Piloto, noviça e, agora, casada: após fama nas redes, conheça 'prima Cris'
A coordenadora de escola de ensino infantil e fundamental Crislane Costa Viana se uniu em casamento civil com o cartunista Rodrigo Viana no sábado passado (27) e, até onde planejou, a data seria comemorada apenas por familiares e amigos.
Mas um primo da noiva, Matheus, publicou no Twitter uma mensagem sobre a história de vida dela, marcada por mudanças de profissão e de propósito.
Formada em Ciências Aeronáuticas, a "prima Cris", como ficou conhecida na rede social, largou tudo para viver num convento franciscano. Depois de três anos, sentiu que era hora de sair. Conheceu o parceiro em um forró e, na semana passada, se uniram no civil.
A seguir, a moradora de Goianira, a 30 quilômetros da capital Goiânia, conta o que a leva a tantas transformações na vida. "Meu lema é seguir o baile", brinca.
Uma profissão "que imprimisse grandeza"
"Até os 15 anos eu morava na roça com minha família. Quando fomos para Goiânia, comecei a trabalhar de babá, além de estudar. Sempre quis ter alguma profissão que fosse respeitada, que implicasse grandeza. Um dia, vi um cartaz pendurado no poste sobre seguir carreira militar.
Naquela hora, decidi que iria para Aeronáutica. No cursinho preparatório, um professor dizia que, se fosse para ser piloto, era melhor desistir porque só conseguiria quem tivesse indicação de outras pessoas da área.
Atravessei a rua e fui a uma lan house. Entrei no site de uma faculdade para ver cursos e descobri que existia o de Ciências Aeronáuticas na PUC Goiás. Com quase 17 anos, fiz Enem e passei em segundo lugar. A mensalidade era muito cara, então precisei de bolsa integral pelo Prouni.
Na turma eram 60 alunos. Desses, cinco eram mulheres. Caí de paraquedas no ambiente da aviação, que é muito masculino. Então nós precisávamos nos impor. Eu e as meninas ficávamos na frente nas aulas, fazíamos tudo.
Para frequentar a faculdade, eu dividia casa com outros estudantes. Lembro que tínhamos uma escala para cada um dos moradores limpar os cômodos, mas eu cobrava R$ 3, R$ 5 para limpar o banheiro, a cozinha no lugar deles. Nesta época, não conseguia trabalhar e o dinheiro, às vezes, era só para o leite que compraria no outro dia.
"Abracei a vida de pobreza, castidade e obediência"
Trabalhei ainda como diarista e lavando e passando roupa para fora. Só consegui cumprir as horas de voo privado que se exigia para a formação e que são pagas porque minha mãe se aposentou e usamos o dinheiro para cobrir.
Depois de quatro anos de curso, me formei em 2013, mas não consegui trabalhar na aviação, porque não tinha as horas de voo comercial. Voltei a ser diarista, até que arranjei um emprego em uma livraria católica. A vocação religiosa entrou em minha vida. Era 2016.
Encontrei as Irmãs Franciscanas da Divina Misericórdia e passei a viver no convento e depois na fazenda com elas. Não fiz voto de pobreza, como meu primo escreveu no Twitter, mas, quando ingressei aos 23 anos, abracei a vida de pobreza, castidade e obediência.
Alguns amigos que me conheciam da fase festeira da vida não acreditavam na minha escolha, outros pensavam que tive uma desilusão. Parte da minha família apoiava, outra acreditava que era loucura e que eu estava fugindo da realidade financeira e por não ter conseguido um trabalho na aviação. Mas senti um chamado de Deus.
Lá dentro, por três anos, tive alegrias e sofrimentos. Até ali tinha vivido de forma independente, desenrolada, e lá precisava ser obediente. Sentia no meu coração que não era aquele meu caminho. Pedia ajuda a Deus porque sabia que Ele não quer que tenhamos uma vida pesada, com sacrifícios. Percebi que até conseguiria viver lá, mas não seria feliz.
"O que vou fazer da minha vida?" e o forró no meio do caminho
Ao sair do convento, me senti perdida e "encontrada". Não tinha televisão por lá. Não sabia que tipo de roupa usar e, principalmente, me perguntava: "O que vou fazer da minha vida?".
Uma amiga sugeriu uma formação de complementação pedagógica, que é de curta duração, para ser professor. Comecei a ensinar em sala de aula e, hoje, estou no cargo de coordenadora da escola.
Tenho 29 anos e sei que essas experiências me tornaram uma mulher desembaraçada. Não é qualquer coisa que me segura. Para mim, é fácil tomar uma decisão sobre para onde ir.
Conheci Rodrigo, meu marido, por uma providência de Deus. Há pouco mais de um ano, nos encontramos em um forró, em que fui levada por uma colega que trabalhava em um restaurante comigo. Nessa época eu também atuava como motorista de carro por aplicativo. Eu e ele começamos a conversar e brincamos que, desde aquele dia, já estávamos namorando.
Sempre quis ter uma família grande, e nós decidimos que vamos passar o resto da vida juntos. Em maio deste ano começamos a morar na mesma casa e, agora, casamos. Foi apenas no civil, porque ainda estamos esperando um processo de investigação que a Igreja Católica faz quando um dos dois já casou na cerimônia religiosa, caso de Rodrigo.
Agora tivemos uma celebração da palavra. Não podíamos oficializar na Igreja, mas queria que Deus estivesse presente entre nós.
Os planos são focar na carreira e, em breve, ter filhos. Mas vou seguir conforme as coisas vão aparecendo na minha vida. Meu lema é seguir o baile. Pergunto: "É isso que você quer, vida? Então, 'vambora'".
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