Dia da Leitura: 3 autoras contemporâneas indicam livros de outras mulheres

Neste 12 de outubro, além do feriado em homenagem à Nossa Senhora Aparecida, também é celebrado o Dia Nacional da Leitura. De acordo com a pesquisa Retratos da Leitura (a mais completa sobre o tema) de 2020, 100 milhões de pessoas (cerca de 52% da população brasileira) se consideram leitores ativos, tendo lido pelo menos um livro nos últimos três meses. O estudo também mostra que a maioria desses leitores pertence ao gênero feminino —54% do total.

Outro levantamento mais recente aponta que houve aumento de 48,5% na venda de livros no primeiro semestre de 2021, quando comparado ao mesmo período do ano passado. Para celebrar a data, Universa pediu para que três autoras brasileiras da atualidade compartilhassem dicas de leitura com nosso público. A seguir, as escritoras Natalia Timerman (autora de "Copo Vazio"), Aline Bei ("Pequena coreografia do adeus" e "O peso do pássaro morto") e Lorena Portela ("Primeiro eu tive que morrer") indicam um livro —também escrito por uma mulher— para você adicionar à estante:

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Natalia Timerman indica:

"O corpo interminável", Claudia Lage

"Para abrir 'O corpo interminável', de Claudia Lage, é preciso preparar-se para adentrar escombros, não só os da história ficcional de Daniel e Melina, o casal que se conhece em uma biblioteca à procura de um mesmo livro sobre desaparecidos na ditadura militar brasileira, mas os da história tão mal resolvida deste nosso Brasil. Não pense, porém, que se trata de uma leitura árida: a beleza da escrita de Lage, com as inúmeras passagens que nos remetem a nuances de nossa própria vida, tornam essa jornada aos passados que não passam nunca —o de Daniel, o de Melina e o nosso— ainda que triste, ainda que terrível, encantadora, deflagrando a força maior da literatura: aquela de nos fazer suportar o insuportável, de compreender o incompreensível, ou de suportar o mero fato de que o incompreensível assim o seguirá. É assim que sabemos da busca de Daniel pela memória de sua mãe, guerrilheira desaparecida nos anos de chumbo, da busca de Melina para preencher as lacunas de sua história pessoal e, no encontro entre ficção e verdade, as de nossa História."

Aline Bei indica:

"Você não vai dizer nada", Julia Codo

"'Você não vai dizer nada' da Julia Codo é um livro que cuida da palavra 'espanto'. Nesse mundo onde tudo parece desgastado, há um cansaço nas coisas, bocejos em ouvidos e bocas. Acontece que Julia é um grande sopro de inovação. São treze contos entrelaçados pelo fio do absurdo, num estranho e profundo movimento de atravessamentos; por exemplo, entre um casal que se esqueceu do abraço e a morte de uma baleia; uma mãe e uma filha que repousam na imagem de uma sereia ou uma mulher solitária e o abismo de uma ponte. A linguagem é orgânica, encaixada em ritmo urbano, nos conduz para lugares e situações que só mesmo este livro poderia nos levar. Que cabeça linda a Julia tem, imaginei o cérebro dela como uma fábrica lúdica que desmonta e renova palavras."

Lorena Portela indica:

"Os tais caquinhos", Natércia Pontes

"O Brasil está num momento da literatura contemporânea feita por mulheres que é um barato. Muita coisa boa, forte, do nosso tempo. Dei um tempinho nos romances, na ficção e mergulhei na poesia porque estou escrevendo meu segundo livro. Mas, para mencionar um título dessa leva que citei acima, vou de 'Os tais caquinhos', da minha conterrânea Natércia Pontes. Ando indicando a todo mundo. Uma história bonita, mas feia, e sem truques. Natércia é original, corajosa —também gosto muito dos livros da argentina Ariana Harwicz. Na cota masculina entra o italiano Domenico Starnone. Ele tem uma aparente banalidade, uns enredos que parecem bestas, mas não poupam ninguém, os socos são constantes."

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