Ela começou empresa de donuts com R$ 120 e hoje fatura mais de R$ 500 mil
Um hobby que virou profissão: um caminho que é natural para muitas pessoas que abrem seu próprio negócio e começam a empreender foi o que aconteceu com Roberta Cabral, 38 anos, de Jacareí, no interior do estado de São Paulo. Trabalhando há mais de 15 anos na área administrativa —seu último cargo formal havia sido em um hospital—, ela decidiu pedir as contas quando teve sua filha, hoje com 12 anos.
"Nunca passou pela minha cabeça empreender. Eu estava em casa já fazia uns três anos cuidando da minha filha enquanto meu marido trabalhava fora. Fazia donuts para ela levar na escola em dia de festinha e para os cafés da tarde com minhas amigas. Em um desses cafés, uma delas postou uma foto no Instagram e foi um 'boom'. Na hora, ela recebeu um monte de comentários —as pessoas perguntavam onde comprar os donuts, como encomendar. Foi dessa amiga que veio a ideia de transformar meu hobby em profissão", conta Roberta em entrevista a Universa.
O episódio da postagem dos donuts na rede social foi em 2018 e, de lá para cá, a marca Donuts da Rô só cresceu. "Eu sou apaixonada pela culinária de fora do país. Quando eu fazia donuts, ainda informalmente, nem tinha a receita oficial, a que fazem nos Estados Unidos. Era mais uma rosquinha, uma versão abrasileirada do doce. Quando decidi fazer para vender, comecei a estudar confeitaria de verdade. Na época, era uma coisa super diferente —aqui na minha região, no Vale do Paraíba, ninguém fazia, as pessoas nem conheciam. Hoje já tem muita gente que faz", diz.
Após a ideia da amiga, Roberta pensou bastante e, no dia seguinte, decidiu arriscar. Abriu um perfil para a recém-lançada marca nas redes sociais e começou a postar em grupos de Facebook —algo ainda bem informal mesmo, só comunicando que estava aceitando encomendas de donuts. O primeiro pedido veio no mesmo dia. "Depois de duas semanas, vendo que o negócio podia dar certo e que eu podia crescer profissionalmente nesse sentido, registrei a marca. O fato de ainda não ter nada parecido por aqui ajudou. Foi crescendo no boca a boca mesmo, sem nenhum investimento de propaganda. Até hoje o boca a boca é o grande aliado do meu negócio", garante a confeiteira.
Para ela, o que "virou a chavinha" e a fez perceber que a coisa estava dando certo de verdade foi a chegada da primeira encomenda corporativa, o que rolou cerca de um ano depois do início da marca. "O pedido veio de uma empresa grande, então entendi que a partir dali seria sério. Eu realmente ia viver de donuts".
Crescimento em meio à pandemia
A chegada da pandemia assustou Roberta —assim como fez com muita gente. "Era tudo muito incerto na saúde, nos negócios. Afinal, era uma situação totalmente atípica", lembra. Mas, cerca de dois meses depois, as encomendas triplicaram. "Muita gente queria presentear quem estava em casa, quem não podia sair. Foi um crescimento absurdo do ano passado para cá. Ganhei mais seguidores nas redes sociais e, logo, mais clientes também."
Os Donuts da Rô são vendidos por unidade, sendo o pedido mínimo de 30 reais. São três opções de tamanho: mini, médio e big, e o cliente pode escolher entre 24 sabores, além de opções personalizadas, como as letras, que são usadas para montar mensagens. Os carros-chefe são o Homer (aquele donut com cobertura colorida, que ficou famoso na animação "Os Simpsons"), Nutella e o Glazed (sem recheio, com cobertura de açúcar cristalizado).
As datas comemorativas são os melhores momentos para as vendas —como a Páscoa ou o Natal—, mas o grande campeão mesmo é o Halloween. "A data não é tradicionalmente brasileira, mas vem se popularizando bastante por aqui e, desde o ano retrasado, é meu ponto alto em termos de datas temáticas. Talvez por ser uma festa gringa as pessoas associem com os donuts, que também é um doce gringo. Invisto bastante nas opções personalizadas e decoro os donuts com temas relacionados à data. Faz bastante sucesso", revela.
