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'Só atendemos mulheres': vereadora denuncia transfobia em shopping de BH

Segundo vereadora, funcionárias de salão de beleza se negaram a atendê-la por ser mulher trans. - Arquivo Pessoal
Segundo vereadora, funcionárias de salão de beleza se negaram a atendê-la por ser mulher trans. Imagem: Arquivo Pessoal

Júlia Flores

De Universa

26/10/2021 16h51

A vereadora Duda Salabert (PDT) usou as redes sociais para denunciar um caso de transfobia que teria acontecido na tarde desta segunda-feira (25) em um salão de beleza do Shopping Cidade, localizado em Belo Horizonte (MG). Segundo Duda, as funcionárias se negaram a atendê-la por causa de sua orientação de gênero; Salabert é uma mulher transexual.

Universa entrou em contato com a vereadora para saber mais detalhes do episódio. Por telefone, ela confirmou que o caso aconteceu por volta das 14h dessa segunda. Ao pedir para fazer o design de sua sobrancelha, as duas funcionárias do salão recusaram o atendimento. "Elas me disseram que só atendiam mulheres", relembra Duda.

A vereadora diz que, após o episódio, encaminhou-se diretamente ao SAC (setor de atendimento ao cliente) do shopping para relatar o caso e fazer uma denúncia formal. "Eles se desculparam comigo e, em troca, cobrei que a gerência realizasse um evento de sensibilização dos funcionários sobre a causa LGBTQIA+", conta.

No Twitter, a vereadora publicou um post a respeito do ocorrido. Duda preferiu não divulgar o nome do estabelecimento para evitar boicote ao local: "Tenho a concepção de que conscientizar é mais importante do punir". Ela ainda não registrou um boletim de ocorrência sobre o fato, porém prepara-se para apresentar uma denúncia formal sobre o episódio nesta quarta-feira (27), ao DECRIM, delegacia especializada em questões de gênero.

"Violências como essa são comuns"

O caso de transfobia acontece três dias depois da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais manter o veto do governador Zema (NOVO) contra o projeto de lei que previa punição financeiras aos estabelecimentos que discriminassem clientes por causa de sua orientação de gênero.

"Nós, pessoas trans, sofremos preconceito diariamente. Fazem parte do nosso cotidiano. O que pode chocar a sociedade, já não nos choca. Lógico que este episódio me deixou abalada e feriu minha dignidade, mas convivo com situações parecidas há muito tempo", falou a vereadora.

A Universa Duda revelou que prefere não denunciar a maior parte dos casos de transfobia que sofre. "Depois que fiz o post no Twitter, recebi uma série de comentários maldosos e ofensivos sobre o que aconteceu. Chegaram a defender a loja; acho que as pessoas se esquecem que transfobia é crime."

Entendo que como figura publica que sou, é importante para gerar números sobre a violência contra transexuais, por isso denunciei. Caso contrário, teria ficado quieta; os ataques que recebo depois dessas denúncias é desestimulador - Duda Salabert

Vale reforçar que, de acordo com o Supremo Tribunal Federal (STF), o crime de transfobia é inafiançável e equiparável ao racismo. A pena varia de um a três anos.

Shopping se pronunciou sobre o episódio

Através de nota, o Shopping Cidade afirmou "repudiar a prática discriminatória". "Diante da denúncia recebida, a equipe da administração do Shopping Cidade acolheu prontamente a cliente Duda Salabert e assumiu o compromisso em apurar e atuar na conscientização deste e de outros lojistas para evitar que a situação se repita", escreveu o estabelecimento.