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Ginecologista suspeito de abuso sexual é solto; 53 vítimas já o denunciaram

Segundo a polícia, as vítimas já somam 53 - Reprodução/ Polícia Civil de Goiás
Segundo a polícia, as vítimas já somam 53 Imagem: Reprodução/ Polícia Civil de Goiás

De Universa, em São Paulo

05/10/2021 10h15Atualizada em 05/10/2021 17h03

O ginecologista Nicodemos Júnior Estanislau Morais, de 41 anos, investigado por abusar sexualmente de várias pacientes em Anápolis (GO), foi solto ontem, após decisão da Justiça que revogou sua prisão preventiva. A informação foi confirmada a Universa pelo advogado do médico, Carlos Eduardo Gonçalves Martins e pela delegada responsável pelo caso. Segundo a polícia, as vítimas que fizeram denúncia já somam 53.

Segundo o representante de Nicodemos, o juiz "entendeu que o médico não irá atrapalhar as investigações e não irá fugir do distrito da culpa". Ele deixou o presídio por volta das 19h e deve cumprir algumas medidas cautelares, como ficar afastado do consultório, uso de monitoramento eletrônico e comparecimento mensal em juízo, de acordo com o advogado.

A delegada do caso, Isabella Joy, afirmou a Universa que após a notícia da soltura de Nicodemos, não apareceram novos casos. "Nós temos 53 vítimas, mas depois que ele foi solto, nenhuma mais apareceu. Mas nós continuamos as investigações até para fechar o inquérito para que ele seja denunciado e condenado."

Ele está sendo investigado pelos crimes de estupro de vulnerável e violação sexual mediante fraude, conforme afirmou a delegada. Segundo as denúncias, os abusos aconteciam no consultório, mas o médico utilizava aplicativos de mensagens para enviar textos de cunho sexual. Ainda, de acordo com as investigações, relatos apontam que ele teria tirado fotografias de partes íntimas das pacientes durante as consultas.

"Algumas vítimas falam que ele tirou fotos dos órgãos genitais delas. Elas pediram para que ele apagasse, mas elas não têm informação se ele apagou realmente", acrescenta a delegada.

As investigações sobre o caso, por sua vez, continuam. "Essa semana nós fechamos [o inquérito] um pouco, mas não enviaremos tudo de uma vez", antecipa a delegada.

Uma das vítimas, a aromaterapeuta Kethleen Carneiro, de 20 anos, fez a denúncia após a divulgação da prisão de Nicodemos no final do mês de setembro. Ela afirmou que sofreu as violências em uma ida ao consultório quando tinha 12 anos de idade, mas não fez a denúncia na ocasião.

"Naquela época não se falava tanto sobre isso, eu achei que se contasse, não ia ter muito efeito, por ele ser médico. Mas isso afetou totalmente a minha vida, eu faço terapia há muitos anos. É um trauma", contou ela, a Universa.

Nicodemos foi preso no dia 29 de setembro, suspeito de abuso sexual contra três pacientes. A polícia afirma ainda que o médico já chegou a ser condenado em Brasília com modo de atuação semelhante aos relatos das vítimas de Anápolis - e que outro caso semelhante, registrado no Paraná, acabou sendo arquivado.

Segundo o advogado, a condenação em Brasília não é restritiva de liberdade, apenas privativa de direitos - ou seja, ele não deve ser preso por causa desta pena. Além disso, ainda cabe recurso da defesa neste processo e, portanto, há possibilidade de absolvição.

Em nota, o Cremgo (Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás) afirmou que está apurando a conduta do médico desde o dia da divulgação do caso pela Polícia Civil de Goiás. "Cumprindo o artigo 1º do Código de Processo Ético-Profissional Médico, o Cremego informa que essa apuração tramita em sigilo", diz comunicado.