Bárbara Evans: 'Ao perder um dos bebês, senti dor e paz ao mesmo tempo'
Os últimos meses têm sido intensos para Bárbara Evans. Com apenas 30 anos, a modelo, que se casou em maio de 2020 com o empresário Gustavo Theodoro, se submeteu a um tratamento de fertilização in vitro para realizar o sonho de ser mãe.
Desde que começou a frequentar as clínicas de reprodução assistida, ela divide com 1,8 milhão de seguidores no Instagram seus medos, angústias e conquistas. "Quis contar tudo o que eu estava passando, justamente para poder ajudar as outras pessoas. Minha intenção é compartilhar as informações", conta, em entrevista para Universa. Após momentos tensos, anunciou em setembro que estava grávida de gêmeos. Algumas semanas depois, postou vídeos emocionada, explicando que o coração de um deles havia parado de bater.
Na entrevista a seguir, Bárbara fala para sobre a espera do bebê, do qual ainda não sabe o sexo, relembra as dificuldades que enfrentou no caminho e divide aprendizados. "Não me arrependo do que vivi, mas se precisasse passar pelo processo de novo, não implantaria dois embriões. Preferiria colocar só um de cada vez, para evitar riscos", fala. Leia mais:
UNIVERSA - Como tem sido essa primeira fase da gravidez?
BÁRBARA EVANS - Hoje completamos 13 semanas. Esses três primeiros meses não foram fáceis, tive muita dor de cabeça, em alguns dias não conseguia nem sair da cama. Passei bem mal mesmo. Como sempre falo para todo mundo, não vou romantizar a gravidez porque eu vejo muita gente fazendo isso e não é essa a realidade. Tive muita enxaqueca, um pouco de enjoo, dor de estômago e falta de ar. Mas na semana passada eu parei um dos medicamentos que estava tomando, a progesterona. Depois disso começou a diminuir a dor de cabeça. Hoje já consigo ter uma vida mais próxima do normal. Acho que a partir de agora tudo vai melhorar, já está melhorando.
Você compartilha cada etapa do processo com seus seguidores. Existe algo que preferiu manter em sigilo?
Não mantive nada em segredo, contei absolutamente tudo. A única coisa que esperei para falar foi sobre o resultado positivo da gravidez. Quis contar tudo o que eu estava passando, justamente para poder ajudar as outras pessoas. Minha intenção é compartilhar as informações. Quero que mais pessoas acompanhem minha história e eu possa servir de exemplo para as famílias e para os casais. Tanto um exemplo de força, quanto do que fazer ou não fazer durante o processo.
Antes mesmo de engravidar, você já tinha ganhado peso devido ao tratamento hormonal e falado sobre isso no Instagram. Como vem lidando com o assunto?
O tratamento de fertilização durou de três a quatro meses. Nesse período eu engordei 14 kg. Fazia uma dieta, mas não tão rigorosa. A médica avisou que eu ia começar a engordar bastante por causa de todos os hormônios, que eram injetáveis e via oral. De fato, no primeiro mês já comecei a ver a diferença no meu corpo.
Teve um dia em que fiquei triste. Chorei muito, muito, porque trabalho com a imagem e com o corpo. Essa tristeza durou dois dias, até conversar com meu marido e chegar à conclusão de que eu tinha de deixar isso de lado para seguir em frente e realizar o nosso sonho.
Quando eu coloquei na balança o meu peso, o meu corpo, a minha imagem com o meu grande sonho, a questão física ficou tão pequena que eu realmente me entreguei de corpo e alma para o tratamento. No final já não cabiam muitas e muitas roupas minhas, mas eu estava feliz por engravidar. Valeu cada quilo que eu aumentei.
Agora, na gravidez, estou engordando um quilo por mês —que é o normal de toda gestação. Essa não é a minha preocupação agora. Não cheguei a receber críticas e mesmo que recebesse seria tão pequeno perto do meu filho, que está dentro de mim, que é a maior felicidade da minha vida, que não me atrapalharia e nem me deixaria triste. Até porque estou me amando. Olho no espelho e sou apaixonada por mim.
Os hormônios -- do tratamento e, agora, da gravidez -- vêm influenciando seus sentimentos? Como lida com as oscilações, principalmente dentro do casamento?
Acredito que a fase mais difícil tenha sido a do tratamento. Além dos hormônios, existe a pressão de conseguir, a tensão pela quantidade de óvulos coletados. O psicológico tem que estar bem preparado. Eu chorava todos os dias. Agora na gravidez, sinto os efeitos de uma forma mais leve. Brinco que estou "pegando bode" de algumas pessoas, tem gente que manda áudio e eu não aguento nem ouvir [risos].
