemia - o que fez com as agendas de 2022 ficassem cheias. Não, a pandemia ainda não acabou, mas a quarentena no estado de São Paulo, sim.
Desde 17 de agosto, casamentos, formaturas e outros eventos sociais não terão mais restrição de horário e ocupação máxima em São Paulo. Ainda há limitações: é obrigatório o uso de máscaras e o buffet precisa funcionar quase como um restaurante - todos sentados e sem pista de dança. Mas o avanço da vacinação e as novas liberações acenderam uma chama de esperança em quem está com o casamento marcado e esperando o momento em que ele poderá ser realizado com mais segurança. Universa conversou com três noivas para checar quais serão os novos formatos de suas festas - algumas já foram adiadas mais de uma vez.
"Fui me acostumando com a ideia de que minha festa de casamento seria diferente"
"Fui pedida em casamento no final de setembro de 2019. Em outubro, marcamos a data da nossa celebração na igreja para dia 10 de outubro de 2020. De novembro a fevereiro, tínhamos fechado os maiores contratos: espaço, buffet, decoração, fotógrafo. Em março, veio a pandemia. No começo paramos os preparativos, mas estávamos na expectativa de que as restrições durariam no máximo um mês. Em junho, a angústia bateu forte.
No Dia dos Namorados escrevi uma cartinha e entreguei junto com o presente dele. Nela, eu pedia para ele topar reagendar nosso casamento. Eu não sentia que tínhamos boas perspectivas e não faria diferença nenhuma em nosso amor postergar a data. Ele topou. Remarcamos tudo. O buffet e a decoração me cobraram um extra para podermos fazer a festa em outra data, negociamos um valor melhor e nos ajustamos. Queríamos casar ainda no primeiro semestre de 2021, mas meu buffet tinha poucas opções, então remarcamos para um ano depois: 9 de outubro.
Quando chegou a segunda onda, a insegurança voltou. Chegamos a perguntar para os fornecedores quais seriam as taxas, mas o buffet só tinha um sábado livre, o de Aleluia. E a igreja não celebra casamento na semana santa. Se tomássemos essa decisão teríamos que esperar mais um ano.
Decidimos nos casar na data que já estava marcada com as restrições que estivessem valendo. Eu tinha um plano B até para o novo horário da cerimônia, caso as restrições de horário se mantivessem. No começo, tínhamos planejado uma festa para 250 pessoas em um espaço com capacidade para 300, mas quando o limite máximo de ocupação era de 60% do espaço, fizemos uma lista menor, com 180.
Com as mudanças do Plano São Paulo, estamos discutindo se vamos convidar nossa primeira lista. Estamos inseguros em lotar o buffet. Teríamos que, por exemplo, colocar mais mesas no espaço. Por isso estamos conversando e vamos decidir até o final do mês.
Ainda assim, nossa festa ganhou algumas adaptações. Na capela onde será a cerimônia cabem 150 pessoas. Então, contratamos uma hora a mais de festa e vamos transmitir a cerimônia em tempo real no buffet, para os convidados que preferirem assistir de lá. Apesar de nos casarmos na igreja católica, vamos receber uma benção de um pastor no salão logo após a cerimônia. Nós também precisamos abrir mão da pista de dança.
Ao longo do processo eu fui me acostumando com isso. Nosso casamento será em meio a uma pandemia, então ele será diferente de outros que aconteceram quando não tínhamos esse cenário. A gente brinca que quando fizermos 5 ou 10 anos de casamento, vamos fazer um festão.
Nossa lua de mel também mudou: vamos viajar para um destino nacional para ter menos dor de cabeça. E quando comemorarmos um ano de casado, vamos para o exterior." Ana Gabriela Monteiro Santos, 27 anos, consultora de RH, vai casar com Klaus Peter Warkentin, consultor de RH também, 35 anos, dia 9/10/2021
"A palavra cancelamento me deixou em choque"
"Começamos a ver e pensar sobre o casamento em 2018. Até o começo de 2020 estávamos com tudo fechado. Íamos casar em 27 de novembro de 2020. No começo de maio percebi que não ia dar para casar e bateu um desespero. Fiquei preocupada em remarcar e conseguir agenda com todos os fornecedores em uma nova data.
Eu tinha muita vontade de casar em outubro, porque é o mês do nosso aniversário de namoro. Então reagendamos para o final de outubro de 2021. Não foi sofrido tomar a decisão. Ficar na incerteza estava me atormentando mais.
Quando o cenário começou a piorar mais uma vez esse ano, meu noivo ficou bem preocupado. Ainda não tínhamos perspectiva de vacina e ele começou a falar em cancelar. Aí fiquei desesperada. Fiquei mal, muito triste. Eu não tinha o sonho de casamento de princesa, mas quando você começa a ver, se empolga e vai mudando de ideia. A palavra cancelamento me deixou em choque.
O prejuízo de desistir da festa era enorme. As multas de rescisão de contrato variavam entre 40% e 50% e os maiores valores estavam praticamente quitados. Decidimos que íamos nos casar no civil e manteríamos a festa em outubro, nem que fosse para levar só os padrinhos para utilizar a igreja e o pacote de foto e vídeo que já tínhamos.
