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'É preciso rever a ideia sobre não se sentir preparada', diz empresária

Júlia Flores

De Universa

28/09/2021 17h08

Apesar da carreira de sucesso, a atriz Natalie Portman já chegou a duvidar do próprio talento. Ela não é a única: Emma Watson, Meryl Streep e outras famosas também enfrentaram inseguranças profissionais, chegando a questionar se mereciam a fama que tinham ou se aquilo era apenas uma questão de "sorte", e não de talento.

Este fenômeno que afeta muitas mulheres tem nome: "síndrome da impostora". E não acontece só com as famosas de Hollywood; este sentimento de "fraude" pode afetar qualquer pessoa, independente de sua profissão.

Na edição 2021 do Universa Talks Empreendedorismo, a editora-chefe de Universa Débora Miranda conversou com outras três mulheres sobre a síndrome e como ela afeta as profissionais que querem empreender, ou até mesmo as que já estão no mercado de investimentos há algum tempo. Por que a insegurança nos paralisa?

É importante fazer recorte de gênero e de raça

No começo da conversa, a jornalista e criadora do movimento "Fala que Eu Não Te Escuto, Impostora", Dani Arrais, frisou a importância de traçarmos um recorte racial e de gênero para o debate. A síndrome da impostora pode afetar qualquer pessoa, sim, mas afeta, em sua maioria, as mulheres negras.

"A sociedade que a gente vive hoje é uma sociedade patriarcal. Somos atravessadas pela questão de gênero porque, historicamente, as mulheres foram criadas para ficar em casa cuidando dos filhos, o que também é maravilhoso, desde que não seja uma 'obrigação'. As mulheres duvidam mais de si mesmas no campo profissional", disse a influenciadora.

Uma mulher negra precisa galgar ainda mais espaços para conquistar destaque na sociedade.
Dani Arrais

Já a jornalista e consultora de inovação e estrategista criativa Monique Evelle compartilhou uma experiência pessoal sobre o tema. "Lembro de um episódio curioso que passei, quando o [jornalista] Caco Barcellos me convidou a ser repórter de TV. Duvidei da fala dele e cheguei a responder 'não', porque achava que era piada", lembrou a comunicadora, que depois passou a fazer parte da equipe do programa "Profissão Repórter".

Tenho 27 anos e as pessoas olham para mim e questionam: 'Nossa, mas você conseguiu bastante reconhecimento na sua profissão, por que a insegurança?'. Sim, eu consegui, mas isso não significa que não tive momentos de dúvidas.
Monique Evelle

Como vencer a síndrome e empreender

Para Juliana de Mari, fundadora da Prosa Coaching, uma boa saída para as mulheres que se sentem inseguranças na hora de empreender é "olhar para si mesma" e destacar as características pessoais que podem ajudar o outro.

Uma boa ideia é colocar no papel o que você sabe fazer, quais recursos você pode acessar, o que tem na bagagem como repertório. Tudo isso pode deixar a gente mais confiante para entrar e começar um negócio novo.
Juliana de Mari

"A gente precisa rever essa ideia de 'não se sentir preparada', porque talvez a gente não vá se sentir preparada, mas isso não quer dizer que a gente não possa se preparar", destacou ainda a jornalista.

Para Dani Arrais, no contexto da pandemia, a síndrome da impostora ganhou ainda mais destaque, porque muitas mulheres continuaram cobrando ter a mesma produtividade de antes, sendo que a sobrecarga doméstica foi ainda maior para elas. "A gente estar vivo até hoje já é um privilégio", pontuou.

Na opinião de Dani, a compaixão consigo mesma pode ser um bom passo para vencer a síndrome. "Muitas vezes, falamos com outra mulher de uma forma muito generosa e poucas vezes falamos com a gente desse mesmo jeito. Sempre nos olhamos com o olhar da falta, cobrando 'eu poderia ter feito mais', 'deixei isso de fora', e não deveria ser assim".

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que aparece no vídeo, Gabriela Mendes Chaves, que aparece no painel 2, é fundadora e CEO da NoFront Empoderamento Financeiro. Além disso, a grafia correta do nome da fundadora e diretora executiva da Empoderamento Contábil, que está no painel 1, é Ludmila Hastenreiter.