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Jaguariúna: Polícia vê vídeos e ouve amigos de jovem que denunciou estupro

Thiago Varella

Colaboração com Universa, em Jaguariúna (SP)

02/12/2021 14h59

A Polícia Civil informou nesta quinta-feira (2) que ouviu duas amigas e um amigo que estiveram com a estudante universitária Franciane Andrade, 23, na noite de 27 de novembro, durante o rodeio de Jaguariúna (SP). As testemunhas prestaram depoimento na quarta-feira (1º). A investigação acontece após viralizarem vídeos da jovem relatando que, após sentir dores no corpo, ela foi ao médico e descobriu ter sido foi dopada e estuprada durante o festival.

Segundo a polícia, as duas amigas estiveram com a jovem durante o rodeio. Já o amigo se encontrou com Franciane depois do evento. Os nomes das testemunhas e o conteúdo dos depoimentos não foram divulgados já que o caso está em segredo de Justiça. Além disso, durante a noite de quarta, os policiais também analisaram 53 câmeras de segurança do complexo do rodeio, em um total de cerca de 12 horas de filmagens. O conteúdo das câmeras também não foi divulgado.

Nesta quinta, os policiais fizeram diligências por Jaguariúna para localizar mais testemunhas. Os investigadores também devem analisar imagens das câmeras de segurança da cidade. Não há previsão de um novo depoimento de Franciane, que já falou com a Polícia por duas vezes. Ela também realizou um exame de corpo de delito, mas o laudo ainda não ficou pronto.

O caso foi registrado na Delegacia da Mulher de Mogi Guaçu mas foi encaminhado ao município de Jaguariúna - Thiago Varella - Thiago Varella
Caso foi registrado na Delegacia da Mulher de Mogi Guaçu mas encaminhado ao município de Jaguariúna
Imagem: Thiago Varella

Dopada e estuprada

Na terça-feira (30), Franciane Andrade contou por meio de uma série de stories em seu Instagram que descobriu ter sido dopada e estuprada no rodeio de Jaguariúna (SP), na noite do dia 27 de novembro. Segundo o relato da jovem, ela descobriu o que teria acontecido apos sentir dores no corpo. "Não sabia que tinha sido violentada, comecei a sentir dor ontem, e hoje vim ao médico", disse.

"Acabei de correr atrás de B.O., fui no IML [Instituto Médio Legal] em Mogi Guaçu [cidade em que ela reside], fiz um exame, a polícia constatou que houve estupro e não sabe me dizer se foi um, dois ou três [homens]", relatou. De acordo com o registro policial ao qual Universa teve acesso, Franciane disse que estava bebendo na festa com seus amigos e que, depois de certo momento, não se lembra de mais nada. Recorda-se, apenas, de ter acordado no meio da madrugada em uma rotatória, nas proximidades do local onde era realizado o evento.

O caso foi registrado na Delegacia da Mulher de Mogi Guaçu, que confirmou a abertura da investigação a Universa, mas foi encaminhado ao município de Jaguariúna, que irá investigar os fatos daqui para a frente, segundo a delegada Gisele Barbosa Castello. O crime investigado é o de estupro de vulnerável, quando a vítima não tem condições de apresentar resistência.

Amiga afirma ter visto Franciane

Uma amiga de Franciane, que não quis se identificar, contou à reportagem que se encontrou com a jovem durante o rodeio. Elas estavam em camarotes diferentes. A amiga disse que, até aquele momento, durante o show do DJ Dennis, não notou nada de errado com a estudante e ainda tirou uma foto com ela.

Depois que ficou sabendo do caso, a amiga entrou novamente em contato com Franciane, que estava bem abalada. "Ela disse apenas que não estava bem e que se lembrava apenas de uma parte do rodeio. Depois, tudo apagou da cabeça dela", contou.

Organização de rodeio diz que imagens de câmeras de segurança estão sendo analisadas

Por meio de nota, a organização do rodeio afirma que "assim que tomou conhecimento do relato de Franciane Andrade, a organização do Jaguariúna Rodeo Festival entrou em contato com a jovem e com sua família para prestar toda ajuda e suporte necessários". A informação foi confirmada pela vítima em suas redes sociais. Também diz estar "à disposição das autoridades para colaborar com a investigação do ocorrido" e que "já estão sendo analisadas as imagens e os vídeos das diversas câmeras de segurança do festival".

No relato, Franciane afirma que comprou ingresso para um dos camarotes mais caros, justamente para ter segurança. O preço do ingresso era de R$ 199 para estudantes. De acordo com o evento, assim como as demais áreas, o camarote citado pela vítima "possui efetivo robusto de segurança e monitoramento."

Em comunicado divulgado no Instagram, afirmou que está sendo feita uma busca nos registros de imagem "de todas as 53 câmeras espalhadas pelo recinto para que se possa reconstituir o episódio e identificar os culpados". Também esclarece que o "efetivo robusto" se refere a "mais de 400 seguranças treinados e com registro na Polícia Federal para preservar a integridade dos clientes".

Franciane foi procurada pela reportagem por telefone, WhatsApp e e-mail, mas não respondeu ao pedido de entrevista até a publicação deste texto. As advogadas da jovem também foram procuradas e não se manifestaram.