Para além do Halloween, as outras datas temáticas também chegam com novidades no cardápio da Roberta. Para o Natal, por exemplo, o destaque são os donuts com biscoitos personalizados em cima, com desenhos de renas e Papai Noel, por exemplo. "Sempre segui perfis de confeitaria nas redes sociais de diferentes doces, muito além dos donuts. Um dia, vendo uma marca de biscoitos, tive essa ideia de cobrir os donuts com biscoito. Esse casamento deu muito certo! No ano passado, dobrei meus pedidos no Natal com essa novidade".
Investimento despretensioso
Roberta não tinha dinheiro guardado para investir quando abriu seu próprio negócio. "Comecei com R$ 120, que gastei com a compra dos ingredientes. Conforme o dinheiro foi entrando, fui investindo em maquinários e utensílios."
Na cozinha de seu apartamento, de onde ela trabalha, foram feitas algumas adaptações, a fim de ter um espaço confortável para manusear os produtos e para manter um estoque, por exemplo. "Hoje minha cozinha é totalmente dos donuts, não é uma cozinha de casa normal", explica.
A confeiteira assume que, atualmente, sua estimativa de ganhos é bem acima da média. "Até me assustei quando tirei os últimos extratos", brinca. No primeiro ano, trabalhando de domingo a domingo, ela faturou cerca de R$ 500 mil —e esse faturamento cresceu em média R$ 100 mil a cada ano. Hoje sua jornada de trabalho é de terça a sábado e a marca é a principal fonte de renda da família.
Planos para o futuro
Desde o início, Roberta atende somente por encomenda —os pedidos devem ser feitos com, no mínimo, 48 horas de antecedência; e aceita, no máximo, 14 pedidos por dia. Mas a partir do ano que vem a ideia é mudar do apartamento para uma casa e, aí, montar uma cozinha totalmente voltada à marca, adaptada à dinâmica de trabalho com os donuts.
Com isso, a empreendedora acredita que conseguirá contratar mais ajudantes —hoje ela conta com o auxílio de uma única pessoa— e também trabalhar com pronta-entrega. "Me pedem produtos a pronta-entrega todos os dias! Com isso, acho que conseguiria até dobrar meus clientes", espera. No momento, ela guarda dinheiro para investir no maquinário para essa nova cozinha. A expectativa é que a mudança aconteça logo no início de 2022.
Com o empreendedorismo, mais liberdade, independência e autoestima
"As mulheres precisam ter sua liberdade financeira —isso não pode ser um tabu. Buscamos pela igualdade, e isso também passa pelo dinheiro", afirma Roberta.
É algo que acaba afetando na autoestima, é claro. Acho maravilhoso eu ser uma mulher negra empreendendo com meu próprio negócio e fazendo sucesso. Participo de grupos de empreendedoras aqui da minha região e essa troca mexe muito comigo. É tão gostoso ver outras mulheres tendo sucesso! Isso me motiva todos os dias.
Agora Roberta quer ensinar a filha que ela pode seguir pelo caminho que bem entender. "Quero que ela saiba que pode empreender, ter seu próprio negócio, fazer sucesso. Acho fundamental mostrar que ela pode seguir na carreira que quiser, mesmo que não seja tradicional, 'de escritório'. Ela pode investir no que ela acredita e, se não der certo, tudo bem. Pode querer outra coisa, investir de novo. Acho que esse é o caminho. É acreditar no nosso sonho."
Como em qualquer rotina profissional, Roberta confessa que tem dias em que está muito animada, "com vontade de abrir 30 empresas", mas, em outros, mal tem pique de levantar da cama. "Mas o legal do empreendedorismo é justamente isso. Não tenho uma rotina fixa, cada dia é uma surpresa. Hoje, eu amo minha profissão. Sinto que é o que eu quero fazer para o resto da minha vida", conclui.
Esse conteúdo é resultado da parceria entre @facebookapp e @universa_uol no projeto #CompreDelas, de incentivo a mulheres empreendedoras.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.