"Sabia que seria polêmico", diz deputado que recebeu ex de Maria da Penha
O deputado estadual Jessé Lopes (PSL-SC) classificou como distorcida a repercussão da visita a seu gabinete de Marco Antônio Viveros, condenado duas vezes pela Justiça por tentar matar a ex-esposa Maria da Penha, vítima que deu nome à lei de combate à violência contra a mulher no Brasil. O parlamentar é apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
"Nem sabia que ele estava na Assembleia. Veio ao meu gabinete e o atendemos, deixando um material que, em sua convicção, defende a sua versão. Não entrei no mérito e como todos que me procuram, registrei uma foto. Sabia que seria polêmico, mas distorceram o que aconteceu, pois foi apenas uma visita", relatou o deputado a Universa.
A visita ocorreu ontem e foi seguida de uma publicação nos stories do Instagram do parlamentar, com uma foto dele ao lado do ex de Maria da Penha. Na postagem, o político questionou se os seguidores conheciam Viveros.
"Conhecem este senhor? Seu nome é Marco Antônio, o marido da Maria da Penha. Visitou meu gabinete e contou a sua versão sobre o caso que virou lei no Brasil. Sua história é, no mínimo, intrigante", escreveu o deputado na publicação.
Para Universa, o deputado negou que defende a versão do agressor e disse que Marco Antônio viajou do Ceará para se encontrar com deputados catarinenses. Na Assembleia Legislativa pediu "um minuto" em seu gabinete para apresentar a sua versão sobre a tentativa de homicídio contra ex-esposa.
Ele estaria acompanhado por um grupo de "apoiadores" e teria entregado documentos sobre o caso, ocorrido em 1983, no Ceará. Marco Antonio deixou Maria da Penha paraplégica após disparar um tiro e ainda tentou eletrocutá-la. O homem foi condenado por duas vezes, em 1991 e 1996, mas cumpriu pena em liberdade, o que fez Maria da Penha denunciar o Brasil à OEA (Organização dos Estados Americanos) por omissão.
Lopes acredita que Marco Antônio o procurou por proximidade ideológica. Apesar disso, garante que segue a versão "que está nos autos do processo" que condenou o ex-marido de Maria da Penha.
"A versão dele é intrigante porque difere daquela que tradicionalmente ouvimos sobre o tema. Em nenhum momento o defendi ou corroborei com sua versão. Ele procurou outros deputados com um grupo. Acreditou que, por questão ideológica, eu poderia ajudar, mas em nenhum momento o defendo. Apenas registrei o fato e disse que o tem a dizer é intrigante", frisou.
O encontro na Alesc ocorreu no mês que se comemorou 15 anos da Lei Maria da Penha, sancionada em 2006. A legislação determinou a criação de varas especializadas e tipificou criminalmente a violência doméstica, além de ter ofertado auxílio às mulheres vítimas de agressão.
Hoje, o deputado postou em suas redes sociais um vídeo em que tenta esclarecer o ocorrido:
'Indignação', repudia bancada feminina
A deputada Luciane Carminatti (PT), que lidera a bancada feminina na Alesc, lamentou a publicação do colega parlamentar.
"Estamos em total indignação com essa postagem, mas não nos surpreende porque esse parlamentar é pautado por polêmicas que aumentam seus números de seguidores. Mas como mulheres, nós sentimos agredidas e violentadas porque estamos falando de um cidadão condenado e de uma mulher paraplégica", comentou ao UOL.
Publicação gerou revolta
Nas redes sociais, a publicação revoltou internautas, políticos e influencers.
Um deputado bolsonarista de SC divulgou com orgulho uma reunião com o ex-marido de Maria da Penha, que atirou nas costas e tentou eletrocutar a mulher que dá nome à lei de combate à violência doméstica. É esse tipo de gente que ainda apoia Bolsonaro. É nojento.
-- PSOL 50 (@psol50) September 1, 2021
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