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Juízas pedem que aeronave brasileira resgate magistradas afegãs

Arquivo - A ministra do STM Maria Elizabeth Rocha lembrou que o Brasil tem tradição histórica de abrigar refugiados - Joel Rodrigues/Folhapress
Arquivo - A ministra do STM Maria Elizabeth Rocha lembrou que o Brasil tem tradição histórica de abrigar refugiados Imagem: Joel Rodrigues/Folhapress

De Universa, em São Paulo

31/08/2021 11h25

A ministra do STM (Superior Tribunal Militar) Maria Elizabeth Rocha, única mulher integrante da Corte, disse hoje que entidades estão se mobilizando para buscar a concessão de visto humanitário a juízas do Afeganistão, após o grupo fundamentalista Talibã ter retomado o controle do país.

Em entrevista à Globonews, a ministra informou que haverá uma reunião com o ministro da Defesa, general Braga Netto, para avaliar a possibilidade de aeronaves brasileiras se deslocarem ao país para resgatar as magistradas afegãs.

"A ideia é tentar conversar e sensibilizar o ministro da Defesa para que o comando da Aeronáutica disponibilize aviões da Força Aérea Brasileira para resgatar ou tentar resgatar essas mulheres e meninas e suas famílias que estão em situação extrema de vulnerabilidade. E para isso nos poderíamos, por exemplo, pousar no solo paquistanês, contar com auxílio dos americanos que tem expertise nesses resgates em situação de guerra", argumentou ela.

O número inicial era de 270 magistradas, no entanto, segundo a ministra, algumas já foram assassinadas ou fugiram e estão vivendo em condições subumanas.

"Até quinta-feira será editada uma portaria conjunta entre os ministérios das Relações Exteriores e da Justiça para providenciar aquilo que nos estamos solicitando: asilo e a concessão de passaportes diplomáticos para as famílias das refugiadas", disse ela.

Ela lembrou que o Brasil tem tradição histórica de abrigar refugiados.

Também à emissora, a juíza Amini Haddad, membro da Associação Internacional de Mulheres Juízas e da Associação Nacional de Magistradas, disse que além do asilo, é necessário pensar num visto humanitário para os familiares dessas mulheres, já que eles não podem continuar no país em razão de represálias.

O Talibã é conhecido como grupo fundamentalista que, em uma primeira passagem como governantes do Afeganistão, nos anos 1990, relegaram um espaço restrito na sociedade às mulheres, que foram excluídas de cargos públicos e somente podiam aparecer em público na presença dos maridos.

Com a volta do regime talibã ao poder, o temor da comunidade internacional é que haja nova perseguição a mulheres que ocuparam posições de poder nos últimos anos, como é o caso das magistradas.