Passeata pede prisão de professor acusado de importunação sexual no RS
Estudantes de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, realizaram um protesto na segunda-feira (29) pela prisão de um professor investigado por importunação sexual no Instituto Estadual de Educação Professor Pedro Schneider, o Pedrinho. A passeata, que reuniu cerca de 100 manifestantes, partiu da instituição e foi até a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam).
"Precisamos pressionar a Justiça e os órgãos públicos. Se não fizermos nada, o assediador pode voltar a dar aulas. Pode ser que não no Pedrinho, mas em outras escolas, colocando outras alunas e até mesmo alunos em risco", afirma a diretora da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Gabriela Affonso Frison.
O crime de importunação sexual foi cometido por um professor de história e ensino religioso, de 52 anos, e o caso está sendo investigado pela Polícia Civil. No dia 24 de novembro três alunas denunciaram o educador, que teria mostrado a genitália para uma garota e passado a mão nas nádegas de outra. Uma comissão de estudantes foi formada para organizar novas ações e cobrar providências da Justiça. O educador chegou a ser preso pela Brigada Militar, mas foi liberado em uma decisão do judiciário.
Gabriela diz que alunos de outros colégios da cidade se identificaram com o movimento. "Queremos, a partir do Pedrinho, combater o assédio em outras escolas, envolvendo os estudantes, e marcar uma reunião com a delegada [Michele Arigony] responsável pela Delegacia da Mulher", frisa a diretora, que ressalta a importância da ação. "O professor usou da hierarquia para assediar as meninas. Elas, por sua vez, não souberam num primeiro momento a quem recorrer. Esse tipo de situação é sempre algo que deixa marcas psicológicas e difíceis de tratar."
'É importante denunciar'
A Ubes, segundo Gabriela, realiza campanhas educativas para incentivar as denúncias em caso de abuso ou importunação sexual. "Quando a violência não é física, muitas não sabem se podem ir até uma delegacia. Nós temos campanhas, como Tire seu Machismo da Escola, que ensinam as vítimas como e onde devem recorrer, caso seja preciso. Em São Leopoldo nós temos a Delegacia da Mulher. Não devemos nos calar", reforça. Ela acredita que o medo da incompreensão, da impunidade e a falta de informação faz muitas vítimas se calarem.
O fato que ocorreu no Pedrinho pode incentivar outras jovens a denunciar, na visão da diretora. De acordo com ela, há muitos casos que não são denunciados por receio de quem vive situações de abuso. "É preciso combater a violência antes que ela chegue ao estupro, ao feminicídio. Não é preciso esperar chegar às consequências mais graves. É necessário combater aqui, agora, quando a fala é constrangedora, quando o toque não foi legal. É importante denunciar", enaltece. Gabriela enfatiza que a luta é para mostrar que elas não devem se calar. "Muitas têm a visão de que só é grave quando há marcas, quando são agredidas fisicamente, mas não é assim. Os danos psicológicos são para toda a vida."
O número para denunciar, 24 horas por dia, é o 180 da Central de Atendimento à Mulher, que funciona em todo território nacional. O canal presta escuta e acolhida qualificada às mulheres em situação de violência. A central atende todo o território nacional, gratuitamente, 24 horas por dia.
Violência contra mulheres no Rio Grande do Sul
Dados do Departamento de Planejamento e Integração da Secretaria da Segurança Pública do Rio Grande do Sul mostram que 26.309 mulheres foram ameaçadas no Estado até o dia 5 de novembro deste ano. Outras 1.676 foram vítimas de estupro, incluindo casos envolvendo vulneráveis. Oitenta e três mulheres foram mortas e 210 sofreram tentativa de feminicídio. O mês com maior incidência de todos os crimes relativos a violência contra a mulher, até o momento, foi janeiro.
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