Pegação? F.O.D.A.? O que a Farofa da Gkay diz sobre relações pós-pandemia
A influenciadora digital Gessica Kayane, a Gkay, completou 29 anos na última sexta-feira (3) e, para celebrar a data, a comediante reuniu vários convidados famosos para três dias de festas e shows, de domingo a terça-feira, em Fortaleza. O evento se chama "Farofa da Gkay" e acontece desde 2017.
Não deu outra: com tanto famoso por metro quadrado, nos últimos dias a festa foi o principal assunto das redes sociais. Os convidados (principalmente aqueles que estavam solteiros) aproveitaram a Farofa do começo ao fim, e uma chuva de vídeos de "casais improváveis se pegando" passou a circular na internet.
A ex-BBB Viih Tube foi uma das convidadas que mais curtiram a festa e o nome da youtuber chegou aos Trending Topics do Twitter depois que ela foi flagrada, na mesma noite, trocando beijos com o humorista Isaías e com Lipe Ribeiro, ex-participante do "De Férias Com Ex". E tá errada?
Mas Viih Tube não foi a única que aproveitou a festa em alto estilo. Thaís Braz, Valesca Popozuda, Kefera, o influencer Álvaro e outros famosos também foram flagrados aproveitando a noite. O clima fervoroso de paquera, contudo, levanta um questionamento sobre o futuro dos relacionamentos no período pós-pandemia: afinal de contas, superamos o medo de encontros (o F.O.D.A.) e agora queremos pegação? Ouvimos especialistas para entender.
Cadê o F.O.D.A.?
Especialistas acreditavam que, por causa do isolamento social, muitas pessoas teriam desaprendido a se relacionar novamente. Esse sentimento ganhou até nome —F.O.D,A. (fear of dating again, ou, em português, "medo de se relacionar novamente"). Só que a Farofa veio aí para provar que esse não é bem o caminho.
Para Carol Tilkian, comunicadora e pesquisadora de relacionamentos e criadora do canal "Soltos", as pessoas estão com tesão acumulado e agora —graças à vacina— podem paquerar ao vivo. "Por mais que tenhamos nos adaptado a flertar online, nada substitui um olho no olho", pondera Tilkian. A assessoria de Gkay informou que todos os convidados foram testados e realizaram testes na entrada do evento.
Carol acredita que a pegação frenética da "Farofa" pode ser explicada pelo medo de que a pandemia volte a piorar e festas como carnaval e réveillon sejam canceladas. "Mais do que vontade de 'tirar o atraso' as pessoas estão tendo um respiro de esperança e com medo de que essa alegria dure pouco. Elas estão aproveitando enquanto podem", fala Tilkian.
A psicóloga e psicanalista Lais Sellmer concorda com Carol: "As pessoas ficaram reclusas durante muito tempo, mas as necessidades sexuais permaneceram. Essa festa mostra o quanto as pessoas querem estar com outras".
Viih Tube representa muitas de nós
Se há algum tempo era impensável que uma mulher beijasse mais de uma pessoa por noite, a performance de Viih Tube na festa mostra que estamos conquistando cada dia mais independência. "Já faz algum tempo que nós, mulheres, provamos que podemos beijar por beijar. O que ela fez não é novidade, e acho legal reverberar positivamente o comportamento de mulheres que lidam bem com o próprio desejo e com as próprias vontades."
É preciso derrubar o estigma de que toda mulher quer namorar e de que todo homem é cafajeste.
Carol Tilkian, criadora do canal 'Soltos'
Mas Lais frisa a importância de cada pessoa identificar as próprias necessidades e limites, para não repetir comportamentos apenas por medo de ficar de fora das tendências. "Cada um precisa seguir o próprio tempo, não é porque todo mundo está pegando todo mundo que você tem que fazer também."
Tilkian concorda: "É preocupante que a gente volte a se jogar na pegação com medo de ser excluído ou de estar perdendo algo (olha o F.O.M.O. aqui!). Se você ainda não está se sentindo confortável para ficar com alguém, não beije. Não deixe que essa onda ultrapasse os seus limites".
Além disso, a criadora de conteúdo também faz uma observação importante sobre os riscos emocionais que a "pegação desenfreada" pode causar, quando feita para suprir carências e dependências emocionais. "A gente precisa lembrar que o consumismo amoroso pode trazer malefícios. Na pandemia, passamos a valorizar as relações significativas, já que relações rasas podem causar problemas."
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