Mas com relação ao casamento, está menos pior do que na época do tratamento, quando a pressão era maior. Agora já estamos "grávidos", realizando o nosso sonho.
Em tudo o meu marido entende que eu estou grávida e tem que ter paciência. [risos]
Como concluiu que era a hora certa de tentar ter filhos?
Sempre tive vontade de ser mãe. Quando era pequena eu via na escola as mães buscando as crianças e me vinha aquela vontade de um dia fazer o mesmo. A partir do momento em que você acha a pessoa certa, casa e as duas pessoas têm o mesmo sonho, não tem por que não tentar. Logo quando casamos e vimos que iríamos ficar juntos, essa ideia foi tomando forma e a gente começou a tentar.
Quando você e o Gustavo perceberam que as tentativas poderiam não dar certo? Quando soube que precisaria fazer fertilização, teve algum medo?
Precisei fazer uma cirurgia em um dos ovários para a retirada de um cisto. Depois do procedimento, a médica me informou que o funcionamento daquele ovário não seria perfeito, em decorrência do procedimento. Além disso, também me avisou que sofro de endometriose, uma doença que dificulta o processo de engravidar. Por esses motivos, a ginecologista que me acompanhava sugeriu que fizéssemos o espermograma do Gustavo. Se o resultado fosse excelente, daria certo. Qualquer resultado abaixo disso tornaria as chances bem pequenas.
Fizemos o exame e tanto a qualidade dos espermatozoides quanto a quantidade vieram abaixo do esperado. Por isso ela nos indicou já passar pela fertilização, pois quanto menor a nossa idade, mais fácil seria de dar certo. Nem pensamos duas vezes, não tivemos medo algum. Pelo contrário, ficamos agradecidos por existir soluções para isso. Logo fomos buscar o tratamento.
Seus embriões passaram por um processo de biópsia. Por quê? Foi uma indicação médica, ou a iniciativa partiu de vocês?
A biópsia foi uma decisão nossa porque eu já tive câncer de pele, na minha família há bastante casos de câncer e na família do Gustavo também. Então preferimos fazer e evitar um futuro sofrimento para o nosso filho. Mesmo sabendo que a quantidade de embriões que poderiam evoluir poderia diminuir muito, preferimos passar por isso agora do que ter problemas no futuro.
Quando você recebeu a notícia sobre a gravidez de gêmeos, como reagiu?
Na verdade, primeiro recebi a notícia sobre a gravidez e só depois soube que seriam gêmeos. No primeiro ultrassom, só tinha um embrião visível, apesar de termos colocado dois. Voltamos para casa e eu comecei a dizer para o Gustavo: "Amor, eu não estou grávida de um. Eu tenho certeza, eu sinto que tem dois dentro da minha barriga". E todo mundo me chamava de maluca, porque já tínhamos visto que era só um.
Depois de duas semanas eu voltei para fazer outro ultrassom e realmente eram dois. Um bem menor do que o outro: ele demorou mais para fixar e teve um tempo a menos do que o outro. Automaticamente ele ficou menor e o desenvolvimento dele ficou mais difícil.
Um dos fetos acabou não se desenvolvendo. Como foi?
A perda aconteceu com nove semanas. Passamos dois meses de muita tensão. Toda vez que íamos fazer ultrassom as notícias não eram boas. A gente precisou ter muita fé. Eu me agarrei muito com Deus, mas ainda assim fiquei nervosa, apreensiva. Já ia para os exames passando mal de nervoso, além das noites de insônia.
Isso porque um dos riscos era de que o menor continuasse se desenvolvendo no ritmo dele e, mais para frente, com 20, 22 semanas, seu coraçãozinho parasse de bater. Se a perda acontece até o terceiro mês, o corpo absorve. Mas, se acontecesse depois, teria de passar por um parto e acabaria perdendo os dois, já que o outro também teria de ser retirado.
Como pedi que Deus resolvesse essa situação da melhor forma, ao mesmo tempo em que fiquei triste, também fiquei em paz, porque sabia que o melhor tinha sido feito.
Sente que ainda está vivendo um período de luto?
Um dos bebês foi embora para deixar a saúde do outro. Ele foi morar com o papai do céu e vai ser sempre nosso, estar no nosso coração.
Não sinto que cheguei a ficar de luto porque consegui compreender a mensagem que estava sendo passada para nós. Não me arrependo do que vivi, mas se precisasse passar pelo processo de novo, não implantaria dois embriões. Preferiria colocar só um de cada vez, para evitar esse risco.
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