Natasha Olubusayo: jovem dribla doença crônica e desfila três vezes na SPFW
Há pouco mais de três anos, a paulistana Natasha Olubusayo pisou pela primeira vez na São Paulo Fashion Week, para assistir a um desfile da Apartamento 03 a convite da marca. Na época, aos 14, ela sonhava com a carreira de modelo enquanto passava por terapia no Instituto de Tratamento do Câncer Infantil para ajudar com as dores causadas pela anemia falciforme, doença crônica que afeta suas hemácias e, consequentemente, a oxigenação das células do seu corpo.
Nesta semana, aos 18 anos, ela volta ao maior evento de moda do país, mas como modelo, na passarela de três grifes nacionais: Aluf, Apartamento 03 e Lenny Niemeyer.
Universa conversou com Natasha, por telefone, um dia depois de seu primeiro desfile, que aconteceu de forma virtual, e dias antes de a modelo cruzar as passarelas nas apresentações da Apartamento 03, neste sábado (20), e de Lenny Niemeyer, na tarde de domingo (21), em Niterói (RJ).
"É muita ansiedade, expectativa. É uma grande realização estar na São Paulo Fashion Week, ainda mais desfilando para a mesma marca que eu vi pela primeira vez no evento. É o fechamento de um ciclo", diz.
A vontade de atuar no mundo da moda acompanha Natasha, que nasceu em Osasco, na região metropolitana de São Paulo, desde a infância:
As pessoas me paravam na rua e diziam que eu deveria ser modelo, mas esse não parecia um sonho possível para mim, eu sentia que não era parte da minha realidade.
Mas, por causa da doença, ela nem imaginava que o sonho se tornaria realidade. Afinal, desde os 8 meses de idade, a jovem enfrenta uma rotina disciplinada de consultas, remédios e tratamentos.
"Até os meus 11, 12 anos, eu vivia internada. Podia estar bem por três, quatro meses, e precisar voltar ao hospital. Nessas recaídas, eu sentia muitas dores e precisava ficar internada. Mesmo depois de ter alta, demorava para ficar totalmente recuperada. Por isso, eu vivia sempre perto dos hospitais e dos médicos que me atendiam. Imagina trabalhar desse jeito? Estar vivendo meu sonho, cheia de desfiles, e ter uma recaída?"
Além disso, por ser uma menina preta e periférica, eu sabia que seguir a carreira de modelo em vez de fazer uma faculdade, buscar uma profissão mais segura, era arriscar muitas coisas.
"Mas o mundo da moda, de forma geral, está muito mais diverso. É muito gratificante ir a um desfile e ver mulheres negras, trans, gordas, deficientes. Essa diversidade é muito importante".
Naomi Campbell era única referência
"Enquanto eu crescia, uma das únicas referências de modelo preta era a Naomi [Campbell, britânica, hoje com 51 anos]. Se não existisse a Naomi, quantas modelos pretas mais jovens nem pensariam em ocupar esse lugar?"
O começo da carreira
A carreira de modelo começou a deixar o campo da imaginação para se tornar realidade em 2018, quando Natasha tinha 14 anos.
"Uma das minhas médicas comentou com a equipe de comunicação do hospital que tinha uma paciente que queria [ser modelo], que tinha esse perfil e que seria legal realizar esse sonho. Assim, a equipe conseguiu um convite e me levaram para o desfile [da marca Apartamento 03]. Tive oportunidade de entrar no backstage, conhecer o estilista, ver vários famosos que eu só conhecia pela TV", lembra a modelo.
Na ocasião, ela também fez seu primeiro book, totalmente gratuito, com a ajuda dos profissionais do hospital, e passou a integrar uma agência de modelos. "Fiz aulas de passarela, de postura, corri atrás da emancipação e fiz meus primeiros castings, até fazer minha estreia na Casa de Criadores e na SPFW, em 2019", lembra.
Naquele mesmo ano, Natasha fez duas edições seguidas da revista "Vogue", pouco antes da chegada da pandemia, que obrigou a new face a passar sete meses longe das câmeras e das passarelas.
Em 2021, os compromissos profissionais foram voltando ao normal: Natasha voltou a fazer castings, algumas campanhas de beleza, até ser escolhida para os três desfiles desta temporada da Semana de Moda paulistana.
Ainda existem algumas coisas às quais preciso me atentar. Não posso passar muito frio, tenho de tomar sempre meus remédios, sem eles eu não fico bem, e cuidar da alimentação, porque preciso estar sempre forte.
"Hoje eu estou muito bem para fazer viagens e continuar correndo atrás do meu sonho", fala. O maior deles? Carreira internacional.
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