Pandemia faz noiva se 'casar' com o sogro em BH: 'Ninguém entendeu'
Que a pandemia trouxe novos hábitos e mudança para as nossas vidas, não tem como negar. Mas você já imaginou casar com uma pessoa que você viu apenas uma vez pessoalmente? E se, além de tudo, o seu sogro tomar o lugar do noivo?
Foi isso que aconteceu com a analista judiciária Paula Souza Sabatini Brandão, de 40 anos, moradora de Belo Horizonte (MG), que "se casou" com o próprio sogro - mesmo que apenas por uma questão legal. A situação incomum foi necessária porque o noivo estava morando na Holanda, e, sem conseguir viajar para o Brasil, devido ao fechamento das fronteiras do país, teve que ser representado pelo pai, por meio de uma procuração.
A história de amor entre Paula e o engenheiro Guilherme Augusto Brandão Silva, de 41 anos, começou durante a pandemia, com ajuda da tecnologia.
Em março do ano passado, logo no início das restrições, os dois se conheceram através de um aplicativo de paquera. Na época, eles moravam na capital mineira. No entanto, devido ao medo do novo coronavírus, o encontro pessoalmente demorou a sair da tela.
Paula conta que tinha medo de sair para se encontrar Guilherme e se infectar com a covid-19. Assim, os dois foram se conhecendo apenas por meio do ambiente virtual.
"Nos conhecemos bem no início da pandemia e a chegada do vírus deixava tudo muito incerto. Eu tinha medo de sair de casa e me infectar. Chegamos a marcar alguns encontros, mas, sempre quando chegava no dia, eu desmarcava, porque eu sabia que poderia acontecer de a gente tirar a máscara e isso me assustava bastante", recorda a analista judiciária.
"Eu sempre fui muito verdadeira com ele e sempre deixei claro que o único motivo que eu não o encontrava era por medo da pandemia", acrescenta Paula.
Separação ainda maior
A pandemia não seria o único desafio do casal. Depois de quatro meses de conversas, Guilherme aceitou uma proposta para trabalhar na Holanda. O casal passou a morar a mais de 9 mil quilômetros de distância.
A gente continuou se falando todos os dias. Ele conheceu minha família, eu conheci o novo apartamento dele. Era como se a gente já estivesse junto. O fato de não nos conhecermos pessoalmente era apenas um detalhe
Paula Brandão
Com as fronteiras fechadas devido à pandemia, Guilherme não conseguia retornar ao Brasil para conhecer Paula e a analista também não conseguia deixar o país para encontrá-lo.
Solução: casamento
A situação, no entanto, foi resolvida alguns meses depois, graças a uma brecha na lei: a Holanda permitia a entrada de brasileiros em caso de casais que estivessem separados devido à pandemia. No entanto, o relacionamento precisaria ser comprovado. Mas como Paula e Guilherme teriam provas que eram um casal se nunca se viram pessoalmente?
A alternativa encontrada por eles foi reunir a declaração de familiares que pudessem confirmar o relacionamento entre os dois.
"No início a minha mãe ficou receosa, mas conseguimos juntar essa procuração dos nossos pais e irmãos e, em setembro do ano passado, eu fui para a Holanda finalmente conhecer o Guilherme. Foi muito melhor do que nós imaginávamos e eu voltei de lá namorando oficialmente", recorda Paula.
A chegada da segunda onda da covid-19 no Brasil, no início deste ano, fez com que a entrada de brasileiros na Europa fosse suspensa mais uma vez, e Paula não conseguiria mais viajar para visitar Guilherme. Foi aí que o casal resolveu dar mais um passo no relacionamento e oficializar a união.
E como casar com alguém que mora em outro continente sem que ambos possam sair do país? É aí que o sogro entra na história.
Para que o casamento pudesse ser realizado sem a presença do noivo, era necessário que Guilherme enviasse uma procuração a alguém para ser seu representante legal no grande dia, e o escolhido foi o seu pai, Augusto Silva Filho.
Eu havia visto meu sogro apenas uma vez. Foi uma situação engraçada, porque no cartório ninguém entendia que ele não era o noivo, mas foi um momento muito especial e o Guilherme acompanhou tudo por videochamada
Enfim casados, Paula pôde viajar para encontrar o marido. Em maio, se casaram no religioso, em Lisboa, Portugal. Na igreja, segundo Paula, estavam apenas ela, Guilherme e o padre.
Mas a saga de Paula e Guilherme para conseguirem ficar juntos está longe de terminar. Paula morou com o marido até o mês passado, quando precisou retornar ao Brasil, já que Guilherme foi transferido e está morando agora no Catar. Sem a documentação definitiva para ficar no país, Paula não pode acompanhá-lo.
"Acredito que dentro de um mês toda a burocracia esteja resolvida e a gente possa ficar junto novamente. É um amor que superou todas as barreiras intercontinentais e deu certo. Temos muitas histórias para contar aos nossos netos", brinca Paula.
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