Síndrome da impostora: trocar 'se' por 'quando' ajuda a vencer a incerteza
A voz da impostora já paralisou Monique Evelle, consultora de inovação e estrategista criativa, fundadora da Inventivos. Uma das vezes foi quando, em uma lanchonete, o jornalista Caco Barcellos a convidou para ser repórter de TV. "Eu duvidei do que ele estava falando e cheguei a dizer não, pois achava que aquilo não era verdade", contou a empreendedora, uma das participantes do Universa Talks 2021, evento que reuniu, na terça-feira (28), mulheres para conversar sobre empreendedorismo.
A sorte, segundo Monique, é que amigos —que ela gosta de chamar de anjos da guarda— fizeram com que ela repensasse a negativa e se juntasse à equipe do "Profissão Repórter" (Globo). Uma das estratégias de Monique para lidar com a síndrome da impostora ao longo de sua carreira foi trocar o "se" pelo "quando". "O 'se' mostra que é impossível, que você não vai conseguir. E é nessa hora que você começa a pensar e a se justificar com coisas sem sentido. O 'quando' traz certeza, te leva para um lugar de abundância, prosperidade e potência", afirmou.
Monique esteve no painel SÍNDROME DA IMPOSTORA: A VOZ QUE NOS PARALISA, ao lado de Juliana De Mari, coach e mentora para mulheres, fundadora da Prosa Coaching, e de Dani Arrais, jornalista e criadora do projeto #falaqueeunãoteescutoimpostora, com mediação de Débora Miranda, editora-chefe de Universa.
Segundo Juliana, a síndrome da impostora é uma experiência psicológica que nos faz duvidar da nossa competência, causando dúvida e sentimento de inadequação. De acordo com ela, é uma experiência interpessoal, pois, quando essa voz se manifesta, nos desqualificamos em relação a alguém ou a uma expectativa.
É uma experiência profissional muito angustiante, pois estamos sempre com a sensação de que vamos ser descobertas, que alguém vai nos pegar em algo que não fizemos direito.
Síndrome tem recorte de gênero e racial
Apesar de a síndrome atingir qualquer pessoa é, normalmente, mais vista em mulheres, como explicou Dani Arrais. Isso porque, vivemos em uma sociedade patriarcal, ou seja, desenhada por homens e para homens.
É só a gente pensar: quem são, na maioria dos casos, os presidentes de empresa e os políticos de destaque? Historicamente, as mulheres foram criadas para ficar em casa cuidando dos filhos, o que também é maravilhoso. Mas, quando isso é uma imposição, estamos deixando de ocupar espaços como agentes ativos na sociedade.
E há, ainda, um recorde racial. "A síndrome da impostora bate diferente em mim, que sou uma mulher branca, e em uma negra, que precisa galgar ainda mais para conseguir espaço na sociedade", afirma Dani.
"Eu cresci na carreira, mas isso não significa que não tive momentos de dúvida. Como bem diz Racionais, a gente precisa ser duas vezes melhor. E isso é muito exaustivo. Eu demorei para descobrir que era mais o mundo do que eu", disse Monique.
Como diferenciar se o pensamento é da impostora ou real
De acordo com Juliana, uma boa forma de superar a síndrome da impostora é fazer um inventário —no papel mesmo— daquilo que você sabe e já tem como recurso para começar um negócio, por exemplo.
Quando conseguimos visualizar e nos apropriamos disso como fato: o que sei fazer, quais habilidades e recursos tenho, qual rede possuo e qual investimento posso acessar, começamos a ficar mais confiantes.
Segundo ela, a voz da impostora é um pensamento que gera dúvida e inquietação, e é muito pouco realista, não é condizente com o pacote que visualizamos quando colocamos tudo no papel.
Dani chamou a atenção para outro ponto que pode ajudar a identificar essa voz. "Eu gosto de pensar no que de pior pode acontecer se eu resolver dar determinado passo. Faço uma lista bem catastrófica mesmo", contou.
Assim, ela vai percebendo o quanto aquele pensamento a está consumindo mais do que deveria. "Lembro uma vez em que fui dar uma palestra muito importante e tive pouco tempo de preparo. Fiquei muito nervosa, mas pensei que o máximo que podia acontecer era eu ter um apagão no meio do palco e desmaiar. Mas, se isso acontecesse, viraria uma história para eu contar numa palestra do futuro. Isso me ajudou a subir naquele palco."
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Universa Talks Empreendedorismo
Veja o que rolou no evento:
PAINEL 1: MAPA DA MINA: OS PRIMEIROS PASSOS PARA FAZER ACONTECER
Com participação de Adriana Barbosa, à frente da Feira Preta, Stephanie Fleury Rassi, criadora da DinDin, e Ludmila Hastenreiter, fundadora da Empoderamento Contábil. Mediação de Cris Guterres.
PAINEL 2: EMPRESÁRIAS NEGRAS: A TRADIÇÃO QUE VIRA NEGÓCIO
Com participação de Gabriela Chaves, economista, fundadora da NoFront Empoderamento Feminino, Michelle Fernandes, fundadora da Boutique de Krioula, e Caroline Moreira, fundadora e CEO da startup Negras Plurais. Mediação de Xan Ravelli, colunista Universa.
PAINEL 3: SÍNDROME DA IMPOSTORA: A VOZ QUE NOS PARALISA
Com participação de Juliana De Mari, jornalista e fundadora da Prosa Coaching, Dani Arrais, jornalista e criadora do #falaqueeunãoteescutoimpostora e Monique Evelle, consultora de inovação e estrategista criativa, fundadora da Inventivos. Mediação de Débora Miranda, editora-chefe de Universa.
PAINEL 4: O PRAZER É TODO DELAS: O MERCADO ERÓTICO EM ASCENSÃO
Com participação de Izabela Starling, à frente da Panty Nova, loja de produtos eróticos
Chris Marcello, fundadora da Sophie Sensual Feelings, empresa de cosméticos sensuais, e Marília Ponte, fundadora da Lilith Sextech. Mediação de Barbara dos Anjos Lima, editora de Universa.
PAINEL 5: REDES DE APOIO: CRIANDO PONTES PARA AS MULHERES
Com participação de Mafoane Odara, líder em recursos humanos para América Latina no Facebook, Marina Vaz, fundadora da Scooto e Amanda Momente, cofundadora da Wondersize Moda Esportiva. Mediação de Brenda Fucuta, colunista de Universa.
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