No dia 26 de junho, nos casamos no civil e nos mudamos, mas ainda não tínhamos ideia do tamanho de festa que faríamos. Agora definimos que vamos fazer dentro do limite do espaço - nossa lista tinha 150 pessoas, mas reduzimos para 100. Está a maior correria, porque faltam menos de 40 dias. Mas não podemos ter pista.
Inicialmente, a igreja disse que os padrinhos precisariam entrar de máscaras e não poderiam subir no altar. Agora, me avisaram que eles poderiam entrar sem a máscara, mas que é necessário colocá-la assim que chegarem aos bancos - eles ainda não podem ficar no altar. Também não poderá ter a parte dos cumprimentos. Eu já tinha até música definida para isso, então fiz um remanejamento com o coral, pois faço muita questão dela. O custo da decoração da igreja também ficou mais alto: antes eram 3 noivas, mas fiquei sozinha com a data para bancar tudo". Paloma Barbosa, 33 anos, farmacêutica, vai casar com Eduardo Corradini, TI, dia 02/10/2021
"Muita frustração e incerteza no processo"
"Estamos planejando nosso casamento há quase dois anos. Quando estávamos prestes a fechar com o fotógrafo, filmagem e espaço, começou a pandemia. Ainda assim, fechamos tudo do casamento no escuro, sem conhecer ninguém pessoalmente. Foi nessa hora que começamos a nos preocupar em ter uma assessoria, para ter mais apoio. Contratamos uma da nossa cidade, São Caetano, que está nos ajudando muito.
Eu sou arquiteta e meu noivo é design, mas temos um comércio de rua, uma lavanderia, que é nossa maior fonte de renda. No ano passado, vimos nosso negócio começar a balançar também e ficamos com mais medo. Empurramos os pagamentos do casamento para o mais para frente que podíamos para tentar capitalizar e ver até onde o comércio ia.
Não precisamos remarcar nada porque nossa primeira data já era em 2021: 27 de novembro. Mas estamos recalculando a porcentagem de pessoas no salão. Nossa lista é o equivalente a 40% de ocupação, o que nos deixa mais tranquilos.
Vai ter protocolo: álcool gel nas mesas, as pessoas de máscara, medição de temperatura na porta... Agora surgiu essa história do passaporte da vacina e vamos colocar tudo no site, para mostrar para os convidados que estamos preocupados.
Tive muita frustração e incerteza nesse trajeto. Não vivemos muitas experiências como visitas técnicas, degustações, eventos. Fiz tudo pelo celular, procurando fornecedores no Instagram e fazendo reunião em vídeo"
Eu achava que as pessoas estavam com medo de ir em festas, mas agora eu estou preocupada em elas quererem ir demais [risos]. A vacina trouxe esperança de que as coisas vão voltar ao normal. Enviamos o Save The Date semana passada e tivemos 90% de respostas positivas.
Nós pegamos Covid trabalhando no final de 2020. Meu noivo teve 50% do pulmão comprometido e foi parar no hospital. Combinamos que 15 dias antes do casamento vamos nos resguardar o máximo possível, não sair por bobeira. Nós já nos cuidamos, mas temos comércio de rua e nunca paramos." Dafni Fallaguasta, 35 anos, arquiteta, vai casar com Diego Pereira, 38 anos, Designer Gráfico dia 27/11/2021
Seguir protocolo é essencial para garantir segurança de convidados
As festas não são mais como antes. A lista de convidados diminuiu, os lugares ao ar livre se tornaram preferência. Há muito o que se pensar quando o casal topa fazer uma celebração nesse novo cenário. "O casamento saiu do lugar do espetáculo, com centenas de pessoas. As cerimônias estão mais reduzidas, com familiares, para realmente celebrar o amor. Saiu do espetaculoso para ir a um lugar de essência", afirma Diana Assennato, executiva de comunicação do site Casamentos.com.br
Isso inclui micro wedding, elopements (que é quando os noivos viajam sozinhos para casar) e até casamentos que duram mais do que um dia. "Alguns podem ter até um final de semana de duração. A ideia é ter grupos menores e experiências memoráveis", completa. Sai o bar, entra a entrega de drinques na mesa. Sai a pista e chegam as atrações, como dança e mágica no espaço, sai o buffet e aparecem as comidas servidas individualmente para cada convidado.
O que não muda nunca são as medidas de segurança. "As pessoas têm que entender que a pandemia não acabou. O uso de máscaras é a nossa salvação, não podemos regredir. A delta está aí. Já percebemos, em um evento teste, que é possível fazer sem propagar o vírus, mas o organizador precisa ser responsável e seguir os protocolos. Vamos fazer um evento teste em setembro com pista para ajudar nas regras dos casamentos. Está tudo sob análise da vigilância sanitária. Se tudo der certo, teremos pista em novembro, mas sempre com uso de máscara", explica Ricardo Dias, presidente da Associação Brasileira de Eventos (Abrafesta).
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