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Mulheres veem camisinha como método contraceptivo mais seguro, diz pesquisa

Camisinha é a mais eficiente, segundo entrevistadas pela pesquisa - iStock
Camisinha é a mais eficiente, segundo entrevistadas pela pesquisa Imagem: iStock

Cristina Almeida

Colaboração para Universa

29/10/2021 04h00

Pesquisa on-line sobre contracepção realizada em conjunto pela Libbs Farmacêutica e pelo UOL mostrou que, durante a idade reprodutiva, a camisinha e a pílula anticoncepcional seguem sendo preferência nacional quando comparadas aos outros métodos contraceptivos, como o DIU hormonal e não hormonal, adesivo, diafragma, anel, implante e espermicida.

Pílula X Camisinha - Arte/ UOL - Arte/ UOL
Imagem: Arte/ UOL

Os dados coletados mostraram que a camisinha foi utilizada por 71% das pessoas, e 38% continuam usando. Já 72% das mulheres usaram pílula e 36% usam atualmente. Entre as jovens de 16 a 30 anos, o preservativo é até considerado mais eficaz. A pílula do dia seguinte, contraceptivo de emergência, aparece bastante utilizada também, por 42% das mulheres.

Acompanhamento médico é importante

A pesquisa Libbs-UOL mostrou que 79% das mulheres já sabem que não existe receita pronta na hora de escolher o método contraceptivo, Especialmente porque, no caso dos anticoncepcionais hormonais, cada mulher reage de forma única. No entanto, os dados confirmam a queda no uso de pílula anticoncepcional. Quando indagadas sobre a razão pela qual pararam de usá-la, 30% das mulheres responderam que se sentiam receosas com os efeitos colaterais e as desvantagens.

É importante saber que alguns contraceptivos contêm progesterona isolada, e outros combinam vários tipos de progesterona e estrogênio. Estes últimos são os mais utilizados, têm diferentes formulações e apresentações e, como todo medicamento, possuem contraindicações e efeitos colaterais —outros motivos pelos quais a automedicação nunca é boa ideia.

Aliás, um dado relevante coletado pela pesquisa é que, para 63% das participantes, o ginecologista foi a principal fonte de informação.

"O médico tem um papel importante nesse contexto. Cabe a ele levantar o histórico de saúde de cada paciente para identificar não só riscos potenciais, mas também as suas demandas para além de não engravidar", fala a ginecologista Mariane Nunes de Nadai, ginecologista, membro do comitê de Anticoncepção da Febrasgo (Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia) e docente do curso de medicina da FOB- USP (Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo).

Mas... E a trombose?

A pesquisa também revelou que a trombose assombra 73% das mulheres. Rogério Bonassi Machado, professor livre-docente de ginecologia e presidente da Comissão Nacional de Anticoncepção da Febrasgo, lembra que, há 60 anos, quando apareceram as primeiras pílulas, elas, de fato, foram associadas a problemas cardiovasculares, tromboembólicos, infarto e AVCs (acidente vascular cerebral).

"Contudo, logo foi descoberta a relação disso com doses altas de hormônios —que eram, na época, dez vezes superiores às atuais. Hoje, os eventos de trombose têm números semelhantes entre não usuárias [4 em cada 10 mil mulheres] e usuárias de pílulas [8 em 10 mil]. Na maioria das vezes, ainda encontramos algum outro fator de risco que não era conhecido."

Entre as jovens, o infarto e o AVC são mais raros e, quando isso acontece, os quadros geralmente decorrem de condições predisponentes, como o tabagismo, a hipertensão, o diabetes, o colesterol alto, bem como à enxaqueca com aura (no AVC).

Importante saber que o contraceptivo com progesterona isolada não apresenta esses riscos.

Perda da libido e aumento de peso

Mudanças de peso teriam a ver com outros fatores que não a pílula - iStock - iStock
Mudanças de peso teriam a ver com outros fatores que não a pílula
Imagem: iStock

Outras dúvidas identificadas pela pesquisa foram alterações nas respostas sexuais e o aumento do peso. Na opinião de 41% das participantes, a pílula diminui a libido, e para 51% delas, ela engorda.

Quanto à libido, os dados são contraditórios. Enquanto há relatos de alterações nas funções sexuais, a pílula é também relacionada a mais desejo, número e intensidade de orgasmos, satisfação e excitação. Em ambas as situações, o médico pode reavaliar a prescrição para minimizar os efeitos percebidos.

No quesito peso, a maioria das pesquisas científicas disponíveis sobre a pílula até o momento não mostra diferença substancial na balança. "Argumenta-se que, quando a mulher engorda, isso decorre de mudanças naturais do metabolismo e do estilo de vida, fatores associados ao passar dos anos", fala Débora Leite, ginecologista do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco.

Benefícios adicionais

Os especialistas são unânimes em afirmar que o contraceptivo oferece benefícios adicionais, além de evitar a gravidez. Ele pode prevenir doenças e melhorar a qualidade de vida. Confira:

  • Regula o ciclo menstrual e o sangramento intenso
  • Controla a TPM, cólica e a anemia ferropriva
  • Pode suspender os ciclos
  • Controla quadros de acne (pílula combinada)
  • Reduz sintomas do ovário policístico
  • Reduz excesso de pelos na face ou no corpo
  • Reduz a dor da ovulação
  • Previne câncer de ovário e endométrio
  • Protege conta a gravidez ectópica
  • Previne cistos ovarianos
  • Protege contra doença inflamatória pélvica
  • Potencial prevenção de doenças mamárias benignas (fibroadenoma) e miomas

Você pode, mas não precisa fazer tudo sozinha

A pesquisa também mostrou que os homens têm pouca influência na escolha das mulheres sobre o método anticoncepcional. Para 48% delas, a opinião do homem representa pouco ou nada, especialmente entre as solteiras. Já entre as casadas e as que estão em um relacionamento sério, esse percentual é de 27% e 18%, respectivamente.

O fato é que, para muitos homens, as opções se resumem a coito interrompido, camisinha e vasectomia. Sem a tão esperada pílula masculina (o estudo dela foi interrompido por questões de segurança), a maioria das mulheres continua assumindo sozinha os encargos da contracepção. Aliás, o número de homens acompanhando mulheres no ginecologista é bastante reduzido, e eles estão mais presentes nas ocasiões em que o casal está planejando gravidez.

É importante, no entanto, estabelecer uma conversa franca para saber como o parceiro lida com a responsabilidade da contracepção, o que pensa sobre ter filhos, como responderia a uma gravidez indesejada. E, para que a sua tomada de decisão seja consciente, pesquise e converse com o seu ginecologista. Essas atitudes aumentam as chances de ter mais qualidade de vida.