Meu projeto verão: com regras próprias, elas cuidam de corpo e saúde mental
Esqueça a fixação por dietas restritivas e a correria pelos próximos dois meses para tentar conquistar um "corpo de verão" que corresponda aos padrões de beleza feminina.
Cuidar da saúde mental e física e melhorar a autoestima é o que tem impulsionado mulheres a fazerem atividades físicas, comerem para se nutrir e ter disposição e reverem as emoções ligadas ao autocuidado — principalmente após essas experiências terem sido alteradas ou interrompidas por causa da pandemia.
Falta de ânimo, medo da doença, preocupação com o futuro e quadro de ansiedade e depressão afetaram, e muito, a saúde mental das mulheres nos últimos tempos. Para Ellen, Joyce e Maju, entrevistadas por Universa, agora é a hora de criar um "projeto verão" com regras próprias, olhar para si mesma com mais carinho e compreender que, na verdade, estão embarcando em uma rotina de cuidados para a vida. Como você tem pensado seu "projeto" por aí?
"Projeto verão": um jeito mais acolhedor de se cuidar
No mês passado, Universa lançou um Manifesto por uma beleza mais Universa com pesquisa feita pelo instituto de pesquisa Studio Ideias, de São Paulo, em que tivemos um retrato da relação das mulheres com sua própria imagem frente aos efeitos da pandemia: 53% das entrevistadas assumiram que gostariam de ter um corpo diferente do que têm agora. 45,5% afirmaram ter a sensação de pressão para se encaixar em padrões estabelecidos.
É comum que, para tentar alcançar esses padrões, sejamos conquistadas por promessas de emagrecimento e pela lógica de que exercícios físicos são o caminho para ter o "bumbum na nuca" ou a "barriga chapada" como resultados.
Para a atleta amadora Ellen Valias, que também é produtora de conteúdo no Instagram Atleta de peso, no entanto, mexer o corpo tem tudo a ver com a saúde mental. Na página, inclusive, ela publicou uma sugestão de "outro projeto verão" para abordar o tema:
"O clássico é pensar no bumbum na nuca, barriga chapada. Mas o projeto que vale a pena é o para o bem-estar e para a saúde mental", comenta Ellen, que também faz faculdade de Educação Física e incentiva seus seguidores pela rede social a manter atividades físicas na agenda.
É possível criar um 'projeto verão' que não seja seguindo o que já é imposto, mas isso é difícil em uma sociedade que vincula o esporte e a atividade física à punição ou a resultados estéticos. Brinco que tem que ser um projeto verão, outono, inverno, o ano todo.
Mesma percepção tem a auxiliar administrativa Maria Julia Fernandes, a Maju, que deu entrevista em julho no ano passado para uma matéria sobre mudanças do corpo na pandemia. Naquela época, Maju se preocupava muito em manter uma rotina regrada de alimentação e de exercícios físicos com o objetivo de emagrecer.
"Hoje, estou mais relax e isso tem a ver com a melhora da autoestima, porque, de lá para cá, me apaixonei por mim. Parei para pensar o que estou colocando de alimento dentro do meu corpo, como está minha imunidade. Vai muito além de olhar só para o que mostra o espelho", comenta. "Já fiz muitos 'projetos verões', mas entendo que precisa ser para a vida toda".
Corpo de pandemia e corpo 'de verão'
Se você também viu o corpo mudar durante a pandemia, e encarou o "medo de engordar" durante o isolamento, também pode ter seu projeto verão. Estamos falando daquele que não gere frustrações e que seja um caminho para acessar saúde física e emocional ao mesmo tempo.
"Há a ideia de que, se alguém engordou, a vida acabou", pontua Ellen. "A mulher que ganhou peso na pandemia pode estar sem força de vontade para fazer atividade e se achar preguiçosa. Mas isso é uma frustração que acontece porque nos comparamos ao padrão de beleza estabelecido. É preciso entender que se exercitar é um direito e que precisa ser algo prazeroso de se fazer".
"Todo projeto que tem como motivação a saúde é bem-vindo"
A nutricionista Joyce Souza é, ao mesmo tempo, observadora e objeto do questionamento "seguir ou não um projeto verão"? Para ela, que atende pacientes com transtornos alimentares e que também viu o próprio corpo mudar durante o período de isolamento, a resposta passa por aprender a respeitar quem se é, sem fazer comparações com os outros. "Se vem sem pressão, é bem-vindo. Mudar hábitos alimentares, ter acompanhamento de um educador físico, precisa ser por causa da saúde".
Assídua na academia, ela conta que também notou mudanças físicas na pandemia. Tudo porque alterou alguns hábitos. "No ápice da pandemia, com a academia fechada, parei qualquer atividade física. Ficava em casa com minha mãe bebendo e fazendo comida para assistir lives. Quando minhas roupas pararam de servir, resolvi fazer exercícios, como pular corda"
Estamos um pouco desequilibrados em várias áreas durante a pandemia e sabemos que tudo na vida é questão de equilíbrio. Então, o que recomendo é não ser restrito em relação a nada. E fazer aquilo que já sabemos: beber bastante água, comer frutas da estação, evitar frituras e bebidas alcoólicas em excesso.
Tudo pronto? Dicas para o seu 'projeto verão' de autocuidado:
- Abandone a ideia de que "precisa fazer exercício para emagrecer". "Tem que ser algo que dê prazer. Não necessariamente comer batata doce e postar que 'tá pago' nas redes sociais", orienta Ellen.
- Escolha profissionais de saúde e professores de atividade física que respeitem seu corpo.
- Entenda que atividade física não é acessível da mesma forma para todas as pessoas. "A blogueira fitness que assistimos tem um personal trainer para ajudá-la a correr. Nem todo mundo pode fazer isso", diz Ellen.
- Coloque como incentivo a ideia de que se exercitar dá mais autonomia corporal ao envelhecer e que pode ajudar a ter um sono melhor, entre outros benefícios.
- Entenda que "corpo de verão é aquele que a gente tem, e que temos que malhar porque nos amamos e não porque nos odiamos", orienta Joyce.
- Beba água com frequência e busque opções de equilíbrio na alimentação. "Passamos mais de um ano e meio sem sair de casa, você vai para um bar e pedir salada? Peça aquilo que você gosta", comenta a nutricionista.
- Tenha saladas, verduras e fibras como parte do seu "projeto de vida saudável" e não siga dietas restritivas.
- Procure um profissional de saúde para ter orientações corretas para sua saúde.
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