1ª mulher presidente da OAB-SP é neta de compositor e atua por inclusão
Pela primeira vez, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo terá uma mulher na presidência: a advogada criminalista Patricia Vanzolini. Eleita pela maior seccional da entidade do país, com 350 mil advogados inscritos no Estado, ela estará à frente do triênio 2022-2024. No início da tarde desta sexta (26), faltavam apenas 13 urnas das 1.014 para serem apuradas.
Doutora em Direito Penal pela PUC, Patricia é professora da Universidade Mackenzie, em São Paulo, e de cursinhos para o exame da Ordem no Damásio Educacional. Com 49 anos, mãe de duas meninas, Sofia e Priscila, casada, ela chega ao posto após 89 anos de existência da entidade.
Presidente da OAB-SP é uma mulher: perfil
Patricia Vanzolini disputou a presidência da OAB-SP pela chapa "Muda OAB/SP". Até a manhã desta sexta-feira (26), ela tinha 35,80% dos votos. Em segundo lugar (32,79%), está a chapa Conexão e União, do advogado cível Caio Augusto Silva dos Santos, que tentava a reeleição.
No Twitter, a advogada comentou sobre a vitória.
Entre as propostas de Patricia estão as eleições diretas para a OAB Nacional (atualmente a escolha é feita pelos conselheiros federais), igualdade de tratamento de advogados e agentes judiciários nos espaços da Justiça e criação de políticas de inclusão e diversidade, com, por exemplo, a ideia de um Núcleo de Estudos e Práticas em Equidade Racial.
Em 2018, a advogada concorreu à vice-presidência da OAB-SP. Sócia do escritório Brito e Vanzolini Advogados Associados com o marido, o também advogado Alexis Couto de Brito, ela já foi vice-presidente da Associação dos Advogados Criminalistas de São Paulo.
Patricia é mãe de duas meninas, uma delas adotada, tema do qual já falou nas redes sociais. É neta do compositor Paulo Vanzolini, famoso por compor "Ronda" e "Volta Por Cima", morto em 2013.
Em entrevista para a Folha de S. Paulo antes da eleição, a advogada evitou se posicionar ideologicamente no campo político, dizendo que quem está à frente da OAB "tem que permanecer num estado de neutralidade".
"Mulher no espaço que deveria ocupar desde sempre"
Para a coordenadora do Me Too Brasil e colunista de Universa, a advogada Isabela Del Monde, o mandato de Patricia precisa dar conta da "pluralidade da advocacia".
"Todas as mulheres estão contentes com essa vitória pelo ineditismo, por ser a primeira presidenta da OAB. Agora, é acompanhar", explica, comentando que manteve o apoio a outra chapa que concorria à gestão, em que presidência e vice-presidência seriam ocupadas por mulheres.
"Ela vem com um vice-presidente [o advogado criminalista Leonardo Sica]. E a expectativa é que seja uma gestão democrática, pró direitos humanos, antirracista, contra o machismo e a LGBTfobia e seja capaz de dar conta da pluralidade da advocacia".
A advogada criminal Priscila Pamela dos Santos aponta que a nova gestão tem a possibilidade de tornar a OAB mais inclusiva. "É uma esperança de que se olhe para todas as pessoas e que a instituição de classe deixe de ser extremamente masculina e branca", opina.
É triste que tenhamos esperado por tantos anos para que a igualdade da mulher fosse reconhecida, mas é uma forma de mudar o mais do mesmo e de colocar a mulher no espaço que deveria estar ocupando desde sempre.
Para ela, esse é um resultado de expressão também do movimento feminista na área da advocacia. "É ainda tímido, é triste ter esse ineditismo agora, mas o avanço está acontecendo."
Eleições com novas regras de equidade de gênero
A eleição de Patricia acontece no primeiro ano em que passou a valer resolução de equidade de gênero e cota racial aprovada pelo Conselho no final do ano passado. Com a mudança, as chapas das eleições do Conselho Federal, das seccionais, subseções e Caixas de Assistência devem atender ao percentual de 50% para candidaturas de cada gênero. A cota para pretos e pardos, de 30%, diz respeito à composição das chapas nas mesmas esferas.
Patricia Vanzolini não é a única mulher a ocupar a presidência de uma seccional da entidade. Marilena Indira Winter foi eleita no Paraná, Claudia Prudência, em Santa Catarina, e Daniela Borges, na Bahia.
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