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'Transformei meu hobby em negócio e produzo quebra-cabeças para mulheres'

Puzzle Me, empresa de Daniela Petroni, surgiu porque ela não encontrava jogos com imagens que a agradassem - Divulgação
Puzzle Me, empresa de Daniela Petroni, surgiu porque ela não encontrava jogos com imagens que a agradassem Imagem: Divulgação

Daniela Petroni em depoimento a Claudia Dias

Colaboração para Universa

17/10/2021 04h00

"Desde os meus 18 anos sou apaixonada por quebra-cabeças. Na época, eu namorava um rapaz inglês e a irmã dele sempre montava os puzzles. Comecei a me interessar cada vez mais e passei a me dedicar às montagens com frequência. Há cinco anos, esse hobby virou negócio. Um dos braços da minha empresa é um projeto que une arte de mulheres em prol do empoderamento feminino.

Eu montava pelo menos um quebra-cabeça a cada três meses ou quando encontrava algum com imagem bem diferente. Me tornei uma colecionadora. Já perdi as contas de quantos jogos tenho, mas na última mudança foram mais de seis caixas grandes, só com quebra-cabeças. Tenho preferência pelos de 500 e 1.000 peças. Os que mais gosto, acabo transformando-os em quadros —tenho cinco emoldurados na minha casa. Quanto aos outros, desmonto-os e guardo tudo em caixas.

Não gosto dos quebra-cabeças de paisagem. Prefiro arte moderna, desenhos, muitas cores, pinturas, gravuras. Minha empresa, a Puzzle Me, surgiu justamente pela dificuldade de não encontrar jogos com imagens que me agradassem. Queria algo mais moderno, que pudesse decorar minha casa.

Sou formada em Hotelaria e, durante mais de 10 anos, me dediquei a alimentos e bebidas. Tive meu próprio restaurante, mas estava cansada da área. Também trabalhei como produtora de eventos e gerenciamento de operações em teatros.

Há pouco tempo saí do meu outro emprego para me dedicar exclusivamente à Puzzle Me. Hoje, vou da estagiária de marketing ao atendimento, passando por negociação com fornecedores ao fechamento de contrato com artistas e novos negócios —enfim, o que todo empreendedor acaba sendo: um pouco de tudo.

'Não dá para romantizar o empreendedor'

Aliás, do mesmo modo que não podemos romantizar a 'supermãe', é um grande erro fazer o mesmo com o empreendedor. Empreender é difícil e você trabalha muito mais do que em um emprego como contratado ou CLT.

Além disso, produzir quebra-cabeças é bastante complicado. São muitos detalhes, desde a parte gráfica até a produção em si, passando pela qualidade do papelão nacional ao desenho da faca. As variantes são tantas que é sempre um frio na barriga a cada produção.

Para se ter uma ideia, fundei a empresa em 2016, mas já vinha estudando todos os processos para fabricação desde 2010.

'Mulheres são principal público'

Desde a fundação, já produzimos mais de 10 mil quebra-cabeças. Trabalhamos com produtos customizados para empresas e vendas no nosso e-commerce. Atualmente, 50% do rendimento vêm dos projetos corporativos e 50%, do varejo. Nosso público é majoritariamente feminino: elas respondem por 80% dos consumidores.

No fim de 2020, lançamos o Projeto Mulheres. Por meio dele, transformamos obras de arte, criadas por mulheres, em quebra-cabeças. Busquei artistas que transmitissem, com seus trabalhos, toda a garra, força e delicadeza que temos dentro de nós. Na seleção, levamos em conta também a arte, o colorido e o posicionamento das artistas.

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Imagem do quebra-cabeça com ilustração de Pri Barbosa tem elementos femininos
Imagem: Divulgação

A estreia da coleção envolveu a Priscila Barbosa, artista visual, muralista e ilustradora paulistana. Sua arte deu origem ao quebra-cabeça Peixes. A segunda imagem é da Eva Uviedo, que é artista e ilustradora argentina. Sua obra é a Sonho de Mar.

O terceiro quebra-cabeça do projeto é Encontros, da artista plástica e designer de estampas Jade Marangolo. A mais recente obra adicionada à coleção feminina é assinada pela arquiteta e artista visual Ariell Guerra, de Natal (RN) e chama-se Nordeste Independente.

quebra cabeça - Divulgação - Divulgação
Produto tem ilustração da artista Eva Uviedo. A obra é a "Sonho de Mar"
Imagem: Divulgação

'Projeto Mulheres visa empoderar'

A coleção de quebra-cabeças com obras de artistas inspiradoras, além de evidenciar novas formas de arte, tem o objetivo de arrecadar fundos para instituições que apoiam e empoderam mulheres em situação de vulnerabilidade. A cada produto vendido, 5% é destinado para as associações Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME) e Fala Mulher.

O IRME é uma organização sem fins lucrativos que fomenta a geração de renda, capacitando mulheres de todo o Brasil para que sejam donas do próprio destino. Já a Associação Fala Mulher desenvolve trabalhos sociais em São Paulo, sobretudo com vítimas de violência doméstica.

Durante a pandemia, tive um insight e ressignifiquei o projeto social que já tínhamos, o Pecinhas do Bem. Quando comecei a buscar por imagens para transformá-las em quebra-cabeças, me dei conta de que as obras de que eu mais gostava eram de artistas mulheres, então faria muito sentido apoiar mulheres e criar um ciclo.

Assim, conseguimos dar visibilidade à arte feminina e, ao mesmo tempo, auxiliar organizações que trabalham em prol dos direitos e cuidados das mulheres em situação de vulnerabilidade.

Daniela Petroni, 46 anos, empreendedora, de São Paulo (SP).